28 fev Temporais nos ensinam sobre crises climáticas
O aumento das temperaturas não só geram secas e escassez. Com o aquecimento do planeta, e consequentemente dos oceanos, fenômenos climáticos extremos devem ser cada vez mais frequentes e intensos. As chuvas no litoral norte paulista foram três vezes maiores do que o previsto e causaram 65 mortes em Ubatuba e São Sebastião, até o momento.
De acordo com os especialistas, esses episódios em intervalos mais curtos de tempo estão relacionados com as interferências humanas no ambiente, como a liberação de gases de efeito estufa e de desmatamento das florestas.
“Quando a temperatura do oceano passa dos 26ºC, 27ºC, a evaporação aumenta exponencialmente. E o vapor da água é o principal fator da formação das nuvens e das chuvas”, explica Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em entrevista ao portal Terra.
A elevação de temperatura do planeta também aumenta a concentração da umidade na atmosfera, e o vapor úmido serve como combustível para a ocorrência de chuvas. Esse fato aliado ao conceito de que as catástrofes climáticas é um fenômeno social, observamos como esses acontecimentos afetam geralmente as populações em vulnerabilidade.
Catástrofe social
A pobreza está presente em todos os lugares do planeta, mas existe um desequilíbrio nesses números. Há uma diferença geográfica, étnica e racial na distribuição das riquezas – e da falta dela também. E não precisa ir longe: uma breve volta na sua rua ou no seu bairro é suficiente para notar que a má distribuição de renda afeta as pessoas pretas mais severamente.
“Imagina você acordar todos os dias tendo consciência que talvez não exista mais planeta e as pessoas que conhecemos, que a sua galera serão as primeiras a morrer. Quando a gente olha para as enchentes de Petrópolis, que resultou em 233 mortes, podemos ver que existe uma predominância na cor dessas pessoas e são as pessoas pretas”, desabafa Amanda Costa, militante climática e fundadora do Perifa Sustentável, no podcast Planeta CIVI-CO.
É um exercício de observação profunda – se for possível, use até uma lupa. O racismo é um problema estrutural e age em todas as camadas da sociedade. Além de impedir o acesso das pessoas aos bens materiais, ele também as privam de espaços e até da produção intelectual.
Racismo ambiental
Então podemos dizer que o racismo ambiental está atrelado a especificidades, como as que dizem respeito à origem geográfica, sociais e culturais dos indivíduos, pois os impactos climáticos têm cor, gênero e lugar.
E em nossa sociedade, motivada pelas relações de consumo, as periferias e as populações tradicionais são as que menos consomem e as mais afetadas pelas consequências das alterações climáticas, que não priorizam o bem-estar dessas populações vulnerabilizadas.
Como ajudar
Faça sua parte para combater as crises climáticas diariamente. Se puder, doe para ajudar os acometidos pela tragédia no litoral norte paulista. Diversas ONGs e instituições estão se mobilizando para arrecadar e distribuir doações.
Confira abaixo algumas dessas organizações e saiba como doar:
- Cruz Vermelha São Paulo (@cruzvermelhasaopaulo)
- Gerando Falcões (@gerandofalcoes)
- Instituto Conservação Costeira (@institutoconservacaocosteira)
- Instituto Verdescola (@institutoverdescola)
- Legião da Boa Vontade (@lbvbrasil)
- Projeto Recomeçar (@projetorecomecar.cs)