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A mulher e o saneamento básico

por Renata Moraes* Não é novidade que o setor de saneamento básico é predominantemente masculino. E, diante do mês em que o calendário mundial enfatiza duas importantes datas – 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e 22 de março, Dia Mundial da Água – convido você a fazer uma reflexão sobre esses dois temas. Em 2023, quase 35 milhões de pessoas no Brasil ainda vivem sem acesso à água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta e ao tratamento do esgoto. Cenário praticamente medieval, que resulta em um contexto de saúde pública com alta incidência de doenças de veiculação hídrica, que poderiam ser facilmente evitadas com o mínimo de condições dignas de habitação e saneamento. Recentemente, o Instituto Trata Brasil divulgou a segunda edição do estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”. Segundo a publicação, uma em cada quatro mulheres não são abastecidas com água tratada com regularidade, além de 41,4 milhões ainda residirem em casas sem coleta de esgoto. E para nossa surpresa, indo na contramão do que se esperava com o passar dos anos, o índice de mulheres sem banheiro em casa cresceu, passando de 1,6 milhão para 2,5 milhões. Nesta segunda edição do estudo, ainda foi realizada uma análise sobre como a falta de saneamento básico impulsiona a pobreza menstrual. O relatório também reforça que o acesso universal ao abastecimento de água e coleta de esgoto poderá tirar mais de 18 milhões de mulheres da condição de pobreza. Créditos: Instituto Trata Brasil (2022) Esses números escancaram as consequências e o impacto negativo da falta de saneamento básico na vida dos brasileiros, em especial das mulheres, e aprofundam ainda mais o abismo que é a desigualdade de gênero no país, deixando evidente que a mulher é certamente a maior excluída quando o assunto é o saneamento básico. Acesso com equidade Diante desse contexto, é inconcebível a formulação de estratégias e políticas públicas e privadas para se atingir a universalização do saneamento básico que não tenham a mulher como um elo fundamental para o acesso a condições sanitárias dignas a todos os habitantes do planeta. O cenário fica ainda mais sem sentido quando passamos a constatar que é a mulher, na maioria das vezes, a protagonista nos cuidados e asseios da família e do lar. A alma feminina está essencialmente ligada a características tais como sensibilidade, criatividade e senso de cuidado, com o outro e com o meio ambiente. E para promover o desenvolvimento sustentável, esse cuidado é fundamental para a transformação do status quo. Para impulsionar esse movimento, o Instituto Iguá apoia o acesso à água tratada e ao saneamento para comunidades em situação de vulnerabilidade social; estimula a criação de soluções inovadoras e, visando contribuir com um impacto sistêmico e em maior escala, contribui com a formulação de políticas públicas para o setor. Isso tudo buscando sempre envolver outros atores e parceiros estratégicos, pois acreditamos que juntos certamente vamos mais longe. Soluções coletivas Iniciativa do Instituto Iguá leva tratamento de esgoto para comunidade do interior de SP Créditos: Luan Santos / Reprodução Uma das nossas iniciativas coletivas é o “Comunidade Lab” realizado na Vila Moraes (no município de São Bernardo do Campo, grande São Paulo), comunidade onde residem cerca de 500 famílias (boa parte delas liderada por mulheres), sem nenhuma estrutura de coleta e tratamento de esgoto. A região se trata de uma área de preservação ambiental próximo à Represa Billings. Em parceria com a Associação Biosaneamento, Scania e diversos outros parceiros, o trabalho tem sido transformar a comunidade em um laboratório a céu aberto, através da implantação de tecnologias descentralizadas, acessíveis e sustentáveis para a coleta e tratamento do esgoto, assim como do envolvimento da população local na sua implantação e manutenção. Os esgotos e resíduos domésticos são usados para a geração de biogás e biofertilizante. Essa e outras iniciativas que contribuem para a universalização do acesso ao saneamento no Brasil têm levado dignidade à população mais vulnerável, especialmente às mulheres, demonstrando que pessoas realmente importam.  Portanto, para o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, mais do que parabéns, desejo respeito, cuidado, água tratada e coleta de esgoto. Afinal, o saneamento só será básico quando for realmente para todos e todas! *Diretora Presidente do Instituto Iguá. Conheça o Instituto Iguá

O metaverso da filantropia

por Marcelle Decothé* Você já deve ter ouvido falar ou lido algo sobre o fenômeno tecnológico do momento: o Metaverso. Isso nada mais é do que a terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. Uma realidade moldada e controlada por um programador, que opera através de ferramentas outras possibilidades de mundos e sentidos distintos de bem-viver. A Rede Comuá (antiga Rede de Filantropia por Justiça Social) organizou um seminário internacional na cidade de São Paulo, que trouxe luz a debates relacionais entre democracia, filantropia comunitária, justiça social e direitos humanos. O encontro foi protagonizado por pessoas negras, mulheres cis e trans, por organizações sociais e fundos comunitários que operam da ponta transformações significativas. Naquela semana, nosso próprio metaverso da Filantropia Social foi criado, onde a realidade moldada através de nossa teoria de mudança que tem no centro a diversidade, o território e a forma de fazer desburocratizada. Em nosso Metaverso filantrópico, imaginamos um mundo onde os recursos mobilizados e a cultura de grantmaking no Brasil e na América Latina considerem estratégias de impacto social lideradas por pessoas negras, mulheres, LGBTQIA+ e periféricas, em que o impulsionamento de movimentos, organizações sociais e coletivos seja orientado para a redução de desigualdades de forma coletiva, territorializada e menos burocrática. Através da reunião dos protagonistas da filantropia comunitária, a celebração dos 10 anos da Rede Comuá trouxe visibilidade para reflexões sobre práticas decoloniais e prioridades estratégicas que o investimento social privado e a filantropia precisam mergulhar no próximo ciclo. Acreditamos que para alcançar a equidade racial e de gênero nesta realidade metavérsica é necessário compartilhar recursos e poder com quem cotidianamente produz impacto nos territórios mais desiguais do país. Juntos, investidores de impacto social e coletivos, movimentos e organizações de favelas e periferias, aldeias  e quilombos podem recriar um mundo onde a base seja a justiça social e oportunidades iguais. Dando linha para diversidade Legenda: Gelson Henrique, Marcelle Decothe e Raull Santiago, fundadores da Iniciativa PIPA. Créditos: Leo Pinheiro/Valor A Iniciativa PIPA é uma organização criada por quatro ativistas periféricos do Brasil e que tem como principal missão contribuir para democratizar o acesso ao investimento social privado no Brasil. Em agosto deste ano, lançamos uma carta aberta à filantropia brasileira, com o propósito de ajudar a construir um mundo onde os recursos filantrópicos e privados sejam acessíveis às organizações, aos coletivos e aos movimentos de base favelada e periférica de maneira ampla e equitativa em termos de raça, gênero e classe. Nela, convidamos os colegas de fundações privadas e familiares, as empresas que impulsionam o impacto social e a comunidade de doadores individuais a repensarem suas políticas internas de construção. O objetivo é que eles priorizem a contratação de perfis negros, periféricos, LGBTQIA+ e de mulheres para gerirem seus portfólios e estarem em cargos de gestão e direção, para tomarem a decisão sobre quem e quanto se pode investir na mudança efetiva. Além de impulsionar um modelo de doação e repasse de recursos que priorizem o fomento a iniciativas negras, periféricas e com recortes de gênero. Não precisamos desenhar uma realidade paralela para entender que fomos nós, pessoas negras, indígenas e periféricas, que garantimos que as favelas e periferias pudessem comer e se proteger durante a pandemia. Imaginem a transformação política, econômica e social que conseguiremos construir se recebermos recursos sustentáveis, flexíveis e de longo prazo, para além do momento pandêmico. Transformar o metaverso da filantropia por justiça social e comunitária em realidade material e concreta depende de todo o ecossistema, principalmente de investidores sociais privados e suas múltiplas organizações e empresas. Que eles finalmente vejam as favelas e periferias, a população negra, indígena, quilombola, povos do campo e da cidade, mulheres, LGBTQIA+, não apenas como beneficiárias, mas como protagonistas da mudança. Somos os programadores do bem-viver, e para termos sucesso na redução das desigualdades, precisamos que nossa realidade de transformação concreta seja a regra, não a exceção. Conheça a Iniciativa PIPA *Pesquisadora de gênero, raça e violência e Cofundadora da Iniciativa PIPA. Texto publicado originalmente na revista Alliance Magazine e traduzido no blog da Rede Comuá.

CIVI-CO Mag #4: A era do feminino

Uma era construída dos cacos, retalhos, trincheiras, silêncio e sangue. Forjada em uma luta que vem derrubando as barreiras como o “isso não é para você” e “mulher não nasceu pra isso”. Novos ventos sopram, as mãos se unem. Vozes antes abafadas agora ecoam dentro de lares, ruas, empresas, corpos e corações.  Chegou a hora de todos(as) saberem: o mundo é feminino! E este novo espaço que desconstrói o velho mundo é um lugar mais diverso, onde temos espaço para a empatia, liberdade, colaboração e construção. É dentro desse desejo que a CIVI-CO Mag #4 foi produzida, mostrando esta nova realidade construída por mulheres que não aceitam mais retrocessos e não se esquecem das outras que ainda seguem vulnerabilizadas e silenciadas pelo estado, pela justiça e sociedade.  Esta quarta edição mostra as iniciativas que estão criando soluções e se propondo a unir forças para construir um mundo melhor, não só para mulheres, mas para todes. Enquanto existir uma pessoa oprimida no planeta ninguém será completamente livre.  Equidade de gênero  Mesmo sabendo que existem motivos para celebrarmos, infelizmente não podemos esquecer de que o atual cenário ainda não é totalmente seguro e estabilizado. Nossa revista digital de impacto vai tocar nesse ponto ao escancarar a realidade dos ambientes corporativos, inclusive a do empreendedorismo.  Não é só mostrar a cura das cicatrizes, também é preciso lembrar das feridas para que elas nunca mais se repitam. E essa mensagem já vem estampada na capa da publicação pelas fotos impactantes da fotógrafa e artista visual, Márcia Charnizon. Sim, é necessário falarmos sobre as conquistas, mas também é preciso lembrar daquelas mulheres presas nesse ciclo de opressões – e esse movimento é uma onda que não pode recuar: deve ser progressista e abrangente, inclusive com a colaboração dos homens.    A CIVI-CO Mag #4 foi produzida de forma colaborativa e é composta exclusivamente com textos assinados por mulheres e organizações que possuem compromisso com a equidade de gênero. Esta edição é um manifesto de uma nova era, pensada e construída com a força e a voz de todas. Leia a CIVI-CO Mag #4 e celebre a força do Feminino!

Passou da hora de controlar o garimpo na Amazônia

Por Larissa Rodrigues* Em janeiro, o Presidente Lula cancelou o Decreto 10.966/2022, do governo Bolsonaro, que criava um programa para incentivar os garimpos. O cancelamento foi uma correção importante do presidente Lula. Mas, ainda falta cancelar o que, de fato, aumentará a garimpagem na Amazônia: a 6ª rodada de disponibilidade de áreas lançada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) em setembro de 2022. Mais do que um programa de incentivos, a rodada é uma medida concreta, pois autorizará novos garimpos. A rodada ofereceu 420 áreas para permissões de lavra garimpeira – que é a autorização para o funcionamento dos garimpos. As áreas somam quase 1 milhão de hectares e estão predominantemente na Amazônia, em locais sabidamente problemáticos em termos de ilegalidades nas operações e proximidade com Terras Indígenas e Unidades de Conservação, como, por exemplo, a região de Itaituba, no Pará. Das áreas oferecidas, 243 apresentaram interessados. No último dia 8 de março, o resultado foi homologado e os interessados puderam solicitar sua permissão de lavra para a agência. Mas, o verdadeiro resultado dessa rodada, será o aumento dos problemas associados à atividade garimpeira e que ficaram demonstrados com a tragédia humanitária do povo Yanomami. Hoje, a ANM não consegue garantir a fiscalização nem mesmo das áreas já autorizadas por ela. Muitas áreas são utilizadas para a fraude da “lavagem de ouro”, servindo para registrar o metal extraído ilegalmente das Terras Indígenas para que ele ganhe uma aparência de legalidade. Em outras áreas autorizadas a extração mineral acontece para além dos limites geográficos permitidos. Dados do Instituto Escolhas confirmam isso e mostram que do ouro vendido pelos garimpos para as empresas do sistema financeiro que podem comprá-lo, cerca de 90% possui indícios de ilegalidade. Hoje, dar novas autorizações para os garimpos significa aumentar o espaço para essas irregularidades. Além disso, no estado do Pará, sob o governo de Helder Barbalho, o licenciamento ambiental para garimpos passou a ser municipal. Isso aconteceu apesar dos impactos ambientais irem muito além da região dos municípios e do fato de que, como já divulgado pela mídia, prefeitos são incentivadores da garimpagem, o que inviabiliza o processo de licenciamento e a fiscalização. Para completar, lá atrás, em 2013, a Lei 12.844 criou um sistema de “boa-fé” para o comércio de ouro entre garimpos e empresas do sistema financeiro. Com ele, as empresas ficam protegidas, pois presume-se que suas operações são feitas de “boa-fé”, independentemente de onde veio o ouro. Essa falta de controles incentiva a atuação de organizações criminosas e o crescimento vertiginoso das áreas de garimpo. Dados do MapBiomas mostram que a área dedicada aos garimpos na Amazônia já é maior do que toda a área dedicada à mineração industrial no país. E dentro de Terras Indígenas, onde a mineração é ilegal, a área dos garimpos dobrou entre 2018 e 2021. Apesar do regime de permissão de lavra garimpeira ter sido concebido para operações rudimentares, em pequena escala, e, por isso, com condições de outorga facilitadas, isso não é o que ocorre na prática. Hoje, os garimpos contam com maquinário, logística e organização industrial e possuem conexões com empresas em todos os elos da cadeia, inclusive no exterior. Gerando riqueza apenas para alguns poucos, a garimpagem tem deixado um rastro de danos humanitários, ambientais e econômicos. As operações ocorrem sem estimativas do potencial mineral ou planos de aproveitamento econômico, sem garantias ambientais e sociais e marcadas pela invasão de áreas proibidas, como o território Yanomami. Para os minerais, que são bens da União, é imprescindível um plano de aproveitamento que beneficie o país e a sociedade, para que os ganhos da atividade superem suas perdas, que, no momento, são muitas e graves. Ao permitir a expansão dos garimpos, o país tem chancelado a escolha de explorar recursos minerais valiosos, como o ouro e a cassiterita, de modo pouco eficiente, tanto ambiental como economicamente. E cabe ao Ministério de Minas e Energia e à ANM organizar o setor considerando o interesse público. A realização da rodada pela ANM apenas confirma que o país não tem um plano coerente para o aproveitamento dos recursos minerais. Disponibilizando novas áreas para garimpos, sem controles e sem fiscalização, os esforços do governo para retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, e de outros locais, não serão exitosos. A atividade ilegal deverá permanecer vantajosa e os invasores devem logo voltar. Diante da preocupante ocupação garimpeira na Amazônia, que opera em escala industrial, dos danos ambientais, sociais e econômicos, da ilegalidade e das dificuldades de fiscalização, é imprescindível que a ANM cancele a rodada e controle o setor, fazendo jus ao seu nome. Caso contrário, restará a pergunta se o que temos é uma agência que regula as atividades minerais ou simplesmente incentiva a garimpagem. Texto publicado originalmente no Jornal O Globo *Pesquisadora e Gerente de Portfólio do Instituto Escolhas.

Temporais nos ensinam sobre crises climáticas

O aumento das temperaturas não só geram secas e escassez. Com o aquecimento do planeta, e consequentemente dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos. As chuvas no litoral norte paulista foram três vezes maiores do que o previsto e causaram 65 mortes em Ubatuba e São Sebastião, até o momento. De acordo com os especialistas, esses episódios em intervalos mais curtos de tempo estão relacionados com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas. “Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas”, explica Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em entrevista ao portal Terra. A elevação de temperatura do planeta também aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e o vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Esse fato aliado ao conceito de que as catástrofes climáticas é um fenômeno social, observamos como esses acontecimentos afetam geralmente as populações em vulnerabilidade. Catástrofe social  A pobreza está presente em todos os lugares do planeta, mas existe um desequilíbrio nesses números. Há uma diferença geográfica, étnica e racial na distribuição das riquezas – e da falta dela também. E não precisa ir longe: uma breve volta na sua rua ou no seu bairro é suficiente para notar que a má distribuição de renda afeta as pessoas pretas mais severamente. “Imagina você acordar todos os dias tendo consciência que talvez não exista mais planeta e as pessoas que conhecemos, que a sua galera serão as primeiras a morrer. Quando a gente olha para as enchentes de Petrópolis, que resultou em 233 mortes, podemos ver que existe uma predominância na cor dessas pessoas e são as pessoas pretas”, desabafa Amanda Costa, militante climática e fundadora do Perifa Sustentável, no podcast Planeta CIVI-CO. Ouça mais dessa conversa! É um exercício de observação profunda – se for possível, use até uma lupa. O racismo é um problema estrutural e age em todas as camadas da sociedade. Além de impedir o acesso das pessoas aos bens materiais, ele também as privam de espaços e até da produção intelectual. Racismo ambiental  Então podemos dizer que o racismo ambiental está atrelado a especificidades, como as que dizem respeito à origem geográfica, sociais e culturais dos indivíduos, pois os impactos climáticos têm cor, gênero e lugar. E em nossa sociedade, motivada pelas relações de consumo, as periferias e as populações tradicionais são as que menos consomem e as mais afetadas pelas consequências das alterações climáticas, que não priorizam o bem-estar dessas populações vulnerabilizadas. Como ajudar Faça sua parte para combater as crises climáticas diariamente. Se puder, doe para ajudar os acometidos pela tragédia no litoral norte paulista. Diversas ONGs e instituições estão se mobilizando para arrecadar e distribuir doações. Confira abaixo algumas dessas organizações e saiba como doar: Cruz Vermelha São Paulo (@cruzvermelhasaopaulo) Gerando Falcões (@gerandofalcoes) Instituto Conservação Costeira (@institutoconservacaocosteira) Instituto Verdescola (@institutoverdescola) Legião da Boa Vontade (@lbvbrasil) Projeto Recomeçar (@projetorecomecar.cs)

Desenvolvimento humano e organizacional: a transformação do RH

Por Kyvo O profundo impacto da pandemia de COVID-19 e a aceleração digital vivida nos últimos anos somados à pauta cada vez mais necessária de inclusão e diversidade vêm transformando exponencialmente a estrutura das empresas. Como consequência, algumas áreas se viram obsoletas em relação ao cenário atual e vêm buscando se adaptar.  Esse é o caso dos Recursos Humanos, que saiu do posto de fazer apenas a parte operacional e passou a ocupar um lugar de destaque nas organizações, ampliando sua responsabilidade na gestão de pessoas. Neste artigo pretendo traçar um panorama do que tem sido feito para lidar com as necessidades contemporâneas, sem deixar de agregar valor aos negócios. Em 2020, uma pesquisa realizada pela consultoria KPMG ouviu quase 1.300 profissionais de RH de 59 países e a maioria deles já acreditava que a área precisava se reinventar completamente para lidar com os desafios que viriam pela frente. Garantir a experiência e o bem-estar dos colaboradores, auxiliar lideranças no desenvolvimento de uma nova gestão que apoiasse o trabalho remoto e redefinir ou aprimorar a cultura com foco no digital e na agilidade foram postas como pautas prioritárias para a mudança da área.  Em 2021, uma pesquisa feita pela mesma consultoria apontou que a transformação da área está relacionada diretamente à digitalização acelerada e a dupla disrupção causadas pela pandemia. O RH está, definitivamente, diante de novas responsabilidades. Da burocracia à estratégia A área de Recursos Humanos ainda é comumente definida como o departamento que apenas trata de assuntos burocráticos. Realmente, durante muito tempo o setor tinha funções engessadas e era totalmente dependente dos líderes das empresas. Não havia autonomia para criar soluções e se limitava a processos básicos para o funcionamento do negócio e não com o foco no médio, nem no longo prazo.  Recrutamento e seleção, admissão, demissão e apoio na elaboração da folha de pagamento eram as atividades rotineiras e não passava muito daí. Entretanto, com todas as demandas da atualidade que citei acima, este modelo não funciona mais e a empresa que ainda não começou a se adaptar provavelmente já sente, ou sentirá muito em breve, um impacto negativo em seus resultados.  Para se adequar ao cenário atual é preciso estar atento às necessidades das pessoas e o RH é o grande propulsor dessa mentalidade em uma empresa que quer inovar. Cada vez mais a experiência centrada no indivíduo norteia a forma de se fazer negócios e isso engloba todas as pessoas envolvidas no processo: do funcionário ao cliente. Humanizar as organizações é o ponto de partida para a grande transformação e a área precisa ser estratégica e estar totalmente integrada às outras para fazer isso acontecer.  Caso não se adapte a esta realidade do mercado atual, a premissa do indivíduo como centro da saúde organizacional não será disseminada e, diante disso, haverá um reflexo negativo na satisfação do colaborador, diminuindo sua produtividade. Levando em consideração que empresas são um coletivo, quanto menor a satisfação das pessoas que nela trabalham, menor a produtividade como um todo, trazendo piores resultados para a empresa. Resumindo, o desempenho organizacional está positivamente ligado à união e colaboração. Diante das atribuições atuais do departamento, o nome Recursos Humanos se torna, ao meu ver, limitado para uma área com tamanha importância. Há outro nome dado a ele que, particularmente, acho mais adequado: Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO), já que estamos falando de uma área cada vez mais importante, põe em prática uma gestão de pessoas mais ativa e estratégica. Vale lembrar que a necessária transformação deste departamento não quer dizer que as funções operacionais de gestão de pessoas deixem de existir. Elas continuarão no dia a dia, mas cuidar da integração, da satisfação e da capacitação dos colaboradores e atender suas necessidades se tornaram também atribuições fundamentais. Cultivar um clima organizacional harmonioso e a qualidade de vida saudável no ambiente corporativo contribuirá para o alcance das metas e para o sucesso da empresa.  Acredito, portanto, que o papel prioritário do setor é fazer a sua jornada virar uma jornada de gestão de pessoas fundamentalmente voltada para o capital humano e social e, a partir daí, se tornar o principal disseminador dessa cultura por toda a organização. Texto publicado originalmente no site da Kyvo

Comunidades tradicionais têm papel essencial no desenvolvimento da Amazônia

Por CEBDS Cada vez mais, fica claro que o desenvolvimento sustentável da Amazônia requer ações que levem em consideração a realidade local e contem com a participação das comunidades tradicionais.  O “Estudo de Boas Práticas Empresariais na Amazônia”, que acaba de ser concluído pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em parceria com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), lista vários exemplos dos quais emerge o papel fundamental que os povos originários desempenham na relação com o setor privado.  Um deles, desenvolvido pela Amazon, pela The Nature Conservancy (TNC) e pelo Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (ICRAF), tem como meta remover 9,6 milhões de toneladas de carbono na atmosfera em 30 anos, além de beneficiar 3.000 famílias e uma área total de 18 mil hectares. O essencial do plano é acelerar a recuperação de áreas degradadas ou improdutivas via sistemas agroflorestais. O resultado gera, na prática, um ganha-ganha. Por um lado, geram-se créditos de carbono e, por outro, impulsiona-se a renda de agricultores que cultivam cacau e açaí. E se o foco sair do produto já pronto e partir para a matéria-prima? Neste caso, a iniciativa capitaneada por um grupo que inclui Michelin, WWF-França, WWF-Brasil, Memorial Chico Mendes e Fundação Michelin é um bom exemplo. O projeto desenvolvido por esses parceiros no estado do Amazonas já começou com a compra de 7 toneladas de borracha, de forma simbólica, para estreitar a relação de confiança com os produtores locais. O objetivo principal, entretanto, nos próximos anos, é chegar à compra de 700 toneladas, o que beneficiaria 3,8 mil famílias de forma direta e indireta. No Pará, mais especificamente no Tapajós, Baixo Tocantins e Médio Juruá, o principal objetivo de um programa que reúne vários parceiros, entre eles a Natura, a Conexus, o Projeto Saúde e Alegria e o Sebrae, é contribuir para o fortalecimento da floresta em pé. Além de estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento territorial. Entre os principais impactos da ideia está o investimento em mais de 20 cadeias da sociobiodiversidade local. O que deve beneficiar mais de 2 mil famílias e envolver 13 cooperativas das regiões. Melhoria da qualidade de vida dos produtores locais também é o objetivo de um programa desenvolvido pela Suzano no Pará, Maranhão e Tocantins. Em termos de produtos promovidos pela iniciativa, que foca na gestão, na produção e na comercialização, existem várias frentes. Por exemplo: farinha de mesocarpo, óleo de babaçu, açaí em polpa, carvão, amêndoas e artesanato. Uma atenção especial é dada ao Programa Colmeias, que visa fomentar a produção de mel dentro das áreas de plantio da empresa. Os produtores parceiros recebem assistência e capacitação técnica e de gestão, bem como ajuda para a implementação de novas tecnologias e assistência na comercialização do mel produzido. Entre todas as atividades fomentadas, a expectativa é que seja gerada uma renda de até R$ 9,5 milhões em três anos. A Suzano calcula que 9 mil pessoas foram retiradas da pobreza pelo investimento social do grupo nas suas áreas de atuação em 2021. Conectividade e energia, além de infraestrutura em geral, como acesso à água e ao saneamento básico, também são vitais para muitas comunidades na Amazônia. Por isso que o caso da Vila Restauração também é interessante.  Por meio de um grupo formado por várias empresas – Energisa, (re)energisa, Aneel, TIM e Conexa Saúde) -, a comunidade do interior do Acre, a mais de 500 km da capital Rio Branco, passou a contar com fornecimento de energia 24 horas por dia. Antes do projeto, as 200 famílias da região tinham luz apenas três horas por dia. Os moradores ficaram dois anos como beneficiários do projeto, antes de virarem clientes das empresas de energia. A motivação por trás do Projeto Ybá, outro exemplo em que as comunidades locais estão envolvidas, é gerar desenvolvimento via expansão dos usos socioambientais de área de floresta da Dow em Breu Branco, no Pará. A ideia é promover a geração de renda a partir do extrativismo de bioativos de interesse comercial.  Um mapeamento feito para a região pelo Instituto Peabiru identificou na área 17 espécies vegetais de interesse comercial para a indústria cosmética e farmacêutica – que podem ser extraídas pelos comunitários das terras da empresa e comercializadas. A produção do primeiro produto em exploração, a andiroba, será comprada pela Natura, parceira também do programa. A previsão é que a iniciativa favoreça 150 famílias, que terão, em alguns anos, uma cooperativa estruturada para continuar com a comercialização das linhas de produção por conta própria. Saiba mais sobre o Estudo O “Estudo de Boas Práticas Empresariais na Amazônia” foi realizado pelo CEBDS em parceria com o Idesam. A publicação analisou 143 iniciativas desenvolvidas por associadas do CEBDS na Amazônia e detalhou 11 projetos que combinam produção e preservação. As ações envolvem mais de 30 parceiros na Amazônia Legal e beneficiam diretamente 50 mil pessoas. O trabalho inédito faz parte do Movimento Empresarial pela Amazônia, iniciativa liderada pelo CEBDS que visa construir uma agenda efetiva em defesa do desenvolvimento sustentável, da criação de emprego e renda com a floresta em pé e da redução do desmatamento. Confira o estudo na íntegra e conheça os bons exemplos do setor empresarial aqui. Texto publicado originalmente no Blog Sustentável do CEBDS

Nosso planeta é o único que tem Carnaval 

Esta é uma época de grande manifestação popular, onde as pessoas vão para as ruas e extrapolam seus sentimentos e emoções. O Carnaval, além de ser um período de festa e confraternização, é uma época de conscientização e aprendizado. Além do entretenimento e da valorização à cultura, um evento da relevância do Carnaval deve ter uma função social. Por todo o Brasil, manifestações carnavalescas socioambientais se espalham gerando impacto positivo nos foliões e mostrando que é possível se divertir e salvar o planeta ao mesmo tempo. Até porque a Terra é o único planeta que temos – e se ela acabar o Carnaval também já era.  Entre as diversas manifestações culturais realizadas na folia deste ano, separamos algumas que serão realizadas em localidades distintas do nosso país, que é tão rico ambiental quanto culturalmente.  Carnaval de Impacto: conheça 5 iniciativas pelo Brasil Carnaval ESG – Salvador (BA) Em parceria com o Sistema B, que é uma certificadora internacional de ESG, a Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) vai visitar os camarotes do Carnaval de Salvador e pontuar de acordo com as ações socioambientais que eles estarão praticando durante a festa.  ReciclaFolia – Vitória (ES) No Carnaval de Vitória, cada escola traz, além de muita alegria, adereços bem elaborados. Porém, quando o desfile acaba, entra em cena o pessoal da sustentabilidade. O projeto ReciclaFolia trabalha dando destino aos resíduos usados na festa. Economia Circular – Paraíba do Sul (SP) Apostando na sustentabilidade e na economia circular, a decoração do Carnaval 2023 em Paraíba do Sul será 100% proveniente do reaproveitamento de fantasias e adereços coletados nos desfiles das escolas de samba dos Grupos Série Ouro e Especial no Carnaval de 2022. Galo Sustentável – Recife (PE) O maior bloco do mundo, o famoso “Galo da Madrugada”, entrou nessa onda e terá algumas ações ambientais. Além de manter a estrutura do Galo (com mais de 27 metros) toda feita com materiais reaproveitáveis e recicláveis, o bloco também vai passar a fazer uma compensação de carbono. Confetes biodegradáveis – São Caetano (SP) O SESC São Caetano realiza uma proposta para a família que une ações ecológicas com o Carnaval. A ideia é uma oficina para que os participantes circulem pelo jardim do SESC em busca de folhas multicoloridas para a confecção de confetes sustentáveis. O que é Carnaval sustentável? Mesmo que você não se engaje em uma das atividades acima, ter responsabilidade socioambiental praticando atitudes mais conscientes já é uma forma de diminuir os impactos ambientais causados pelas celebrações da folia.  Dica de leitura:  O Carnaval das algas No Carnaval sustentável não é necessário poluir o meio ambiente com microplásticos para se divertir. Dá para usar o bioglitter, por exemplo, e outras alternativas mais ecológicas. Confira algumas ideias sustentáveis para o Carnaval: Use fantasias feitas a partir de materiais reciclados Faça confetes de folhas secas usando um furador de papel  Prefira latinhas de alumínio às de vidro ou plástico Tenha uma sacola/mochila para guardar seus próprios resíduos Leve seu copo e canudo reutilizáveis Ô, ABRE ALAS, que o Bloco da Responsabilidade Socioambiental quer passar!

Futuro dos negócios de impacto no novo governo

Organizações não governamentais (ONGs) e empresas sociais são aliados nas causas sociais e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, essas iniciativas atuam diretamente nas dores da sociedade procurando soluções para problemas sistêmicos e estruturais. Mesmo não dependendo exclusivamente de um governo, o trabalho realizado pode ser afetado por medidas políticas. Por isso, toda troca ou mudança de liderança gera uma tensão no setor. O que pode mudar em um novo governo? Será que terá um impacto positivo para os negócios sociais? Quais as expectativas do setor? Nós, do CIVI-CO, conversamos com alguns membros da nossa Comunidade para saber o que esperar dos próximos anos, o que esse novo governo pode fazer para mudar este cenário e gerar as transformações sociais. Após um período turbulento para as causas socioambientais, onde recursos foram cortados, o país perdeu investimentos e ajuda do exterior, profissionais sofreram repressão e diversas fake news foram propagadas. O novo governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), se mostra mais aberto ao diálogo com o setor. Isso tem dado mais esperança para os empreendedores e ativistas. “Esse novo governo reconhece e é fruto dos movimentos sociais, então, é mais simples e legítimos quando a gente tá dialogando com pessoas que passaram por toda experiência de impacto positivo que os movimentos sociais têm para trazer para as pessoas. Reconhecer a importância e valorizar o que os movimentos sociais fazem é fundamental para promover o empreendedorismo social”, comentou Janine Rodrigues, empreendedora social e fundadora da Piraporiando. Impacto social  Desde a campanha eleitoral, o atual governo adotou um discurso progressista, alinhado com as causas socioambientais. Essa postura construiu uma forte identificação dos agentes desse setor, resultando na nomeação de ativistas e profissionais técnicos para a base governamental nos ministérios. “É evidente que as agendas ESG e as ODS da ONU vão ganhar um novo destaque, assim como as estratégias de impacto social que já haviam sido iniciadas em governos passados, mas que ganhou pouca força nos últimos anos, no atual governo existe a expectativa que as crises humanitárias sejam alinhadas com estratégias de soluções de enfrentamentos de crises no Brasil e no mundo” , salientou Higor Cauê, diretor executivo do Instituto Humanitas 360. Curto Prazo Para alguns, apesar de pouco tempo, a alternância de poder já está fazendo mudanças consideráveis, como destaca Caroline Fonseca, educadora e Superintendente-executiva da Labor Educacional: “As empresas agora querem compreender, colaborar e ajudar os projetos sociais em diversos setores. No recorte da educação temos um trajeto muito bonito a ser traçado, muito curioso que desde o ano passado, no período eleitoral nós temos recebido muitas demandas das secretarias, não sei se tem a ver a questão política, mas estamos recebendo o contato de secretarias que nunca atuamos”. Aprendendo sobre negócios sociais Você sabe que é possível empreender e se manter responsável e comprometido com as mudanças positivas na sua comunidade, país ou até mesmo no mundo? Essa modalidade são os negócios de impacto social. Esse tipo de empreendimento tem como objetivo solucionar algum problema social, mas sem deixar de ser economicamente viável. Os negócios de impacto social buscam impacto socioambiental positivo gerado através do próprio core business do empreendimento. Ou seja, a atividade principal deve beneficiar diretamente pessoas com faixa de renda mais baixas, as chamadas classes C, D e E. De acordo com levantamento realizado pela consultoria Tendências em 2021, o Brasil possui 37,7 milhões de domicílios compondo essa base social. Na prática, os negócios sociais configuram-se como uma organização de várias naturezas jurídicas que opera como empresa, orientando-se pela lei da oferta e demanda e dedicando-se a conhecer seu público, oportunidades e riscos, e utilizando mecanismos de mercado para atingir seus propósitos sociais. Mas você sabe a diferença entre negócios e organizações sociais? Descubra a resposta lá no nosso post do Instagram.

Consumo consciente também é sobre gerar impacto positivo às pessoas

Por Instituto Akatu Por meio da prática do consumo consciente, cada um de nós pode contribuir de forma ativa para a sustentabilidade da vida no planeta. Ao ler a palavra sustentabilidade, pode ser que você logo associe a aspectos ambientais — preservação da biodiversidade, uso responsável dos recursos naturais, proteção dos oceanos, etc. —, mas é importante se lembrar que cada escolha gera impactos positivos ou negativos também às pessoas e precisamos nos atentar a isso. Afinal, não existe sustentabilidade sem direitos humanos, diversidade e inclusão. Ao adotar práticas de consumo consciente no cotidiano, levamos em consideração a maneira como o produto foi feito e por quem foi feito. Ao fazer escolhas mais conscientes, contribuímos para a construção de ambientes plurais, livres de qualquer tipo de discriminação e de formas de trabalho análogo ao escravo, irregular ou infantil, além de poder incentivar e apoiar pequenos produtores, favorecendo o desenvolvimento social e econômico de sua região. Promova a justiça social A pesquisa “Nós e as Desigualdades 2022”, realizada pela Oxfam Brasil em parceria com o Instituto Datafolha, revela que a sociedade brasileira tem uma percepção consolidada da importância de combater as desigualdades para construirmos um futuro melhor. Segundo o estudo, 85% dos brasileiros consideram que só há progresso com a redução das desigualdades. Em uma escala de 0 a 10 foram selecionadas as principais medidas para redução das desigualdades e “garantir direitos iguais entre homens e mulheres”, “combater o racismo” e “aumento do salário-mínimo” tiveram nota média de 9,5. Entre os resultados, a pesquisa revelou que: 69% acreditam que o fato de ser mulher impacta a renda; 59% concordam que as pessoas negras ganham menos; 75% acreditam que a cor da pele influencia a contratação por empresas. Consumo consciente na prática Ao fazer muitas de nossas escolhas de consumo, temos a oportunidade de priorizar empresas e marcas que têm ações concretas nessa direção, buscando minimizar as desigualdades em toda a sua cadeia produtiva. Buscar informações sobre as empresas é fundamental. As práticas relacionadas à diversidade, inclusão e trabalho justo refletem como elas enxergam o seu papel na sociedade. Procure saber se a empresa tem ações de: promoção da equidade de gênero em todas os cargos; promoção da equidade racial em todos os cargos; inclusão de pessoas com deficiência; combate ao trabalho análogo ao escravo, infantil e ilegal; contratação de talentos e defesa dos direitos da comunidade LGBTIA+; formação continuada e desenvolvimento de talentos; proteção da comunidade do entorno. Em outras atividades cotidianas, busque: comprar de pequenos produtores e empreendedores; comprar e valorizar empreendedoras negras; privilegiar negócios que exaltam a diversidade étnica e cultural do Brasil; adotar o hábito de doar roupas e outros produtos que você não usa mais. Um caminho possível  Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) funcionam como um guia para construirmos um mundo melhor juntos.  Eles mostram que  é necessário ter um plano de ação para que todos os países e os diferentes atores sociais (governos, setor privado, organizações sociais e sociedade civil) possam agir de forma colaborativa para erradicar a pobreza, promover vida digna para todos e avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Ao todo, são 17 objetivos e 169 metas aplicáveis universalmente, mas levando em consideração as diferentes realidades e níveis de desenvolvimento dos países. Conheça algumas dessas metas que focam justamente na redução das desigualdades como princípios fundamentais para o desenvolvimento sustentável: Erradicar a pobreza e a fome de todas as maneiras e garantir a dignidade e a igualdade (ODS 1); Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades (ODS 3); Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas (ODS 5); Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos (ODS 8); Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis (ODS 16). Depois de refletir sobre os impactos sociais do nosso consumo, mude seus hábitos, pratique o consumo consciente e faça a sua parte por uma sociedade mais justa, inclusiva, diversa e sustentável! Texto publicado originalmente no Blog do Akatu.

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