Escolas sustentáveis
Por Labor Educacional Podemos nos apropriar do conceito de sustentabilidade, muito utilizado atualmente pela sociedade para caracterizar a capacidade de se gerar resultados no curto, no médio e no longo prazo. Há uma expectativa de que a escola seja crescente em qualidade, como preconiza o artigo 206 da Constituição Federal, usando os recursos financeiros disponíveis de modo que haja uma alocação ótima dos recursos e um posicionamento das pessoas por meio do coletivo escolar. Os segmentos escolares podem elaborar e serem orientados pelo projeto político pedagógico que traça, alinhava e norteia os eixos em torno dos quais deva haver toda a sinergia das coisas, das pessoas e dos conhecimentos disponíveis na escola, ainda considerando o território e a cultura na qual está inserida. Os aspectos econômicos, sociais e ambientais que envolvem a escola devem ser orquestrados por um acordo autônomo dos segmentos escolares que, diante de tamanha complexidade que é educar para a sociedade contemporânea, precisam pactuar de maneira participativa, pois essa tem sido a tendência mais utilizada nas organizações que estão gerando os melhores resultados no mundo atual. A escola se atualiza ao que a sociedade, dinamicamente, vem criando como caminhos para suprir sua evolução e desenvolvimento. Em geral, sem compromissos firmados pelo diálogo e pelos acordos em prol dos resultados coletivos, não se tem visto saídas civilizatórias, deixando-se muitas vezes os canais liberados para o caos, a paralisação ou a violência. Gestão com qualidade só é possível com visão estratégica. Para essa ser mais integral e abrangente, precisamos entender e compartilhar os saberes e a inteligência dos envolvidos. São as partes inteiramente interessadas em que a educação gere resultados com qualidade, com coordenação da inteligência coletiva, que têm gerado soluções criativas e consistentes frente aos desafios postos. Claro que o saber científico e a experiência técnica pedagógica são cruciais, mas numa escola na qual somente isso seja ressaltado, sem uma gestão integrada do pedagógico, os resultados são inferiores aos daquelas que aplicam os preceitos da gestão participativa e compartilhada. Foto: CDC/Unsplash Ressaltamos a autonomia e o desenvolvimento das competências e habilidades de escolher e tomar decisões que cada pessoa precisa consolidar para o alcance da sustentabilidade – um projeto de evolução da espécie humana no planeta em que a qualidade de vida dos nossos filhos e netos possa ser progressivamente melhor ou, ao menos, igual aos que alcançamos nos tempos contemporâneos. O projeto pedagógico da escola, não apenas pelas referências legais e todas as mais importantes obras sobre a gestão escolar, pode e deve ser a carta de navegação da gestão numa escola. A apropriação desse precioso instrumento e a vivência do mesmo como base do planejamento escolar depende diretamente da mixagem do conhecimento necessário e, do ponto de vista dos relacionamentos, da participação da comunidade escolar. Isso poderia ser um discurso bonito repetido sem ressonância para aqueles que já possuem muitos desafios no dia a dia da escola. A Labor, que procurou levar a fundo a experiência da participação na gestão escolar em “escolas reais” das redes públicas, tem toda a convicção que isso não se trata de um discurso, mas uma certeza operacional, desde que saibamos facilitar os processos de participação. Conheça a Labor
Startups e a Promoção da Diversidade LGBTQIA+
As startups têm se destacado como agentes de mudança em diversos setores, impulsionando a inovação e a transformação digital. Essas empresas possuem um discurso em prol da promoção da diversidade e inclusão, especialmente para a comunidade LGBTQIA+. Porém, na prática, essa ainda é uma realidade distante. No dia 28 de junho é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Atualmente o tema pauta assuntos da sociedade civil e é explorado por empresas de todos os portes, inclusive pelos negócios e organizações do ecossistema de inovação social. Com a promoção de um discurso pautado em atitudes inovadoras, cultura inclusiva e políticas progressistas, as startups buscam quebrar barreiras e criar uma imagem acolhedora e inclusiva, principalmente para o mercado publicitário e imprensa. Para além da importância social em debater a pauta em ambientes corporativos, as empresas perceberam que isso também agrega valor à marca, mas muitas seguem sem discutir profundamente o tema dentro dos seus próprios núcleos de atuação. A maioria, como os números mostram, seguem sem proporcionar um ambiente de trabalho onde os profissionais LGBTQIA+ podem expressar sua identidade e orientação sexual livremente, sem medo de discriminação ou preconceito. Além disso, muitas startups não possuem programas de capacitação e sensibilização sobre diversidade, o que contribui para a conscientização e a quebra de estereótipos, promovendo o respeito e a igualdade. O mercado De acordo com dados da Abstartups (Associação Brasileira de Startups), das mais de 13 mil startups no país, apenas 3,9% possuem fundadores(as) autodeclarados(as) homossexuais, 1,5% bissexuais e 0,1% transgêneros, enquanto 0,2% possui outra orientação sexual. Heterossexuais correspondem a 92,3% dos criadores de negócios com base tecnológica no país. Em termos de empregabilidade, 75,1% das startups brasileiras acreditam que apoiar a diversidade e inclusão em seus negócios é um fator importante, mas na prática, apenas 3,3% dessas entram em ação. Por outro lado, as startups estão liderando o desenvolvimento de produtos e serviços voltados para a comunidade LGBTQIA+. Elas reconhecem as necessidades específicas desse público e buscam soluções inovadoras para atendê-las, como uma oportunidade de mercado. Por exemplo, há startups que criaram aplicativos de relacionamento voltados para pessoas LGBTQIA+, facilitando a conexão e o encontro de parceiros compatíveis. Outras empresas desenvolvem tecnologias que promovem a inclusão, como softwares de tradução e acessibilidade, que ajudam a tornar a internet mais acessível e inclusiva para todas(os). Diversidade é o caminho Mesmo dentro dessa triste realidade, podemos encontrar algumas possíveis soluções. É válido ressaltar que algumas iniciativas têm encontrado caminhos na promoção da diversidade em suas equipes. Elas reconhecem que ter uma equipe diversificada é fundamental para impulsionar a criatividade, a inovação e o crescimento do negócio. As empresas passaram a adotar políticas de contratação inclusivas, buscando ativamente talentos LGBTQIA+ e oferecendo oportunidades de ascensão profissional. Essas empresas entendem que a diversidade de perspectivas e experiências contribui para a construção de soluções mais robustas e adaptadas às necessidades de um mundo cada vez mais diverso. Seja exemplo Por fim, é importante ressaltar que as startups não apenas promovem a diversidade e inclusão dentro de suas próprias estruturas, mas também têm o potencial de influenciar outras empresas, seus stakeholders e a sociedade em geral. Ao demonstrarem que é possível construir negócios bem-sucedidos com base em valores de inclusão, essas empresas emergentes se tornam exemplos a serem seguidos. Assumindo essa postura de aliada, elas inspiram outras organizações a adotarem políticas e práticas mais inclusivas, contribuindo para uma sociedade mais igualitária e respeitosa com a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero. Sua empresa tem alguma política de diversidade voltada para a comunidade LGBTQIA+? Compartilhe com a gente!
Cannabis, carvão e cosméticos
por Camila Viana* Desde a legalização da cannabis no Uruguai em 2013, muitas oportunidades surgiram para empreendedoras que buscavam se aventurar nesse mercado ainda em desenvolvimento. Eu sou uma dessas mulheres. Decidi me mudar para o país em 2018 para aprender sobre o empreendedorismo com a cannabis e desde então, vivo essa planta diariamente. Em 2021, comecei a fazer parte da equipe da Meraki enquanto dava vida à CBeDifferent com outras mulheres. As empresas possuem focos diferentes, mas complementares. A Meraki é uma pequena produtora de insumos de cannabis, e a CBeDifferent produz cosméticos conscientes, idealmente com cannabis em sua composição. No entanto, produzir cosméticos com cannabis no Uruguai não é tão simples quanto parece. A regulamentação fragmentada e a falta de clareza entre os órgãos reguladores tornam a produção de um cosmético de cannabis muito mais difícil do que deveria ser em um país legalizado (o primeiro inclusive). A Meraki já fez sua primeira colheita de cannabis em escala industrial e hoje possui um estoque de material vegetal orgânico pronto para ser transformado em insumos para cosméticos, mas ainda faltam atar algumas pontas para que isso se materialize. Para nós, a saúde do solo é o ponto de partida para a produção de uma cannabis de qualidade. Um solo saudável absorve e retém carbono e por isso apostamos em práticas da agricultura regenerativa, promovendo a vida e a diversidade. Fazemos nossos próprios bioinsumos, como fermentados de microrganismos eficientes e biochar (carvão vegetal), esse último sendo feito com os caules das plantas de cannabis colhidas que geralmente são apenas descartados. O biochar melhora a estrutura do solo, absorve mais água e é o ambiente poroso perfeito para abrigar os microrganismos que queremos promover. Verde na pele Trabalhar com o carvão também deu à equipe da CBeDifferent o insight para utilizá-lo em nossos cosméticos. O primeiro produto testado foi um sabonete com carvão ativado. Apesar da regulamentação brasileira impedir a importação de qualquer “parte da planta”, estamos entusiasmadas com a possibilidade de produzir cosméticos com carvão ativado de cânhamo, insumo que teoricamente enfrentaria menos barreiras regulatórias, além de ser muito poderoso para a saúde da pele e dos cabelos. Para mim, e para outras empreendedoras, as mudanças no setor da cannabis são constantes. Qualquer micro avanço é uma oportunidade de crescer dentro da indústria. Apesar de ainda existirem muitos desafios e barreiras a serem superados, permanecemos firmes e guiadas pela verdade da planta, acreditando que ela pode ajudar na recuperação dos solos, da nossa saúde e ser ferramenta para o empoderamento do empreendedorismo feminino na nossa sociedade. *Geocientista e Diretora de Sustentabilidade na CBeDifferent. Conheça a CBeDifferent
6 instituições para fazer doações no inverno
O frio intenso é uma realidade que atinge a cidade de São Paulo durante os meses de inverno, trazendo desafios e dificuldades para a população. Entre os mais afetados encontram-se cerca de 52 mil moradores em situação de rua, grupo vulnerável que enfrenta diariamente os rigores das baixas temperaturas e a falta de abrigo adequado. A vida nas ruas de São Paulo já é difícil por si só, com privação de direitos básicos, insegurança e falta de acesso a serviços essenciais. No entanto, quando o inverno chega, com temperaturas atingindo os 6º, as adversidades aumentam drasticamente. As pessoas em situação de rua ficam expostas a um dos maiores desafios de sobrevivência: o frio intenso. O contraste entre o calor humano que escapa dos lares aquecidos e o congelante asfalto é cruel e doloroso. As baixas temperaturas têm efeitos severos na saúde dos moradores de rua. O frio extremo agrava problemas respiratórios, aumenta o risco de hipotermia e pode levar ao surgimento de doenças como pneumonia e bronquite. Além disso, o contato direto com superfícies geladas e úmidas, como calçadas e bancos de praça, pode levar a ferimentos e até mesmo amputações. A falta de agasalhos adequados e de acesso a banhos quentes agrava ainda mais essas condições. Tempos difíceis Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que 52.226 pessoas viviam nas ruas da capital paulista até fevereiro deste ano. A pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (POLOS-UFMG), com dados do CadÚnico, indica um aumento de 8,2% em relação a novembro de 2022, quando outro estudo foi feito. Diante desse cenário desolador é fundamental que medidas sejam adotadas para amparar e proteger os moradores de rua durante o inverno. As políticas públicas devem ser voltadas para a criação de abrigos emergenciais, com oferta de camas, cobertores, roupas quentes e alimentação adequada. A prefeitura de SP, além dos abrigos, também está disponibilizando algumas estações de metrô como estadia temporária para os dias mais frios. Além disso, é essencial intensificar o trabalho das equipes de assistência social, que devem percorrer as ruas da cidade, identificar e acolher essas pessoas, oferecendo-lhes abrigo, encaminhamento para serviços de saúde e oportunidades de reinserção na sociedade. Corações quentes contra o frio A atuação da sociedade civil também é fundamental nesse contexto. Doações de agasalhos, cobertores e alimentos são extremamente importantes para suprir as necessidades básicas dos moradores de rua. Além disso, a solidariedade e o respeito são essenciais para quebrar estigmas e preconceitos, lembrando que cada pessoa em situação de rua tem uma história de vida única e merece dignidade e compaixão. No entanto, é crucial destacar que o enfrentamento do problema da população em situação de rua e do frio intenso não se resume apenas a medidas emergenciais. É necessário investir em políticas públicas mais amplas que abordem as causas estruturais da desigualdade social, como a falta de moradia, a precarização do trabalho e a exclusão social. Somente com uma abordagem abrangente e integrada será possível criar condições para que todos os cidadãos tenham uma vida digna e protegida, independentemente das condições climáticas. Em resumo, o frio intenso traz desafios adicionais para os moradores de rua em São Paulo. A situação demanda ação conjunta do poder público, da sociedade civil e de todos os cidadãos conscientes. A necessidade de abrigos emergenciais, doações e assistência social é urgente, mas também é fundamental pensar em soluções de longo prazo para enfrentar as causas subjacentes da desigualdade e da falta de moradia. Somente assim poderemos construir uma cidade mais justa, acolhedora e solidária para todos. Veja algumas instituições para fazer doações na cidade de São Paulo. Se possível, faça sua parte e ajude-as! Solidariedade Vegan A ONG liderada por João Gordo ajuda pessoas em situação de rua no centro de São Paulo e pede doações de cobertores, meias, tênis, agasalhos, toucas e mais peças de frio. Como doar: ponto de coleta na R. Cesário Ramalho, 157, no bairro do Cambuci, das 10h às 18 horas, de segunda a sábado. Ponto de coleta na R. Rego Freitas, 542, Centro, das 08 às 19 horas, todos os dias. Para doações em dinheiro, envie um Pix para o CPF 101.471.468-01. Para transferência bancária, transfira para o Banco Itaú (Agência: 3757 / Conta: 04754-7), em nome de João F. Benedan. Entrega por SP O projeto distribui alimentos, cobertores e meias para a população em situação de rua em São Paulo. Como doar: para doações em dinheiro, envie um Pix para o e-mail entregaporsp@gmail.com. Para mais informações, acesse o site do Entrega por SP ou o perfil deles no Instagram. Pastoral do Povo de Rua O padre Júlio Lancellotti recebe e doa agasalhos, cobertores, gorros, toucas e meias para pessoas em situação de rua. Como doar: ponto de coleta na R. Taquari, 1100, na Mooca. Para doações em dinheiro, basta fazer um Pix para o CNPJ: 63.089.825/0097-96. Para transferências bancárias: Banco Bradesco (Agência: 0124 / Conta: 0053148-0), em nome da Paróquia São Miguel (CNPJ: 63.089.825/0001-44). SP Invisível A ONG SP Invisível ajuda a população em situação de rua da capital paulista. A instituição conta a história da população de rua. Como doar: faça um Pix para o e-mail oi@spinvisivel.org. Arsenal da Esperança Instituição criada por lideranças católicas abriga mais de 1 mil homens em situação de rua na Mooca, zona leste de São Paulo. Como doar: para doações em dinheiro, transfira para Sermig (Ass. Assindes Sermig) no Banco Santander (Agência: 0144 / Conta: 13-003147-6). Ou envie um Pix para o CNPJ: 62.459.409/0001-28. Legião da Boa Vontade A LBV e a Pastoral do Povo de Rua estão doando um kit com par de luvas de lã, meias de cano longo de lã e um gorro ou cachecol para a população em situação de rua em São Paulo. Como doar: as doações podem ser feitas pelo site da LBV ou via Pix para o e-mail pix@lbv.org.br. Para mais informações, acesse o Instagram da instituição.
Indústria da Cannabis é criticada por falta de visão social
Por Valéria França Um acontecimento movimentou os bastidores da Cannabis nessa semana. O epicentro da questão foram as declarações de Bruna Rocha, presidente-executiva da BRCann (Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides). Por conta disso, empreendedores, advogados e até médicos expressaram críticas ferrenhas à entidade. Confira parte da matéria publicada pela jornalista Valéria França, na Coluna Cannabis Inc. da Folha de S.Paulo, que entre outras opiniões, ouviu a cofundadora do CIVI-CO e presidente do Humanitas 360, Patrícia Villela Marino. Confira: A semana começou quente nos bastidores da Cannabis. Entre os afiliados da BRCann (Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides) o clima era de constrangimento contido. Fora deste círculo, empreendedores, advogados e até médicos expressaram críticas ferrenhas à entidade. O desconforto generalizado foi desencadeado pelas declarações de Bruna Rocha, presidente-executiva da BRCann, publicadas no Painel da Folha, no último sábado (10). O assunto era a descriminalização do porte de drogas. “Existem diversas manifestações contrárias à legalização do lado de cá, justamente por conta da implicação que isso pode ter na credibilidade do mercado”, disse ela na referida entrevista, pautada pela expectativa da sociedade do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o tema. Vale lembrar que se trata de uma ação sobre um caso específico de condenação por porte de maconha. Depois de uma reunião com os associados, a BRCann elaborou uma nota de esclarecimento, transmitida nesta terça-feira (13) ao blog Cannabis Inc. A entidade escreve que “o termo ‘liberação’ de drogas, empregado no título da matéria, não foi objeto de discussão aprofundada ao longo da conversa entre a entidade e o jornal”. E continua: “A indicação feita e ora reiterada é no sentido de que aguardaremos a decisão do STF para eventual posicionamento, ainda que o tema não seja de nossa competência direta.” Em nenhum momento, no entanto, a entidade nega as declarações da representante da BRCann. Empreendedora do setor e ativista, Patrícia Villela Marino lembra que “oportunismos de mercado não podem se sobrepor a uma causa que defende vidas, bem-estar e reparação histórica com ganhos econômicos sustentáveis e dignos”. Patrícia é fundadora do Humanitas360, entidade que desenvolve projetos, facilita coalizações de organizações sociais, profissionais e gestores públicos focados na diminuição da violência. “Não falamos e nunca se fez alusão em momento algum sobre liberação de drogas até porque já estão liberadas. Cada dia temos notícias de uma nova droga chegando ao país pela mão do crime organizado”, disse ela. Leia a matéria completa Foto: Diego da Silveira *Valéria França é jornalista no Blog Cannabis Inc. e colunista na Folha de S.Paulo.
Afeto e impacto: 5 dicas de presentes
O Dia dos Namorados é uma ocasião especial onde celebramos e compartilhamos a vida e o amor. Aqui na Comunidade CIVI-CO, o compartilhamento é um princípio básico – e entendemos que o afeto também é uma ferramenta potente na transformação socioambiental do planeta. Para combater o consumismo típico dessas datas, mas mantendo a tradição do presente nas datas comemorativas, vamos dar algumas dicas de presentes sustentáveis. Diversas opções para quem quer mimar a pessoa amada e, ao mesmo tempo, proteger a humanidade. Deixamos aqui 5 sugestões de presentes com responsabilidade socioambiental para além do Dia dos Namorados. Confira: Dicas de presentes sustentáveis 1. Refeição consciente Que tal aquele café da manhã romântico no Dia dos Namorados ou no aniversário de casamento? Tudo isso você pode fazer com receitas que utilizem produtos 100% plant based. Uma ótima dica é um café da manhã com produtos da The Question Mark, produzidos com leite vegetal. Uma forma de afeto com muito sabor e pitadas de cuidados com a saúde de quem queremos bem – e do planeta. 2. Roupas e acessórios de brechós e bazares Quer agradar alguém que gosta de moda? Uma boa sugestão é comprar roupas e acessórios de brechó ou bazar. Além de reaproveitar produtos de boa qualidade e com preço justo, você ajuda o meio ambiente. A indústria da moda é uma das que mais polui, exatamente por sempre exigir peças novas e únicas. Se você compra em um bazar ou brechó, quebra esse sistema e ainda garante um ótimo presente. 3. Autocuidado Já conhece a linha de produtos de cosméticos veganos, livres de plásticos e aromatizantes? Esse produtos naturais e com responsabilidades é uma ótima opção para agradar pessoas que praticam o autocuidado e também reafirmam o compromisso com a responsabilidade socioambiental. Aqui no CIVI-CO temos algumas iniciativas que produzem esses produtos, como a Positiv.a, Makeda e Galáxia Beauty. 4. Faça você mesmo presentes sustentáveis A moda do “faça você mesmo” (DIY) continua em alta. E você pode criar uma série de presentes sem o uso de plástico e com materiais recicláveis. São muitas as opções de presentes criativos e autorais: bolsas, objetos de decoração, bandejas de café da manhã, kit de essências e perfumes e até uma geleia natural caseira. Você pode fazer um presente artesanal e exclusivo para presentear a pessoa que ama! É muito carinho envolvido! 5. Produtos recicláveis A última dica é para quem não tem muitas habilidades manuais, mas que deseja dar um presente feito de materiais recicláveis. Existem lojas que vendem produtos apenas com esse tipo de material, uma série de possibilidades para você escolher! Tem desde cadernos a quadros e porta-retratos. Todas essas sugestões acima são excelentes opções para agradar as pessoas amadas da sua vida. Com essas dicas de presentes sustentáveis você vai arrasar na próxima data especial. Conheça os membros da Comunidade CIVI-CO e se surpreenda com a diversidade de negócios e soluções que estão aqui.
Meio Ambiente x Marco Temporal
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, é uma oportunidade de refletir sobre a importância da preservação ambiental e as soluções que precisamos desenvolver nessa área para garantir a existência das próximas gerações. Neste contexto, a discussão em torno do PL 490/07, que propõe um marco temporal para a demarcação das terras indígenas no Brasil, torna-se necessária especialmente nessa data, porque ele tem implicações diretas na preservação ambiental e nos direitos dos povos indígenas. O Dia do Meio Ambiente é um momento de conscientização sobre a necessidade de proteger e preservar o meio ambiente para promover um futuro sustentável. O PL 490/07 suscita preocupações importantes, uma vez que propõe limitar a demarcação das terras indígenas apenas às áreas ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Essa proposta coloca em risco os direitos territoriais das comunidades indígenas que foram deslocadas de suas terras após 1988. Ao limitar o reconhecimento das terras indígenas a um marco temporal específico, corre-se o risco de negar a importância de áreas que, embora não ocupadas naquela data, são essenciais para a preservação ambiental. Demarcação = preservação As terras indígenas desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade e na proteção de ecossistemas frágeis. São áreas onde a relação harmoniosa entre comunidades indígenas e meio ambiente se desenvolve há séculos, resultando em uma convivência sustentável e na preservação de práticas tradicionais de manejo ambiental. Ao limitar a demarcação apenas às terras ocupadas até 1988, o PL 490/07 ignora o conhecimento ancestral indígena e sua contribuição para a preservação ambiental. A manutenção dos direitos territoriais indígenas é essencial para garantir a continuidade dessas práticas sustentáveis e a proteção de áreas estratégicas para a biodiversidade. A demarcação de territórios indígenas é fundamental para evitar a exploração indevida desses territórios, que muitas vezes também são ambientes de preservação ambiental. Locais esses que são alvos constantes de madeireiras e garimpos clandestinos. Um exemplo é a incessante busca pelo ouro na Amazônia Legal que ameaça mais de 6 milhões de hectares em Terras Indígenas e Unidades de Conservação naquela região.. Confira o estudo publicado pelo Instituto Escolhas Todes contra o Marco É fundamental considerar a importância da consulta prévia, livre e informada das comunidades indígenas em qualquer decisão relacionada à demarcação de terras. Essa consulta é um direito reconhecido internacionalmente e garantido pela Constituição brasileira. Ela permite que as comunidades indígenas expressem suas preocupações e contribuam com sua sabedoria ancestral na tomada de decisões que afetam diretamente seus territórios e modos de vida. Ao relacionar o Dia do Meio Ambiente com o PL 490/07, torna-se evidente a necessidade de uma abordagem equilibrada e sensível, que considere tanto a preservação ambiental quanto os direitos dos povos indígenas. A proteção do meio ambiente e a garantia dos direitos indígenas não são objetivos contraditórios, mas, sim, complementares. É possível promover o desenvolvimento sustentável, respeitando e valorizando a cultura e o conhecimento desses povos.
Paraisópolis no centro do debate sobre a cannabis
Enquanto o mercado brasileiro cresce e se prepara para uma abertura seguindo os passos mundiais, a periferia se depara com a desinformação, criminalização e desconhecimento sobre os benefícios da cannabis. Discutir a planta em território periférico, levar conhecimento de qualidade e de forma simples é o foco do Legado Talks, que acontece no dia 24 de junho, na favela de Paraisópolis. Organizado por Renata Alves, líder comunitária e conselheira de saúde, o evento tem a meta de abrir o debate sobre a cannabis deixando de lado preconceitos e vieses tão reconhecidos por quem vive na periferia, como maconha ser sinônimo de crime e encarceramento. “É mais que necessário falar sobre cannabis em territórios periféricos. Muitos moradores escutam a notícia que vai ter remédio de cannabis no SUS e não fazem ideia de como isso pode estar presente em sua vida, já que maconha é droga e ponto final. Além de toda parte medicinal, a planta tem um potencial enorme de empreendedorismo. São esses nossos objetivos”, afirma Renata. Construindo um legado Esta é a primeira edição do Legado Talks, evento que pretende levar o modelo para outros territórios periféricos, sempre abordando as dúvidas e necessidades de cada comunidade. Já estão confirmados nomes como: Caio França (deputado estadual autor da lei que inclui cannabis medicinal no SUS), Tabata Amaral (deputada federal), Cris Guterres (jornalista), Filipe Sabara (secretário de desenvolvimento social do estado de São Paulo), André Lozano (advogado criminalista), Danilo Biu (historiador e vice-presidente de torcidas Gaviões da Fiel), Tatiane Cruz (empreendedora social), Ticiana Santana (empreendedora), Lih Vitória (cientista periférica) e representantes da CAPS Einstein. Outro ponto importante do evento é a inclusão do empreendedorismo no debate sobre os vários usos da planta. Para falar sobre o tema, a co-idealizadora do evento e fundadora da Galáxia Beauty, Tatiane Cruz, irá liderar um dos painéis ao lado de Ticiana Santana, fundadora da CBeDifferent. Legado Talks é fruto da colaboração dessas duas mulheres empreendedoras, que tem como foco a geração de renda, empreendedorismo feminino e reparação histórica. “A parceria entre Galáxia Beauty e CBeDifferent permitiu levar a discussão do empreendedorismo canábico para dentro de Paraisópolis. A cannabis quebra barreiras com seu potencial inovador, possibilitando geração de renda e fomentando o empreendedorismo sustentável para locais que sempre sofreram com a criminalização da planta”, afirma Ticiana. “Essa colaboração entre as nossas marcas para promover um evento tão disruptivo é muito potente. Falar sobre desenvolvimento, geração de renda e reparação histórica dentro de uma comunidade tão expressiva como Paraisópolis é ser acessível e promover a inclusão real”, afirma Tatiane. O evento também marca a inauguração do Legado Hub, primeiro coworking de Paraisópolis. Um ecossistema de membros engajados que atuam em áreas diversas do empreendedorismo social, cultural e ambiental encorajando soluções de desenvolvimento, geração de renda, reparação histórica e legado de impacto positivo em territórios periféricos. SERVIÇO Legado Talks Quando: 24 de junho (sábado) Onde: Legado Hub (R. Melchior Giola 77 – 6º andar – Paraisópolis | SP) Horário: 10h às 15h Imprensa Adriana Cardillo (11) 99364-3373 | adricardillo@gmail.com Parcerias e patrocínio Tatiane Cruz (11) 98865-6656 | legadotalks@gmail.com Ticiana Santana (11) 61 99118-0822 | legadotalks@gmail.com
É necessário descriminalizar já!
Segundo o direito penal, a palavra “descriminalização” é o “ato legal de excluir da criminalização fato abstrato antes considerado crime.” O termo judicial ganhou grande repercussão na última semana, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou mais uma vez o julgamento que trata da possível descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal. O processo sobre o tema estava na pauta de julgamentos da quarta-feira (24), mas não foi chamado, já que os ministros utilizaram toda a sessão para analisar uma ação penal contra o ex-presidente Fernando Collor. Havia expectativa de que a descriminalização pudesse ser chamada no dia seguinte, mas o recurso foi retirado de pauta. Quer saber mais sobre os termos ligados à cannabis? Baixe agora o nosso “Dicionário da Cannabis” A discussão em torno da descriminalização das drogas tem ganhado relevância no contexto sociopolítico contemporâneo. Nesse debate é importante considerar não apenas as questões de saúde e segurança pública, mas também o impacto que as políticas de drogas têm sobre as comunidades marginalizadas. O racismo sistêmico está profundamente entrelaçado nas políticas de drogas, resultando em disparidades sociais e raciais significativas. A chamada “guerra às drogas” e seu viés racial: as políticas de drogas têm sido historicamente utilizadas como ferramentas de opressão e controle social das comunidades negras e latinas. Discriminação racial x Impacto da descriminalização das drogas Prisões em massa: a criminalização das drogas tem contribuído para o aumento das prisões em massa, afetando negativamente as minorias étnicas e aprofundando as desigualdades raciais no sistema de justiça criminal. Redução das taxas de encarceramento: a descriminalização das drogas pode reduzir significativamente as taxas de encarceramento, beneficiando principalmente as comunidades racialmente marginalizadas. Enfoque em abordagens de saúde pública: ao invés de tratar os usuários de drogas como criminosos, a descriminalização permite que sejam vistos como pessoas que precisam de assistência médica e suporte social, abrindo espaço para abordagens mais humanitárias e inclusivas. Oportunidades de investimento: a regulamentação e legalização de algumas substâncias podem criar oportunidades econômicas para comunidades historicamente prejudicadas pelo racismo, promovendo a inclusão social e o empoderamento econômico. A realidade escancarada Entidades de defesa dos direitos das pessoas negras argumentam que a atual lei de porte de drogas leva à discriminação e escancara o racismo nas decisões judiciais. A maioria dos presos por tráfico são negros, ainda que boa parte tenha sido flagrada com quantidades menores de droga do que réus brancos enquadrados como usuários. Questionada, a assessoria do Supremo disse apenas que a presidente da Corte, ministra Rosa Weber, é a responsável por administrar a pauta e remarcar uma nova data para o julgamento do caso. Iniciado há oito anos, quando foi interrompido por um pedido de vista, o caso não voltou a ser discutido em plenário desde então. Até o momento, três ministros (Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Gilmar Mendes) votaram a favor de algum tipo de descriminalização da posse de drogas. O recurso sobre o assunto possui repercussão geral e provavelmente servirá de parâmetro para todo o Judiciário brasileiro. Novos caminhos A descriminalização das drogas apresenta-se como uma alternativa viável e necessária para enfrentar o racismo sistêmico presente nas políticas de drogas. Ao desafiar a narrativa punitiva e repressiva, é possível abrir caminho para uma abordagem mais justa, equânime e baseada na saúde pública. É crucial reconhecer que o racismo e a discriminação são intrínsecos às políticas de drogas e que a descriminalização representa um passo importante para a construção de uma sociedade mais igualitária, onde a cor da pele não seja um fator determinante para a criminalização e marginalização.
Empreendedoras da beleza dominam as favelas
por Galáxia Revendedoras O potencial de consumo anual das favelas brasileiras é de 180 bilhões de reais. Quem afirma esse dado é a pesquisa Persona Favela do Outdoor Social, realizada em 2021. Segundo o estudo, as 15 maiores comunidades periféricas do Brasil gastam anualmente 436 milhões de reais com produtos de beleza e higiene pessoal. Número bastante superior a shoppings, lojas e farmácias “do asfalto”. Ainda de acordo com a pesquisa, mais de 50% dessas vendas são feitas através de revendedoras das próprias comunidades, as chamadas “revendedoras porta a porta”. Por outro lado, mesmo com esse volume expressivo de vendas, usando apenas sua rede de contatos, grande parte dessas mulheres ainda vê esse trabalho apenas como uma segunda fonte de renda. “A insegurança é o motivo principal para que elas considerem a revenda somente como uma atividade complementar. Insegurança de investirem no seu sonho por serem, na maioria das vezes, a principal ou única fonte de renda da família, pela falta de capacitação, baixa autoestima, entre outros”, explica Tatiane, fundadora da Galáxia Revendedoras. Seguindo o movimento de grandes marcas multinacionais do setor da beleza, a Galáxia Revendedoras foi criada para ser um ecossistema que potencializa esse modelo de negócio, levando acessos e novas possibilidades para mulheres periféricas. Incubada dentro da favela de Paraisópolis (SP), em pouco mais de 1 ano de operação, a Galáxia já impactou diretamente a vida de 80 mulheres – e mais de 320 pessoas indiretamente. Legenda: A Galáxia promove o empoderamento de mulheres da periferia através da capacitação Uma galáxia de oportunidades A partir do desejo de ter um produto próprio e competitivo para revenda, a Galáxia Revendedoras, junto com as revendedoras de Paraisópolis (SP), criaram a “Galáxia Beauty”, uma marca de perfumes e dermocosméticos desenvolvida para gerar renda e resgatar a autoestima dessas mulheres. Um dos casos de sucesso dentro da Galáxia é a Márcia Jesus, mãe, avó, mulher preta, cadeirante que viu nas vendas a possibilidade de continuar mantendo financeiramente a sua família e trabalhar com dignidade, mesmo diante de todas as dificuldades. No ecossistema desde o início, Márcia será a primeira revendedora a ter uma franquia social física da Galáxia. A loja, que já existe em um dos becos de Paraisópolis, passará por uma reforma completa para vender os produtos da marca Galáxia Beauty. Legenda: Márcia será a primeira revendedora a ter um loja física da Galáxia Compre os produtos Galáxia