Economia Circular: entenda sua importância
Por Ana Beatriz Ferreira* Pensar os processos de relacionamentos entre seres humanos, consumo, meio ambiente, sociedade e economia de forma cíclica, que tenha a preservação dos recursos e o bem-estar como objetivos finais, é o que caracteriza a economia circular. Diferentemente de uma economia linear, como o modelo com que a sociedade está mais habituada hoje, em que os processos de extração, transformação, consumo e descarte geram um volume gigantesco de resíduos no planeta, a circularidade busca o reaproveitamento dos recursos, que se tornam matéria-prima para novos produtos e materiais. Quer saber mais sobre o conceito e entender a importância dele diante dos desafios climáticos e ambientais que enfrentamos em comunidade? Continue a leitura a seguir! Vantagens da economia circular em relação à economia linear Ao falar em economia linear tradicional, o incentivo ao consumo desenfreado, sem pensar em soluções para reaproveitamento dos materiais e reciclagem, faz com que o meio ambiente sofra impacto direto, tornando-se reservatório de lixo e de embalagens que não tiveram planejamento para integrarem uma cadeia cíclica. A economia circular, por outro lado, de acordo com informações da Ellen Macarthur Foundation, “constrói capital econômico, natural e social”, baseada na eliminação de resíduos desde o início da produção, na manutenção de produtos em uso e na regeneração de sistemas naturais. Ela funciona, assim, como um convite à reflexão e à mudança de perspectivas para gerar novas oportunidades econômicas e assegurar um espaço socioambiental equilibrado, em que as atuais e futuras gerações possam se desenvolver em sinergia com o meio ambiente. Ação ligada ao “Novembro Consciente”, em que cada compra na nossa loja representou uma nova muda plantada na Mata Atlântica. Fotos: Positiv.a/Acervo Como colocar a economia circular em prática Pensar em circularidade envolve também temáticas como bioeconomia e Cradle to Cradle, uma ideia que, traduzida para o português, pode ser chamada de “do berço ao berço”. Concebida pelo arquiteto americano William McDonough e pelo engenheiro químico alemão Michael Braungart, ela preconiza a lógica em ciclo de criar e reutilizar produtos, um desafio para empresas que começam a se desenvolver e buscam um modelo de negócios viável, apoiado por impacto positivo. Para quem não está à frente de um negócio, ainda assim, é possível apoiar iniciativas circulares e consumir delas a fim de mudar comportamentos de mercado e multiplicar práticas de consumo consciente. Para isso, listamos algumas dicas: Evitar ou minimizar o consumo de produtos que usem plástico virgem, na composição ou em suas embalagens. Dar preferência a pequenos produtores e a negócios locais, que tenham logística é uma forma de operar ainda mais circular. Conhecer as origens do que consome, buscando por certificações da empresa, a fim de se informar sobre suas práticas e garantir que seja um negócio transparente. Na positiv.a, algumas certificações de relevância, nesse caso, são o selo de Agricultura Familiar, certificação juntamente ao Sistema B e o compromisso com a Ellen Macarthur Foundation. Informar-se a respeito das políticas afirmativas de diversidade, assegurando que não somente a empresa tenha um compromisso ambiental, mas também responsabilidade social. Dar os primeiros passos rumo a essa mudança pode ser desafiador, mas é certo que é imprescindível para garantir que a transformação esteja em curso. Para convidar mais pessoas a conhecerem e a refletirem sobre economia circular com você, não deixe de compartilhar esta publicação em suas redes sociais! *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a.
Um Brasil de lutas e esperanças
Por Amanda Vargas* Representação indígena no poder político. Este é o espaço que Sonia Guajajara e Célia Xakriabá irão reforçar no Congresso Nacional brasileiro. Estas duas mulheres indígenas foram eleitas Deputadas Federais nas eleições políticas que aconteceram em 2 de outubro. Perante a possibilidade da reeleição de Jair Bolsonaro, ambas apelam a uma força tarefa para sensibilizar os brasileiros sobre o futuro fascista que se prevê. Para as duas líderes indígenas, a eleição do candidato Lula no segundo turno é a esperança de que a democracia seja mantida, e que as questões ambientais e dos povos indígenas sejam honradas. Leia abaixo a entrevista com as duas deputadas eleitas: Sonia Guajajara é originária da Araribóia, Terra Indígena no Maranhão. No entanto, ela se candidatou a Deputada Federal pelo estado de São Paulo por sua enorme responsabilidade na preservação dos biomas brasileiros, especialmente da Amazônia, devido ao seu poder econômico. A sua candidatura foi estrategicamente alinhada com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, que viu nela a oportunidade de ter uma representante dos povos nativos num lugar de destaque na política nacional. Esta é a primeira vez que São Paulo elegeu uma mulher indígena, e Sonia sabe da responsabilidade que tem nas suas mãos. Como se sente agora que foi eleita Deputada Federal? Estou extremamente feliz e orgulhosa por ver que São Paulo respondeu ao apelo por aldear a política. Os meus eleitores elegeram-me para honrar a missão de trazer ao Congresso a força e a ancestralidade dos povos indígenas. Farei com que todos os votos tenham valido a pena, e não pouparei esforços para garantir a demarcação das terras indígenas, a proteção da Mata Atlântica, da Amazônia e de todos os biomas brasileiros, defendendo a agroecologia para combater a fome e garantir alimentos sem veneno no prato de cada brasileiro. Finalmente, sinto-me muito feliz e orgulhosa por saber que hoje faço parte do grupo de mulheres que ocupam um lugar no Congresso Nacional lutando pela mãe de todas as lutas: a luta pela Mãe Terra! A minha candidatura teve sempre o objetivo de cumprir este papel que a história nos atribuiu – o de não realizar um projeto pessoal, mas sim trabalhar como um agente histórico empenhado num projeto coletivo. Faz parte dele aumentar o número de representantes indígenas no Congresso Nacional. E nosso objetivo é trazer nossas vozes, reivindicações e contribuições para a construção de um futuro mais democrático, plural e verdadeiramente comprometido com as necessidades reais do povo brasileiro. Por que a representatividade política dos povos indígenas é mais relevante do que nunca? Respeito os diferentes modos de vida, mas compreendo que o modelo econômico atual, feito por não indígenas, é completamente predatório. Por isso é importante respeitar os direitos indígenas, que são intrinsecamente ligados ao meio-ambiente. Só assim podemos garantir o futuro, porque os povos nativos são 5% da população que cuidam de 80% dos biomas do planeta. Estes são dados da ONU, subestimados mesmo por especialistas. Temos uma emergência climática! Trata-se de lutarmos hoje, de nos envolvermos hoje, porque a representação indígena nos partidos políticos é necessária para termos uma voz na mesa de decisão. Quais projetos de regenerabilidade ambiental você pretende aprovar no Congresso? Temos muitas ideias, mas primeiro precisamos enfrentar o Congresso Nacional, que é altamente conservador e desenvolvimentista. Sabemos que a grande maioria dos senadores e deputados eleitos continuarão a aprovar a legalização da destruição através do acesso e exploração dos territórios indígenas. O que é necessário agora não são ideias, mas sim a articulação contrária a esta postura. É fortemente necessária a criação de um espaço que promova uma nova consciência política e ambiental – seja no Congresso, seja na sociedade. O resultado das eleições nos mostra que a sociedade brasileira ainda não está preparada para essa mudança, que é também necessária fora do Parlamento. Percebo a necessidade de que a sociedade se torne mais consciente e mais responsável pela vida e pelo futuro. Estamos apenas plantando uma semente, e não adianta sonhar que vamos mudar esta situação a curto prazo. Estamos plantando uma semente, para que no futuro possamos colher uma nova consciência humana sobre o que é realmente urgente e destrutivo para o planeta e para os seres humanos. Nós, povos indígenas, fomos eleitos para enfrentar e contrapor o atual Congresso, que é completamente retrógrado, e precisamos do apoio da sociedade brasileira. Sabemos que você apoia o candidato Lula e, se ele for eleito, estas questões certamente serão discutidas. Mas que cenário você prevê para o Brasil se o candidato Jair Bolsonaro vencer as eleições presidenciais? Estarei no Congresso, portanto, continuarei plantando a semente da Bancada do Cocar e enfrentaremos no Palácio do Planalto. Não tenha dúvidas sobre isso. Mas não temos como prever se poderemos ou não validar projetos com impacto socioambiental positivo, caso Jair Bolsonaro vença. Descobriremos no caminho. Sabemos que no Congresso há uma base aliada a ele com grande força, à qual certamente nos oporemos traçando caminhos para uma maior consciência e responsabilidade socioambiental. Mas não há como prever o que pode ou não acontecer. Continuaremos a defender aquilo que acreditamos. Qual é o seu maior envolvimento no apoio a Lula neste segundo turno das eleições presidenciais? Nosso comitê já está organizado para servir de apoio à eleição de Lula como Presidente e Fernando Haddad como Governador do Estado de São Paulo. As Casas Cocar estão organizando atos públicos com parlamentares eleitos do PSOL, a fim de sensibilizar a população para se engajar nesta campanha política em prol de uma verdadeira democracia. Vemos isto como uma co-responsabilidade para um novo projeto governamental. Qual é sua mensagem para as pessoas que estão escolhendo votar em Bolsonaro? É essencial que o povo brasileiro vá às urnas neste segundo turno para eleger Lula. É urgente pôr um fim a este período tão sombrio da história da nossa democracia. A luta dos povos indígenas vai além do processo eleitoral, nossa luta é permanente. É por isso que apoiamos fortemente votar em Lula, para garantir nosso direito de permanecer mobilizados sem que
Tecnologia a favor do diagnóstico social
Por Felipe Gregório* Nunca na história da humanidade se presenciou tanta solidariedade como desde o início da pandemia de COVID-19. E mesmo que o altruísmo esteja presente no coração e nas intenções de muitos, será que podemos dizer que as entregas para a parcela mais vulnerável de nossa sociedade apresentam a assertividade necessária? No início da crise pandêmica, a Florescer Brasil, empresa socioambiental de impacto e membro da Comunidade CIVI-CO, sentiu isso na pele. Frente à demanda por distribuição de cestas básicas em áreas de alta vulnerabilidade social, seus colaboradores se depararam com a resposta para perguntas como essa. Isso porque muitas das famílias as quais eram destinadas as doações sequer dispunham de acesso à água encanada em suas residências para o devido preparo dos alimentos. E foi aí que ouvimos um click! App Florescer Após dois anos de estudo, desenvolvimento, validação, aprimoramento e cocriação junto às próprias comunidades, nasceu o projeto do aplicativo Florescer (App Florescer). Partindo da prática da escuta ativa, a aplicação apresenta-se como uma plataforma social – Social as a Service (SoaS), conceito criado pela empresa – de identificação e resolução das principais dores das comunidades. Acessível via aplicativos móveis e website, a iniciativa tem como objetivo principal escutar e entender o que de fato a favela precisa, criando assim mecanismos de conexões e apresentação de soluções para essas localidades, sempre propondo a transformação de dentro para fora. Legenda: Aplicativo da Florescer identificará as principais dores das periferias brasileiras. Foto: Florescer Brasil/Divulgação Analisando o impacto Todo o acompanhamento da plataforma, assim como transparências, métricas e afins, é apresentado em tempo real para os parceiros e stakeholders. A equipe Florescer Brasil realiza a gestão do app através de um painel administrativo (backend) onde novas comunidades e prestadores de serviços (ONG’s, Institutos, lideranças e líderes de grupos) podem ser cadastradas. Legenda: Apresentação do aplicativo para representantes das comunidades. Fotos: Florescer Brasil/Divulgação A iniciativa surge não só em um momento chave de nossa sociedade e da luta por uma maior igualdade de classes, mas também pela importância da realização de um diagnóstico social, trabalho já realizado anteriormente em todas as ações e implantações da Florescer Brasil, agora na palma da mão das pessoas. Nosso propósito é realizar entregas mais assertivas e perenes, imprimindo maior sustentabilidade em todas as etapas do processo de impacto. Isso é responsabilidade socioambiental, isso é Florescer Brasil! *Fundador da Florescer Brasil.
Protagonismo antirracista no 4º Cannabis Thinking
As vozes das pessoas negras foram o legado mais importante da quarta edição do Cannabis Thinking. As mesas e painéis dialogando com a proposta de tornar acessível os impactos socioambientais gerados pela cannabis trouxeram a diversidade necessária para se repensar e questionar a guerra às drogas, que mata e encarcera muitos jovens negros. As falas potentes chamaram a atenção para o caráter racista existente no proibicionismo da cannabis e apontaram, principalmente, para um futuro onde as pessoas pretas sejam incluídas e protagonistas nesse cenário de uma possível legalização, podendo ter acesso aos produtos e também empreender neste segmento. Mesmo existindo uma forte ligação na disseminação da cannabis pelo mundo, as pessoas pretas ainda sofrem com as consequências do proibicionismo. O ecossistema de negócios de cannabis ainda possui poucos negros envolvidos e em posição de liderança, estando fora até mesmo da cadeia de consumo, já que os produtos ainda são muito caros e inacessíveis para a população brasileira. “Temos avançado muito na luta contra o racismo e a desigualdade racial e não podemos deixar que essas injustiças contra jovens negros continuem acontecendo. Acredito que as regulações para o cultivo da cannabis podem gerar emprego e renda para a população negra que sofre com criminalização das periferias”, pontuou José Vicente, Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares. A educação também foi um fio condutor destes encontros, pois é necessário repensar e utilizar a ciência e o conhecimento para desmistificar o preconceito e racismo existente em torno da cannabis. Por isso, a presença de educadores foi essencial nesta edição, que contou com nomes como o Reitor José Vicente, a pesquisadora Simone Eduardo e a educadora Janine Rodrigues, fundadora da Piraporiando. Vivência “Quando se fala de acesso no Brasil a gente ainda está falando em privilégios. Temos poucas pessoas com esse privilégio do acesso”, Janine Rodrigues. Membro da nossa Comunidade e coordenadora do Hub de Educação do CIVI-CO, Janine mediou um painel com a presença de Marcelo D2, músico, ativista e empreendedor da cannabis, que compartilhou sua vivência e sobrevivência em uma sociedade preconceituosa. “Falo como jovem favelado que sentiu na pele as dores da ilegalidade e montou uma banda para falar sobre isso e, na época, não sabia onde eu estava me metendo. Nunca pensei estar aqui hoje debatendo esse assunto. Mais do que um defensor ou ativista eu sempre me coloquei no papel de usuário e é muito interessante ver o quanto a gente avançou”, comentou D2. Judiciário O evento também foi um solo fértil para demandas legislativas e judiciais, com a presença de grandes figuras políticas e advogados, mostrando como essa luta da descriminalização da cannabis deve acontecer em múltiplas frentes. “A palavra maconha ainda tem essa carga ideológica, em um país extremamente conservador onde não se abre para discussão. Nas esferas do poder também há essa limitação. Não vemos no poder legislativo esse debate, não vemos o poder judiciário uma disposição para vencer esse preconceito”, ressaltou o Rogerio Schietti, ministro do Superior Tribunal de Justiça. Função social e acesso A parceria do Cannabis Thinking com a Universidade Zumbi dos Palmares rendeu duas grandes inovações e ferramentas para o combate ao racismo na nossa sociedade, utilizando o potencial mercado natural para seguir as metas de sustentabilidade corporativa, atualmente representadas pela sigla ESG (Environmental, Social and Governance). A Universidade falou sobre alguns projetos que já estão em prática. O primeiro deles é o programa Racismo Zero, ferramenta de combate do racismo através da educação. O segundo é a plataforma Acolhe, que busca identificar e ajudar as vítimas do racismo, inclusive com um projeto de utilização dos benefícios da cannabis para auxiliar nos traumas de vítimas de preconceito racial. O legado da quarta edição do Cannabis Thinking vai ecoar pela história, pois olhamos para o passado, buscando não repetir os erros e assim construir, juntos, soluções para um futuro transformador, mais inclusivo e com acesso à direitos iguais para todos e todas.
3 dicas para adotar produtos ecológicos em comunidade
Você talvez já tenha tido seu interesse despertado para começar a usar produtos ecológicos em casa, mas ainda esbarra na limitação de quantidade ou até mesmo na adesão das pessoas que fazem parte da sua comunidade? Esse é um desafio comum, mas dá para resolver! Começar uma jornada positiva rumo ao uso de mais produtos ecológicos na rotina, seja na limpeza ou no autocuidado, é mesmo desafiador, mas é um daqueles caminhos que despertam consciência ambiental e podem inspirar de verdade as pessoas ao redor. Está em dúvida de como fazer com que essa prática se multiplique em comunidade? Vem ver algumas dicas que a gente preparou! 1. Faça trocas aos poucos Sabe aquela esponja de plástico na cozinha da família que fica uma eternidade na pia, bem suja? Além de ela não ser higiênica, essa esponja tem microplástico e demora centenas de anos para se decompor. Em um período de apenas uma semana, as esponjas acumulam milhares de microrganismos e são destinadas ao lixo comum. Se sua família troca a esponja sintética uma vez por semana, são cerca de 52 por ano. Multiplique isso pela população da cidade, do estado, do país… É um número bem alto, certo? Que tal trocar pela bucha vegetal? Feita de um fruto e totalmente orgânica, ela pode ser compostada após o seu uso. Enquanto estiver em utilização, para tirar os restos de comida, é só fervê-la! Aos poucos, passe a trocar o detergente por um lava louças ecológico. Introduza sua família ou seus companheiros de casa a um lava roupas natural e resgate também a sabedoria de outros produtos que a gente já conhece bem, como o sabão de coco. 2. Escolha tamanhos grandes Um dos argumentos mais utilizados para dizer que é inviável trocar produtos tradicionais pelos ecológicos é o fator preço. Essa explicação, no entanto, não se sustenta. Ao pensar no custo-benefício, na durabilidade e no bem proporcionado à natureza, só se tem a ganhar! Para incentivar a comunidade e, claro, economizar, a dica é escolher tamanhos grandes. Em vez de embalagens de 1L, que tal optar por um galão de 5L? Em vez de unidades, que tal buscar por caixas com mais produtos, de acordo com a demanda que sua comunidade tem? Sem exageros, claro! 3. Compartilhe conhecimento A jornada ecológica é um caminho imperfeito, de aprendizado e de trocas que acontecem pouco a pouco, mas que visam sempre o benefício da natureza e da comunidade com que a gente convive. Pensando nisso, compartilhar conhecimento faz toda a diferença! Dar bons exemplos em relação à reciclagem, demonstrar os impactos que pequenas atitudes podem ter e, claro, consumir conteúdo de fontes confiáveis, dividindo esses saberes, faz com que a escolha por produtos ecológicos seja cada vez mais coletiva. Sozinhos somos gotas. Juntos somos oceano. E você, tem alguma dica para adotar produtos ecológicos em comunidade? *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a
A descentralização do saneamento
Por Felipe Gregório* O saneamento no Brasil é básico. O jogo de palavras comumente ouvido nas rodas de conversa sobre o setor reflete a realidade de um país que esqueceu de se preocupar com o, permita-me a redundância, básico. Números oficiais apontam 35 milhões de habitantes sem acesso à água encanada em casa e mais de 100 milhões de pessoas sem esgoto coletado no país. A temática, e suas dores, que ficaram em pauta no início de 2020, data que coincide com a chegada da COVID-19 no Brasil, evidenciou ainda mais a preocupação com questões ligadas diretamente à saúde da população. Com aprovação da Lei nº 14.026/2020, atualizou-se o chamado Marco Legal do Saneamento Básico, que tem como metas garantir que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto até 2033. Não falta água, falta acesso Em um país de dimensões continentais e com histórico de desvio de recursos no mínimo duvidoso, levar redes de coleta e tratamento para quase toda a população tem sido mais um desafio no que tange a transparência das superfaturadas obras enterradas e, consequentemente que ninguém vê, de infraestrutura básica. Moradores de Congós (AP) recebem saneamento básico da Florescer Brasil Fotos: Florescer Brasil/Divulgação Somam-se a isso números que quase não chegam ao conhecimento público, como os mais de 60 mil boletins de ocorrência registrados nos últimos cinco anos por conta de disputas pela água – média de pelo menos 30 ocorrências diárias. Água esta que apesar de abundante em nosso território, uma vez que o Brasil detém a maior reserva de água doce do mundo, com 12% do volume total, vem sofrendo cada vez mais com ações irresponsáveis do próprio ser humano, sobretudo na descarga de contaminantes em corpos hídricos. Assim, a recarga de lençóis freáticos, fonte de água doce para muitas famílias brasileiras, vem sendo a cada dia mais comprometida. Estima-se que aproximadamente 70% da água do país seja destinada para atividades agrícolas, sejam elas de subsistência ou para engordar, no caso hidratar, o “pop” agro. Parte importante dessa recarga é proveniente de efluentes de esgotamento sanitário e, para ajudar a sanar este problema, o uso de tecnologias sociais para o tratamento de esgoto descentralizado vem sendo pluralizado no país. Na prática Entende-se aqui por descentralizado: tecnologias que não absorvem volumes provenientes de várias casas ou bairros ou, ainda, não conectadas às redes coletoras. É neste cenário que empresas também sociais como a Florescer Brasil vem contribuindo. Há mais de três anos atuando no setor e presente em 12 estados, a Florescer já doou e instalou mais de 200 unidades sanitárias individuais. As USI’s, como são conhecidas, contribuem efetivamente para que o volume do efluente tratado seja retornado à natureza livre de contaminantes. Foi o que se viu por exemplo em Coité, distrito de Mauriti, cidade há cerca de 90 km de Juazeiro do Norte (CE). Lá, com apoio do Magazine Luiza e da Caloi, a Florescer doou 15 unidades de tratamento para famílias dos vilarejos que são assistidos pela ONG Amigos do Bem. Florescer leva esgotamento sanitário para família de vilarejos de Coité (CE) Fotos: Florescer Brasil/Divulgação Já no Pico do Jaraguá (SP), seis núcleos de aldeias indígenas de etnia Guarani recebem regularmente as USI’s para tratamento adequado de seu esgoto. Ao todo, o projeto de reestruturação sanitária que a empresa social desempenha na região visa implantar 45 unidades, das quais 7 já se encontram in loco. E não são apenas áreas remotas que recebem a tecnologia. No recém-inaugurado Parque Linear Bruno Covas, 11 unidades dos equipamentos foram encomendadas para o tratamento descentralizado, das quais 3 já foram instaladas. No local, inacessível para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a tecnologia provou ser funcional não apenas em áreas remotas. A descentralização do saneamento trouxe versatilidade e esperança para nossa população. Texto publicado originalmente na Folha de S.Paulo. *Arquiteto, urbanista, ambientalista e fundador da Florescer Brasil.
CIVI-CO Mag #2: Gente de verdade
A segunda edição da CIVI-CO Mag é mais do que uma revista digital, é um convite para uma viagem por um Brasil feito por “gente de verdade”. Vamos embarcar juntes nesta jornada de impacto? Seja no meio do oceano preservando a vida marinha ou no meio da floresta aprendendo conhecimentos ancestrais amazônicos, nós queremos dar protagonismo para as pessoas que transformam positivamente o mundo. A solução para os desafios do planeta deve ser um esforço conjunto, onde todos os conhecimentos se unem de forma simbiótica, encontrando respostas que apontem para um futuro mais sustentável, diverso e igualitário. Por dentro O fio condutor desta edição é a sustentabilidade. Trouxemos histórias de agentes de transformação descentralizada, que encontraram soluções sustentáveis e estão obtendo resultados positivos. Visitamos pessoalmente a bioeconomia amazônica praticada na comunidade do povo Paiter Suruí, localizada no município de Cacoal (RO). Entrevistamos Ângela Mendes sobre soluções para a violência na Amazônia. Conversamos com as Vozes dos Oceanos e aprendemos a praticar o ESG do jeito certo com a Nossa Terra Firme. Tudo isso e muito mais com a ajuda dos nossos parceiros e colaboradores da Comunidade CIVI-CO: SSIR Brasil ; Nossa Terra Firme; Impact Beyond; Labor Educacional; Rede Reforma; Humanitas 360; G10 Favelas; Voz dos Oceanos; Instituto Escolhas; Herself; Voto em Preto e Trace Brasil. Leia a CIVI-CO Mag #2 e venha gerar impacto positivo com a gente!
Crise climática: como se preparar para o maior desafio do nosso século
Por Youth Climate Leaders Tradicionalmente inquieta e questionadora, a juventude vem, década após década, quebrando barreiras e mudando padrões de comportamento. Nos últimos anos, um assunto parece ter conquistado mentes e corações de jovens de todo o planeta que resolveram abraçar uma causa e lutar por um futuro melhor: as mudanças climáticas. A urgência por trás da crise do clima, evidenciada ainda mais pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, acendeu o alerta nos jovens. É preciso correr contra o tempo para conter os efeitos mais graves. Para ajudar a embasar essa juventude e formar uma nova geração de líderes para trabalhar com mudanças climáticas, a Youth Climate Leaders oferece o curso online “Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais”, que está com as inscrições abertas. Nas nove semanas de curso são oferecidas 30 horas de aulas sobre temas ligados à agenda do clima e da sustentabilidade. Além de participar das aulas, os alunos que se matriculam no curso também passam a ter acesso à rede internacional da YCL, que possui mais de 1.000 membros em mais de 20 países e publica diversas oportunidades profissionais nas áreas de clima e sustentabilidade. Esse é um dos grandes diferenciais da plataforma: depois dos treinamentos do curso, os jovens permanecem em contato constante com os colegas, pessoas que se formaram nas turmas anteriores, mentores, influenciadores, membros da equipe YCL, parceiros institucionais, e ainda podem visualizar diversas vagas de trabalho e estágio, bolsas de estudo, editais e competições, além de participar de eventos exclusivos para a Rede. Em 2022, a Youth Climate Leaders está comemorando 4 anos de vida conectando jovens entre si e com oportunidades de agir no enfrentamento às mudanças climáticas em um momento crucial, quando o desemprego na juventude alcança níveis cada vez maiores. Nesta caminhada, a YCL sempre buscou trazer mais diversidade para as suas turmas e gerar oportunidades também para os jovens que precisam de apoio financeiro. Quem não tiver condições de arcar com as despesas do curso pode manifestar seu interesse para uma bolsa preenchendo este formulário. Nas sete primeiras edições, a YCL ofereceu bolsas para, em média, 40% dos alunos. No curso, já palestraram alguns nomes importantes no meio ambiental, como o pesquisador do IPCC Bruno Cunha, a consultora da prefeitura do Rio de Janeiro e conselheira do Observatório do Clima Andreia Coutinho Louback e a advogada e mestre em Direito Ambiental Caroline Prolo. Os palestrantes desta nova edição serão anunciados em breve. Além das nove semanas de curso, os alunos têm acesso a uma sessão de mentoria com um especialista em clima ao final do programa. É possível também adicionar uma ou mais sessões de mentoria individual e personalizada com um dos mentores YCL espalhados pelo mundo. Nelas, os jovens podem conversar com especialistas em carreira ou clima sobre os próximos passos para a sua carreira climática. A oitava edição do curso YCL começa no dia 30 de agosto. Mais informações estão disponíveis na página oficial do curso e as inscrições podem ser feitas neste link. E quem faz parte da comunidade CIVI-CO tem desconto de 10%. USE O CUPOM: CIVI-CO10 Sobre a Youth Climate Leaders Criada em 2018, a Youth Climate Leaders (YCL) é uma ONG que tem como missão construir oportunidades para os jovens liderarem soluções para a crise climática. Somos um ecossistema que oferece soluções para fomentar a empregabilidade de jovens profissionais na área de clima e sustentabilidade, atuando através de 3 pilares: educação, ação climática em rede e oportunidades. Com sedes no Brasil e em Portugal, visamos capacitar 100 mil jovens como parte de uma rede global e lusófona. Saiba mais sobre a YCL no site redeycl.org
Julho Sem Plástico: trocas positivas para o dia a dia
Por Ana Beatriz Ferreira* Se tem um material que está presente em abundância em nossas vidas atualmente, esse material é o plástico. Em embalagens, nos celulares que carregamos pra cima e pra baixo, nos copos de que bebemos, nos potes em que guardamos nossa comida… O Julho Sem Plástico, assim, surge como uma oportunidade para repensar essa presença. Segundo o Atlas do Plástico, 50% de todo o plástico fabricado até hoje foi produzido a partir dos anos 2000. Ou seja, a gente já viveu com muito menos e pode se readaptar! Para ajudar, que tal pensar em algumas trocas positivas que podem ser feitas no dia a dia a fim de reduzir o material em nossas vidas? Preparamos 5 dicas de mudanças bem simples para te ajudar. Continue lendo para saber o que você pode começar a partir de hoje! 1. Leve sempre seu copo ou garrafinha para o trabalho Parece besteira, mas o hábito de levar nossos objetos de casa para o trabalho e para todos os lugares que frequentamos faz toda a diferença. Já parou para pensar na quantidade de copinhos descartáveis que são usados em escritórios todos os dias? Para o cafezinho, para uma água e outra… Se cada pessoa usar três copos por dia, multiplique isso por dezenas, centenas de colaboradores de uma empresa ou de um coworking… Garrafinha às mãos, sempre! 2. Evite usar saquinhos plásticos no supermercado Para começar, sempre que for fazer suas compras, deixe uma ecobag às mãos para evitar a necessidade de usar sacolas plásticas. Além disso, na hora de separar as suas compras do hortifruti, nada de embalar cada tipo de fruta, verdura e legume em um saco, ok? Você pode levá-los soltos mesmo para o caixa ou, se preferir, usar saquinhos a granel feitos de redes de pesca. A positiv.a, por exemplo, tem uma linha feita de redes resgatadas do fundo do mar por uma comunidade em Santa Catarina. Os produtos são tecidos pelas mãos de artesãos, orientados por Nara Guichon, que já esteve no Civi-co e faz um trabalho especial com essa matéria-prima, incentivando um estilo de vida mais ecológico. 3. Prefira tecidos de algodão a fibras sintéticas Já parou para refletir sobre as blusinhas daquela loja que você tanto ama? Na maioria das vezes, elas são feitas de tecidos sintéticos, que liberam microplásticos a cada lavagem. E a água? Pois bem, a água repleta de pedacinhos de plástico vai parar em rios e mares, com grande chances de ser ingerida por espécies marinhas, o que faz muito mal a elas e a todos os ecossistemas ali presentes! Sempre que puder, priorize tecidos que não impactem o meio ambiente. Os tecidos de algodão orgânico, além de tudo, podem ser compostáveis e prezam por um cultivo muito mais equilibrado com a natureza em comparação à monocultura. 4. Substitua a esponja sintética pela bucha vegetal Sabe aquela esponja verde e amarela que tão comum se tornou em nossas cozinhas? Ela também está cheia de plástico! Além de se estragar em menos tempo, ela demora centenas de anos para se decompor. A bucha vegetal, por outro lado, é de origem natural, uma tradição dos tempos de nossos avós e ainda pode ser compostada após seu período de uso na limpeza. 5. Escolha produtos ecológicos Que tal refletir um pouquinho mais sobre os produtos que você compra? Fazer trocas positivas por produtos de limpeza e de autocuidado ecológicos, por exemplo, ajuda a cuidar mais da sua saúde, do seu lar e, claro, do planeta! O Julho sem Plástico é um convite para reflexão e para o primeiro passo em direção a mudanças de hábitos que podem fazer uma grande diferença no futuro. Com os exemplos de quem integra nossa comunidade, a gente se inspira e avança coletivamente! Tem alguém ao seu lado que também pensa em fazer trocas positivas? Compartilhe esse post e espalhe essa ideia com a gente! *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a
Programa de bolsas incentiva pesquisas sobre economia e meio ambiente
Por Instituto Escolhas O Instituto Escolhas está com inscrições abertas para a sétima edição da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente, único programa de bolsas do país com foco na inter-relação entre as ciências econômicas e a agenda socioambiental. Diante da importância ambiental e da sociobiodiversidade da Amazônia para o enfrentamento da crise climática e a escassez de economistas da região estudando questões pertinentes ao desenvolvimento socioeconômico e à sustentabilidade, o Edital de Seleção 2022 está focado em mestrandos(as) em Ciências Econômicas oriundos ou que estudem na Amazônia Legal, prioritariamente indígenas e afrodescendentes. A adoção do critério Amazônia Legal visa a descentralização da produção acadêmica e a valorização de pesquisadores e pesquisas desse território. As inscrições podem ser feitas até o dia 08 de agosto de 2022. Leia o edital A coordenadora de Projetos do Escolhas e responsável pelo programa, Patrícia Pinheiro, ressalta que a proposta da Cátedra é atuar na interface entre teorias e ferramentas econômicas e as questões socioambientais contemporâneas: “O objetivo é fomentar a atuação de profissionais nesse campo, assim como o desenvolvimento de pesquisas de excelência para subsidiar ações públicas e privadas relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono.” Em sua sexta edição, a Cátedra foi direcionada para pesquisadores nascidos na Amazônia Legal, região com menor representatividade no programa. O primeiro bolsista foi o paraense Vitor Marinho, bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e mestrando do Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal de Minas Gerais. A Cátedra Escolhas já concedeu 32 bolsas de mestrado e doutorado. Depoimentos “É um grande desafio conciliar esforços em torno da pesquisa de qualidade, das necessidades pessoais e do desenvolvimento profissional, e a bolsa é o melhor instrumento de apoio nesta fase.” Ludgero Barros, bolsista e doutorando da UFPA. “A bolsa de estudos foi essencial para minha dedicação integral ao mestrado e ao desenvolvimento da minha dissertação, que envolvia um tema interdisciplinar e complexo.” Gabriela Mota, mestre em Economia pela Esalq/USP. Policy Brief – Série Cátedra Com objetivo de permitir maior visibilidade aos textos acadêmicos produzidos pelos economistas bolsistas da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente, o Escolhas lançou a série ”Policy Brief – Cátedra Escolhas”. Seu conteúdo elucida os assuntos relevantes à sociedade e que contribuem com a formulação e aperfeiçoamento de políticas públicas. As sete edições já publicadas abordam temas como a exportação e precificação da água na agropecuária, o custo da imobilidade urbana em São Paulo, os impactos do uso de GNV, o efeito das mudanças climáticas na produção agrícola, os impactos econômicos e regionais dos investimentos em geração de energia e duas abordagens distintas sobre os empregos verdes. Conheça todas as edições