Por que é importante conhecer a origem do que você consome?
Por Ana Beatriz Ferreira* Antes de consumir um produto, somos impactados por uma enorme diversidade que o mercado oferece, com atributos que fazem com que cada escolha tente ser superior à outra. Embora alguns deles saltem aos olhos, em um primeiro momento, é sempre importante conhecer a origem do que você consome. A justificativa para isso, atualmente, se deve ao fato de a economia linear ainda ser muito dominante em todo o mundo. Ou seja, os produtos são fabricados, transportados, adquiridos e depois descartados, sem que se dê novo uso a eles. O movimento da economia circular, por outro lado, tenta ir na contramão ao criar uma cadeia de valor, com matérias e itens que possam ter novas funções no futuro. Aqui, nada se perde, tudo se transforma. Conhecer as origens daquilo que consumimos, assim, surge como alternativa para optar por empresas que buscam fortalecer a circularidade, associando-se a certificações que garantem boas práticas no dia a dia, capazes de contribuir a favor da justiça social e ambiental. Quer saber outros motivos pelos quais é essencial colocar isso em prática no seu dia a dia? Não deixe de ler a lista a seguir! 1 – Porque é uma forma de garantir que você compra de quem também cuida do planeta Hoje, segundo estudo realizado pelo Living Planet Report, da ONG ambiental WWF, seriam requeridas duas Terras para dar conta de todo o consumo de recursos naturais realizado pela humanidade até 2030. É coisa demais, não? Devido a esse fato, faz toda a diferença optar pelo consumo consciente, de empresas que buscam trazer mais impacto positivo, cuidando de todas as etapas da produção, comercialização, distribuição e, claro, da reciclagem de seus produtos, com práticas como logística reversa no dia a dia. 2 – Porque é uma escolha que beneficia justiça social e fortalece comunidades Ao escolher comprar de negócios que têm programas sociais e que beneficiam pessoas de diferentes raças, credos, gêneros e orientações sexuais, também vamos no sentido de um mundo mais justo. Em que haja oportunidades para todas as pessoas e, principalmente, no qual a pluralidade seja um valor, capaz de favorecer a economia criativa e soluções diferenciadas para os problemas de todo o planeta com que nos deparamos hoje. Quando se fala sobre matéria-prima, ainda mais no Brasil, o país com maior biodiversidade em todo o mundo, certificações como a de agricultura familiar garantem, também, que famílias de áreas rurais gerem renda e tenham mais perspectivas de crescimento sustentável, com melhor acesso à educação, saúde, cultura e a muito mais. 3 – Porque, ao saber de onde vem, criamos conexões genuínas Ter conexão com aquilo em que acreditamos, individualmente e em comunidade, é a melhor forma de garantir que sejam feitas escolhas de consumo consciente. Sem impulsos que possam prejudicar a natureza e o futuro das próximas gerações. Pensando nisso, projetos como o “De Onde Vem” buscam dar nome, voz e histórias aos produtos ecológicos que já fazem parte do dia a dia da comunidade da Positiv.a, um exemplo que humaniza e aproxima todos os pontos do ciclo de vida que se repete, em equilíbrio e circularidade, tal qual a economia que preza em seu modelo de negócios. O consumo, em nossa sociedade, faz parte, sim, da rotina. Mas pode ser transformado, repensado, questionado. E cada ação dessa faz grande diferença: não somente para o meio ambiente, como também para quem está ao nosso redor, caminhando rumo a um mundo mais justo e de impacto positivo. Vem com a gente nessa? Compartilhe essa mensagem com quem também se interessa por consumo consciente e segue no caminho! *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a.
Planta do futuro: conheça as tecnologias do cânhamo
Por Sechat Conhecido como uma espécie da cannabis com apenas 0,3% THC, composto psicoativo da planta, o cânhamo, segundo alguns especialistas, pode contribuir em oito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, se apresentando como uma alternativa promissora para o futuro. Apesar de ser um gênero de planta milenar e com o uso medicinal liberado em mais de 50 países, entre eles os Estados Unidos, onde já pode ser encontrada nas farmácias de dezenas de estados, no Brasil a Cannabis ainda é cercada de tabus. Encontra entraves para sua regulamentação, principalmente pelos efeitos psicoativos de uma de suas subespécies, popularmente conhecida como maconha. As tecnologias da planta são várias. A nível de comparação, das 17 metas globais de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidas pela ONU, a cannabis pode impactar 15 e a subespécie cânhamo tem propriedades que podem ajudar em 8, com grande impacto no futuro do planeta. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Reprodução) “Ultrapassar as barreiras e tabus que envolvem a planta e evidenciar o potencial único do cânhamo será uma virada de chave para o planeta, por isso, ela tem atraído a atenção de muitos empreendedores e investidores”, reforça Luís Quintanilha, CEO da Kanna, a flexible DAO (Organização Autônoma Descentralizada) de impacto social e ambiental, que une a tecnologia blockchain com o mercado promissor da Cannabis. No Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Vida na Água”, o cânhamo contribui por requerer menos água que o algodão e o linho, por exemplo, afinal a semente é muito resistente e cresce em clima de altas temperaturas. Alguns estados do nordeste brasileiro são ideais para o plantio, o que evidencia a importância da preservação dos mares e oceanos, além do uso consciente da água. A planta também atua no objetivo “Vida Terrestre”, com a fitorremediação do solo, por ser capaz de limpar metais pesados , com uso testado e bem-sucedido em Chernobyl, local do maior desastre nuclear da história. Também remove CO2 do meio ambiente, por absorver mais CO2 por hectare do que qualquer outra cultura conhecida, com suas estopas podendo ser usadas na produção de papel, descartando a necessidade de corte de árvores. Esses dois são os principais impactos responsáveis pelo cânhamo ser considerado a planta do futuro. A Kanna, inclusive, é uma empresa que, por meio do cripto ativo KNN, promove impacto ambiental, melhora na economia local e conscientização sobre a planta. O ativo digital KNN baseia-se em uma fração de solo revitalizado pelo cânhamo, CO2 neutralizado e doações para a comunidade. A DAO tem o diferencial de reinvestir todos os lucros em prol desses objetivos, com 15% reinvestido para a comunidade local, via realização de benfeitorias na região. “Nosso objetivo enquanto a primeira DAO com o ESG no centro operação, aliando o impacto ambiental (E) e socioeconômico (S) do cânhamo, com a transparência e Governança da Blockchain (G), é ser também uma alternativa para pessoas que querem atuar para a mudança climática”, explica Quintanilha. O mercado parece ser promissor, uma pesquisa encomendada pelo Observatório do Clima e Greenpeace Brasil apontou que 95% dos brasileiros se preocupam com as mudanças do clima e estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. O cânhamo também contribuiria para programas como a “Fome Zero” e “Agricultura Sustentável”: 100 gramas de cânhamo têm mais proteínas que 100 gramas de ervilha, podendo ser utilizada para combater a desnutrição. O cultivo de cânhamo, além de restaurar solos contaminados, pode complementar outras culturas menos sustentáveis. No objetivo “Saúde e Bem-Estar”, o cânhamo contribui por ser rico em ômega 3, ácido graxo essencial que atua diretamente no cérebro contribuindo para a manutenção das funções cognitivas e na prevenção de doenças como a ansiedade, depressão e Alzheimer. Enquanto para a meta de “Indústria, Inovação e Infraestrutura”, os plásticos de cânhamo podem substituir produtos de petróleo, as fibras usadas para produzir roupas, cordas, telas e construir casas, sendo um bom substituto para o metal, carpete, madeira e isolamento. No objetivo de “Consumo e Produção Responsáveis”, o cânhamo proporciona padrões de produção e de consumo sustentáveis, com a possibilidade de ser refinado em biodiesel usado para fazer etanol e metanol, biodegradáveis, não tóxicos e com menos produção de gases de efeito estufa. “Nossa expectativa é que até o fim de 2026 a Kanna tenha regenerado cerca de 150 hectares de solo e removido milhares de toneladas de CO2 da atmosfera, atuando em regiões vulneráveis com solo degradado e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), além de ter gerado centenas de empregos e investimentos para essa região”, conclui Quintanilha. Texto publicado originalmente no Portal do Sechat.
CIVI-CO Mag #3: O futuro é ancestral
A terceira edição da CIVI-CO Mag celebra a viagem pelos caminhos inovadores pavimentados nos 5 anos de vida da nossa Comunidade. Com o tema “Construindo o futuro transformando o agora”, nossa revista digital de impacto buscou inspiração nesse passado recente para trilhar um novo rumo mais diverso. Nesta publicação especial, imergimos no universo do afrofuturismo para mostrar as soluções afrocentradas produzidas pelos membros e parceiros da Comunidade CIVI-CO, com a missão de fomentar a diversidade racial no empreendedorismo de impacto. Hoje, a população negra brasileira é maioria em números: são 119 milhões de pessoas autodeclaradas pretas e pardas no nosso país (IBGE). Nosso desejo é que esta presença majoritária seja refletida também na representatividade política, econômica e social. Construindo o Futuro Soluções e inovações pensadas dentro de uma ótica racial estão sendo promovidas diariamente em nossa sociedade. Porém, infelizmente são invisibilizadas por uma sociedade ainda colonial e preconceituosa. Tentando romper com esses padrões, a Comunidade CIVI-CO se mostra favorável a essas transformações e também à uma mobilidade social onde todes possam estar em igualdade. Ajustamos a nossa máquina do tempo para este futuro compartilhado e diverso, que até parece utópico, mas é no agora que plantamos sementes para frutificar realidades justas, que hoje podem parecer impossíveis. Mas o CIVI-CO é o lugar onde o futuro é possível. Transformando o Agora O CIVI-CO está completando 5 anos de existência em 2022. Nosso aniversário é comemorado em novembro, no Mês da Consciência Negra. Então, estamos impactados pelo espírito transformador e pela simbologia do 5, considerado pelo filósofo Pitágoras como o número da união, da harmonia e do equilíbrio. Com ajuda da numerologia, queremos promover uma sociedade diversa onde a equidade racial seja possível. Aqui no CIVI-CO, o futuro é o presente e já está em construção. A CIVI-CO Mag #3 foi produzida de forma colaborativa e é composta exclusivamente com textos de pessoas negras e por organizações que possuem compromisso com a pauta racial. Esta edição se propõe a ser um presságio de uma nova era, mas finca os pés no chão para mostrar que a transformação é real e está acontecendo diante dos nossos olhos. Leia a CIVI-CO Mag #3 e embarque nessa viagem para o futuro!
CIVI-CO: onde o futuro é possível
“O CIVI-CO traz à existência uma cultura de um lugar para ser e não só um lugar para estar.” – Patrícia Villela Marino, Cofundadora do CIVI-CO. Ao longo dos últimos 5 anos, construímos essa tão sonhada Comunidade de empreendedores(as), organizações e ativistas cívico socioambientais e trabalhamos muito para gerar transformações positivas na sociedade e no espaço público brasileiro – e até mundial. Estar no CIVI-CO é um convite para pensar o futuro juntos e juntas. É buscar um caminho a ser seguido, é sobre esperança e como pode ser possível construir um futuro sustentável, inclusivo e diverso. Neste futuro, todas as narrativas devem ser respeitadas e assumem protagonismo com as próprias soluções. Nessa metade de década vivida, avançamos na nossa missão de fomentar o empreendedorismo de impacto cívico socioambiental e promover conhecimento para engajar a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada nas causas alinhadas com as métricas ESG e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Ouça o podcast o Planeta CIVI-CO! Qual Futuro queremos? Estamos vivendo uma transição, na qual muitos modelos de sociedade já não se sustentam mais. Precisa emergir um novo estilo de vida que leve a um mundo mais justo, inclusivo e solidário. O CIVI-CO nasceu para reunir iniciativas transformadoras e fomentar essa inovação socioambiental de forma coletiva. Sim, queremos um futuro tecnológico e inovador, mas que seja acessível para todos e todas. E nós, enquanto comunidade engajada, também pensamos em expandir nossas fronteiras e buscamos chegar em novos espaços, disseminando nossos ideais e ampliando o nosso impacto. Hoje somos também uma comunidade virtual conectada com membros e parceiros para além do nosso espaço físico em São Paulo. O ecossistema CIVI-CO está presente em todas as regiões brasileiras e em outros países. Estamos em obras, o futuro é agora Para manter essas conexões ativas e encontrar soluções descentralizadas, nós estimulamos uma rede de informação construtiva através dos nossos canais digitais, realizando uma extensa produção de conteúdo, como: podcasts, webséries, revista digital, artigos e newsletter mensal. Aqui também fomentamos as conexões, pois sabemos que a construção do futuro só pode ser feita compartilhada. Pensando nisso, criamos os nossos Hubs de Pensamento: Alimentação Consciente, Bioeconomia, Cannabis, Cultura, Educação e Moda Sustentável. Próximos 5 anos Vamos seguir incansáveis, apostando na força da diversidade para formar uma comunidade colaborativa. Gostamos de gente e nos inspiramos no poder das pessoas engajadas, sonhadoras e que lutam por uma sociedade justa e igualitária. Para nós, o impossível não existe!
A articulação brasileira na COP 27
Começou no último domingo (06) a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, a COP 27, sediada em Sharm el-Sheik, no Egito. E o Brasil estará no centro das pautas debatidas. A comitiva brasileira desembarca no evento em grupos distintos e levantando bandeiras importantes nessa luta climática. Desta vez, o Brasil entra com expectativa de chegar à mesa de negociações com foco no diálogo, em busca de ser reinserido nas soluções climáticas mundiais, atuação da qual ficou afastado politicamente nos últimos anos. Mas para acompanhar esta articulação precisamos ficar atentos a três grupos brasileiros específicos que estarão na COP 27: Brazil Climate Action Hub – o pavilhão inclui ambientalistas e cientistas e busca dar visibilidade para ações que esses grupos propõem contra a mudança climática, na contramão do discurso oficial. Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) – associação nacional de entidades que representam os povos indígenas do Brasil e que busca mobilizar os povos e organizações indígenas do país contra as ameaças e agressões aos direitos indígenas. Comitiva do Presidente Luís Inácio Lula da Silva – acompanharão o presidente eleito, a deputada federal eleita e ex-ministra do Meio Ambiente de governos petistas anteriores, Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e a senadora Simone Tebet (MDB-MT), além de outros aliados que irão compor o futuro governo. Afinal, o que é a COP 27? Criada em 1995, a Conferência das Partes (COP) chega à 27ª edição em 2022. Ela é uma reunião entre países-membros da ONU voltada à mudança climática, em que os participantes debatem soluções comuns para os desafios do clima, podendo criar novos acordos e acertos ambientais e buscando combater o aquecimento global. Chefes de Estado, ministros e diplomatas que se envolvem nas principais negociações sobre o tema são convidados para o evento. Mais de 90 estadistas devem ir ao encontro no Egito. Também costumam participar representantes do setor privado e da sociedade civil, ativistas e estudiosos que comparecem a reuniões e debates paralelos. A COP é realizada pela UNFCCC, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, grupo de 196 países, criado em 1992, com o objetivo de estabelecer compromissos globais para o combate ao aquecimento global, diante da intensificação do problema e de seus efeitos nas últimas décadas. Confira a programação completa da COP 27 Participação brasileira Mesmo sendo um encontro de estadistas, e o Brasil estando no centro das atenções principalmente por conta da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro não comparecerá à COP pelo segundo ano consecutivo. O Governo Federal deverá marcar presença apenas com o ministro Joaquim Leite. Em contrapartida, o Consórcio da Amazônia Legal, grupo oficial composto pelos governos estaduais do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão, estará presente na edição deste ano. Veja os destaques da COP do ano passado O público esperado para a COP 27 é de 20 mil pessoas. Além das representações governamentais, ao todo serão 12 dias de debates com ampla participação brasileira em todos eles. Acompanhe alguns perfis que farão a cobertura da COP27: 🌏 @youthclimateleaders 🌏 @imazonoficial 🌏 @plataformacipo 🌏 @cop27_egypt 🌏 @souamandacosta
Economia Circular: entenda sua importância
Por Ana Beatriz Ferreira* Pensar os processos de relacionamentos entre seres humanos, consumo, meio ambiente, sociedade e economia de forma cíclica, que tenha a preservação dos recursos e o bem-estar como objetivos finais, é o que caracteriza a economia circular. Diferentemente de uma economia linear, como o modelo com que a sociedade está mais habituada hoje, em que os processos de extração, transformação, consumo e descarte geram um volume gigantesco de resíduos no planeta, a circularidade busca o reaproveitamento dos recursos, que se tornam matéria-prima para novos produtos e materiais. Quer saber mais sobre o conceito e entender a importância dele diante dos desafios climáticos e ambientais que enfrentamos em comunidade? Continue a leitura a seguir! Vantagens da economia circular em relação à economia linear Ao falar em economia linear tradicional, o incentivo ao consumo desenfreado, sem pensar em soluções para reaproveitamento dos materiais e reciclagem, faz com que o meio ambiente sofra impacto direto, tornando-se reservatório de lixo e de embalagens que não tiveram planejamento para integrarem uma cadeia cíclica. A economia circular, por outro lado, de acordo com informações da Ellen Macarthur Foundation, “constrói capital econômico, natural e social”, baseada na eliminação de resíduos desde o início da produção, na manutenção de produtos em uso e na regeneração de sistemas naturais. Ela funciona, assim, como um convite à reflexão e à mudança de perspectivas para gerar novas oportunidades econômicas e assegurar um espaço socioambiental equilibrado, em que as atuais e futuras gerações possam se desenvolver em sinergia com o meio ambiente. Ação ligada ao “Novembro Consciente”, em que cada compra na nossa loja representou uma nova muda plantada na Mata Atlântica. Fotos: Positiv.a/Acervo Como colocar a economia circular em prática Pensar em circularidade envolve também temáticas como bioeconomia e Cradle to Cradle, uma ideia que, traduzida para o português, pode ser chamada de “do berço ao berço”. Concebida pelo arquiteto americano William McDonough e pelo engenheiro químico alemão Michael Braungart, ela preconiza a lógica em ciclo de criar e reutilizar produtos, um desafio para empresas que começam a se desenvolver e buscam um modelo de negócios viável, apoiado por impacto positivo. Para quem não está à frente de um negócio, ainda assim, é possível apoiar iniciativas circulares e consumir delas a fim de mudar comportamentos de mercado e multiplicar práticas de consumo consciente. Para isso, listamos algumas dicas: Evitar ou minimizar o consumo de produtos que usem plástico virgem, na composição ou em suas embalagens. Dar preferência a pequenos produtores e a negócios locais, que tenham logística é uma forma de operar ainda mais circular. Conhecer as origens do que consome, buscando por certificações da empresa, a fim de se informar sobre suas práticas e garantir que seja um negócio transparente. Na positiv.a, algumas certificações de relevância, nesse caso, são o selo de Agricultura Familiar, certificação juntamente ao Sistema B e o compromisso com a Ellen Macarthur Foundation. Informar-se a respeito das políticas afirmativas de diversidade, assegurando que não somente a empresa tenha um compromisso ambiental, mas também responsabilidade social. Dar os primeiros passos rumo a essa mudança pode ser desafiador, mas é certo que é imprescindível para garantir que a transformação esteja em curso. Para convidar mais pessoas a conhecerem e a refletirem sobre economia circular com você, não deixe de compartilhar esta publicação em suas redes sociais! *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a.
Halloween dos negócios de impacto
Assombrações não existem somente em filmes de terror. Apesar de temas como ESG e ODS estarem cada vez mais presentes nas pautas organizacionais, muitos dos desafios mal assombrados precisam ser debatidos e exorcizados nesses espaços durante o ano todo, não só no Dia das Bruxas. O mais recente Mapa de Negócios de Impacto, lançado em 2021 pela Pipe.Social, analisou um total de 1.272 negócios de impacto operacionais no Brasil. A pesquisa revelou que 60% têm até cinco anos de existência e se encontram nas etapas iniciais de desenvolvimento. Essas assombrações atrapalham o crescimento e a longevidade de negócios de impacto, descredibilizando instituições, pulverizando boas ações e reduzindo muitas vezes só à ganhos financeiros, além de esvaziar todo o propósito por trás dessa construção. O CIVI-CO vai te guiar por essa jornada fantasmagórica e ajudar a identificar e combater alguns desses monstros. Vem com a gente! Greenwashing Verde assim como o monstro do pântano, o greenwashing é um termo em inglês que pode ser traduzido como “lavagem verde”. Ele é praticado por empresas, indústrias públicas ou privadas, organizações não governamentais e até governos. É uma estratégia de marketing de promover discursos, ações e propagandas sustentáveis que não são executados na prática. Funciona como uma maquiagem para esconder, disfarçar ou aumentar os dados e resultados do impacto gerado. Exemplo: o clássico aviso “não contém CFC”, que pode ser observado em várias marcas de aerossol. O CFC é realmente um gás perigoso para a camada de ozônio, mas foi comercialmente proibido e, portanto, não é mais utilizado por nenhum fabricante. Social Washing Ele é irmão do greenwashing, mas não é menos assustador. A prática do social washing abrange todo tipo de maquiagem social e é utilizada para disfarçar as atividades éticas, ou melhor, inatividades, para além da proteção dos recursos naturais. Incluindo direitos humanos e trabalhistas, igualdade de gênero, escravidão, direitos civis e questões raciais. Exemplo: empresas que vendem produtos de empoderamento feminino, como roupas e cosméticos, mas não possuem mulheres em cargos de liderança e exploram a mão de obra feminina pagando baixos salários e longas cargas horárias. Baixo engajamento Para manterem a longevidade, as empresas precisarão ter um compromisso destacado com o impacto ambiental e social. Os empreendedores já causam impacto por si só, fomentando ideias e com incentivo financeiro. Mas quando o impacto social é a essência do negócio, a missão fica mais complexa, pois é preciso motivar o time e engajar todas as pessoas envolvidas em um propósito maior. Principalmente os consumidores – e até simpatizantes. Um ecossistema de impacto onde os valores não são defendidos por toda a comunidade está fadado a cair em um limbo. Exemplo: empresas que realizam campanhas de financiamento coletivo, mas que não conseguem a arrecadação necessária. Desinformação Assim como uma manifestação zumbi, existe uma circulação orgânica de desinformação acontecendo no mundo. Muitas vezes bancadas por interesses políticos ou econômicos e que acabam atingindo diretamente causas socioambientais. Existem diversos exemplos de como as fake news são usadas para ganhar dinheiro levando tráfego a determinados conteúdos, produtos e até posicionamentos políticos. Existe toda uma indústria que se move com a monetização de informações falsas e que acaba também priorizando e desestabilizando empresas e organizações. Exemplo: a venda de Cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada, durante a pandemia de COVID-19, com a falsa promessa de ajudar no tratamento da doença BAIXE O EBOOK “Fake News: A força da (des)informação na rede” Não tenha medo Para se livrar desses monstros não adianta usar alho, bala de prata ou água benta. Mas não se apavore! Proteja-se com muita informação verídica, estudos, pesquisas e fique ligado nas métricas ESG. Se possível, busque também pela responsabilização das empresas e organizações que praticam alguns desses atos. Por isso, fique atento, não pratique esses atos e denuncie!
Um Brasil de lutas e esperanças
Por Amanda Vargas* Representação indígena no poder político. Este é o espaço que Sonia Guajajara e Célia Xakriabá irão reforçar no Congresso Nacional brasileiro. Estas duas mulheres indígenas foram eleitas Deputadas Federais nas eleições políticas que aconteceram em 2 de outubro. Perante a possibilidade da reeleição de Jair Bolsonaro, ambas apelam a uma força tarefa para sensibilizar os brasileiros sobre o futuro fascista que se prevê. Para as duas líderes indígenas, a eleição do candidato Lula no segundo turno é a esperança de que a democracia seja mantida, e que as questões ambientais e dos povos indígenas sejam honradas. Leia abaixo a entrevista com as duas deputadas eleitas: Sonia Guajajara é originária da Araribóia, Terra Indígena no Maranhão. No entanto, ela se candidatou a Deputada Federal pelo estado de São Paulo por sua enorme responsabilidade na preservação dos biomas brasileiros, especialmente da Amazônia, devido ao seu poder econômico. A sua candidatura foi estrategicamente alinhada com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, que viu nela a oportunidade de ter uma representante dos povos nativos num lugar de destaque na política nacional. Esta é a primeira vez que São Paulo elegeu uma mulher indígena, e Sonia sabe da responsabilidade que tem nas suas mãos. Como se sente agora que foi eleita Deputada Federal? Estou extremamente feliz e orgulhosa por ver que São Paulo respondeu ao apelo por aldear a política. Os meus eleitores elegeram-me para honrar a missão de trazer ao Congresso a força e a ancestralidade dos povos indígenas. Farei com que todos os votos tenham valido a pena, e não pouparei esforços para garantir a demarcação das terras indígenas, a proteção da Mata Atlântica, da Amazônia e de todos os biomas brasileiros, defendendo a agroecologia para combater a fome e garantir alimentos sem veneno no prato de cada brasileiro. Finalmente, sinto-me muito feliz e orgulhosa por saber que hoje faço parte do grupo de mulheres que ocupam um lugar no Congresso Nacional lutando pela mãe de todas as lutas: a luta pela Mãe Terra! A minha candidatura teve sempre o objetivo de cumprir este papel que a história nos atribuiu – o de não realizar um projeto pessoal, mas sim trabalhar como um agente histórico empenhado num projeto coletivo. Faz parte dele aumentar o número de representantes indígenas no Congresso Nacional. E nosso objetivo é trazer nossas vozes, reivindicações e contribuições para a construção de um futuro mais democrático, plural e verdadeiramente comprometido com as necessidades reais do povo brasileiro. Por que a representatividade política dos povos indígenas é mais relevante do que nunca? Respeito os diferentes modos de vida, mas compreendo que o modelo econômico atual, feito por não indígenas, é completamente predatório. Por isso é importante respeitar os direitos indígenas, que são intrinsecamente ligados ao meio-ambiente. Só assim podemos garantir o futuro, porque os povos nativos são 5% da população que cuidam de 80% dos biomas do planeta. Estes são dados da ONU, subestimados mesmo por especialistas. Temos uma emergência climática! Trata-se de lutarmos hoje, de nos envolvermos hoje, porque a representação indígena nos partidos políticos é necessária para termos uma voz na mesa de decisão. Quais projetos de regenerabilidade ambiental você pretende aprovar no Congresso? Temos muitas ideias, mas primeiro precisamos enfrentar o Congresso Nacional, que é altamente conservador e desenvolvimentista. Sabemos que a grande maioria dos senadores e deputados eleitos continuarão a aprovar a legalização da destruição através do acesso e exploração dos territórios indígenas. O que é necessário agora não são ideias, mas sim a articulação contrária a esta postura. É fortemente necessária a criação de um espaço que promova uma nova consciência política e ambiental – seja no Congresso, seja na sociedade. O resultado das eleições nos mostra que a sociedade brasileira ainda não está preparada para essa mudança, que é também necessária fora do Parlamento. Percebo a necessidade de que a sociedade se torne mais consciente e mais responsável pela vida e pelo futuro. Estamos apenas plantando uma semente, e não adianta sonhar que vamos mudar esta situação a curto prazo. Estamos plantando uma semente, para que no futuro possamos colher uma nova consciência humana sobre o que é realmente urgente e destrutivo para o planeta e para os seres humanos. Nós, povos indígenas, fomos eleitos para enfrentar e contrapor o atual Congresso, que é completamente retrógrado, e precisamos do apoio da sociedade brasileira. Sabemos que você apoia o candidato Lula e, se ele for eleito, estas questões certamente serão discutidas. Mas que cenário você prevê para o Brasil se o candidato Jair Bolsonaro vencer as eleições presidenciais? Estarei no Congresso, portanto, continuarei plantando a semente da Bancada do Cocar e enfrentaremos no Palácio do Planalto. Não tenha dúvidas sobre isso. Mas não temos como prever se poderemos ou não validar projetos com impacto socioambiental positivo, caso Jair Bolsonaro vença. Descobriremos no caminho. Sabemos que no Congresso há uma base aliada a ele com grande força, à qual certamente nos oporemos traçando caminhos para uma maior consciência e responsabilidade socioambiental. Mas não há como prever o que pode ou não acontecer. Continuaremos a defender aquilo que acreditamos. Qual é o seu maior envolvimento no apoio a Lula neste segundo turno das eleições presidenciais? Nosso comitê já está organizado para servir de apoio à eleição de Lula como Presidente e Fernando Haddad como Governador do Estado de São Paulo. As Casas Cocar estão organizando atos públicos com parlamentares eleitos do PSOL, a fim de sensibilizar a população para se engajar nesta campanha política em prol de uma verdadeira democracia. Vemos isto como uma co-responsabilidade para um novo projeto governamental. Qual é sua mensagem para as pessoas que estão escolhendo votar em Bolsonaro? É essencial que o povo brasileiro vá às urnas neste segundo turno para eleger Lula. É urgente pôr um fim a este período tão sombrio da história da nossa democracia. A luta dos povos indígenas vai além do processo eleitoral, nossa luta é permanente. É por isso que apoiamos fortemente votar em Lula, para garantir nosso direito de permanecer mobilizados sem que
Tecnologia a favor do diagnóstico social
Por Felipe Gregório* Nunca na história da humanidade se presenciou tanta solidariedade como desde o início da pandemia de COVID-19. E mesmo que o altruísmo esteja presente no coração e nas intenções de muitos, será que podemos dizer que as entregas para a parcela mais vulnerável de nossa sociedade apresentam a assertividade necessária? No início da crise pandêmica, a Florescer Brasil, empresa socioambiental de impacto e membro da Comunidade CIVI-CO, sentiu isso na pele. Frente à demanda por distribuição de cestas básicas em áreas de alta vulnerabilidade social, seus colaboradores se depararam com a resposta para perguntas como essa. Isso porque muitas das famílias as quais eram destinadas as doações sequer dispunham de acesso à água encanada em suas residências para o devido preparo dos alimentos. E foi aí que ouvimos um click! App Florescer Após dois anos de estudo, desenvolvimento, validação, aprimoramento e cocriação junto às próprias comunidades, nasceu o projeto do aplicativo Florescer (App Florescer). Partindo da prática da escuta ativa, a aplicação apresenta-se como uma plataforma social – Social as a Service (SoaS), conceito criado pela empresa – de identificação e resolução das principais dores das comunidades. Acessível via aplicativos móveis e website, a iniciativa tem como objetivo principal escutar e entender o que de fato a favela precisa, criando assim mecanismos de conexões e apresentação de soluções para essas localidades, sempre propondo a transformação de dentro para fora. Legenda: Aplicativo da Florescer identificará as principais dores das periferias brasileiras. Foto: Florescer Brasil/Divulgação Analisando o impacto Todo o acompanhamento da plataforma, assim como transparências, métricas e afins, é apresentado em tempo real para os parceiros e stakeholders. A equipe Florescer Brasil realiza a gestão do app através de um painel administrativo (backend) onde novas comunidades e prestadores de serviços (ONG’s, Institutos, lideranças e líderes de grupos) podem ser cadastradas. Legenda: Apresentação do aplicativo para representantes das comunidades. Fotos: Florescer Brasil/Divulgação A iniciativa surge não só em um momento chave de nossa sociedade e da luta por uma maior igualdade de classes, mas também pela importância da realização de um diagnóstico social, trabalho já realizado anteriormente em todas as ações e implantações da Florescer Brasil, agora na palma da mão das pessoas. Nosso propósito é realizar entregas mais assertivas e perenes, imprimindo maior sustentabilidade em todas as etapas do processo de impacto. Isso é responsabilidade socioambiental, isso é Florescer Brasil! *Fundador da Florescer Brasil.
3 dicas para adotar produtos ecológicos em comunidade
Você talvez já tenha tido seu interesse despertado para começar a usar produtos ecológicos em casa, mas ainda esbarra na limitação de quantidade ou até mesmo na adesão das pessoas que fazem parte da sua comunidade? Esse é um desafio comum, mas dá para resolver! Começar uma jornada positiva rumo ao uso de mais produtos ecológicos na rotina, seja na limpeza ou no autocuidado, é mesmo desafiador, mas é um daqueles caminhos que despertam consciência ambiental e podem inspirar de verdade as pessoas ao redor. Está em dúvida de como fazer com que essa prática se multiplique em comunidade? Vem ver algumas dicas que a gente preparou! 1. Faça trocas aos poucos Sabe aquela esponja de plástico na cozinha da família que fica uma eternidade na pia, bem suja? Além de ela não ser higiênica, essa esponja tem microplástico e demora centenas de anos para se decompor. Em um período de apenas uma semana, as esponjas acumulam milhares de microrganismos e são destinadas ao lixo comum. Se sua família troca a esponja sintética uma vez por semana, são cerca de 52 por ano. Multiplique isso pela população da cidade, do estado, do país… É um número bem alto, certo? Que tal trocar pela bucha vegetal? Feita de um fruto e totalmente orgânica, ela pode ser compostada após o seu uso. Enquanto estiver em utilização, para tirar os restos de comida, é só fervê-la! Aos poucos, passe a trocar o detergente por um lava louças ecológico. Introduza sua família ou seus companheiros de casa a um lava roupas natural e resgate também a sabedoria de outros produtos que a gente já conhece bem, como o sabão de coco. 2. Escolha tamanhos grandes Um dos argumentos mais utilizados para dizer que é inviável trocar produtos tradicionais pelos ecológicos é o fator preço. Essa explicação, no entanto, não se sustenta. Ao pensar no custo-benefício, na durabilidade e no bem proporcionado à natureza, só se tem a ganhar! Para incentivar a comunidade e, claro, economizar, a dica é escolher tamanhos grandes. Em vez de embalagens de 1L, que tal optar por um galão de 5L? Em vez de unidades, que tal buscar por caixas com mais produtos, de acordo com a demanda que sua comunidade tem? Sem exageros, claro! 3. Compartilhe conhecimento A jornada ecológica é um caminho imperfeito, de aprendizado e de trocas que acontecem pouco a pouco, mas que visam sempre o benefício da natureza e da comunidade com que a gente convive. Pensando nisso, compartilhar conhecimento faz toda a diferença! Dar bons exemplos em relação à reciclagem, demonstrar os impactos que pequenas atitudes podem ter e, claro, consumir conteúdo de fontes confiáveis, dividindo esses saberes, faz com que a escolha por produtos ecológicos seja cada vez mais coletiva. Sozinhos somos gotas. Juntos somos oceano. E você, tem alguma dica para adotar produtos ecológicos em comunidade? *Coordenadora de mídias sociais da Positiv.a