Equilíbrio: saúde mental e trabalho híbrido
Nos últimos anos, o cenário profissional passou por mudanças significativas, impulsionadas em grande parte pela revolução tecnológica e pela pandemia de COVID-19. Uma das transformações mais notáveis foi a adoção do trabalho híbrido, que combina as atividades presenciais e remotas. Embora essa flexibilidade tenha trazido vantagens evidentes, também desencadeou uma série de desafios relacionados à saúde mental dos trabalhadores e que retornaram à pauta no Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental. O trabalho híbrido, em teoria, promete conciliar a vida profissional e pessoal de forma mais equilibrada, reduzir o estresse relacionado ao deslocamento e oferecer maior autonomia. No entanto, na prática, muitos trabalhadores relatam dificuldades em estabelecer limites entre suas responsabilidades profissionais e pessoais. Vantagens do Trabalho Híbrido Flexibilidade no horário: os funcionários têm a flexibilidade de definir parte de seu horário de trabalho, o que pode ser especialmente benéfico para aqueles com obrigações pessoais ou familiares. Redução de deslocamento: o trabalho remoto parte do tempo elimina a necessidade de longos deslocamentos diários, economizando tempo e reduzindo o estresse associado ao trânsito. Melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: a capacidade de trabalhar em casa permite um melhor equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e pessoais, contribuindo para uma vida mais equilibrada. Acesso a talentos globais: as empresas podem recrutar talentos de todo o mundo, não se limitando a candidatos locais, o que pode resultar em uma equipe mais diversificada e qualificada. Redução de custos: para os funcionários, o trabalho remoto pode significar economias em termos de transporte, alimentação fora de casa e roupas de trabalho. Para as empresas, pode haver economias em espaço de escritório e utilitários. Sustentabilidade: menos deslocamentos e uso de espaço de escritório podem ter um impacto positivo no meio ambiente, reduzindo a pegada de carbono. Caminho solitário Um dos desafios cruciais é a solidão e o isolamento que podem surgir no trabalho remoto. A interação social limitada e a falta de conexões pessoais podem levar à depressão e ansiedade. A ausência de um ambiente de trabalho estruturado também pode fazer com que alguns se sintam perdidos ou desmotivados, prejudicando sua saúde mental. Além disso, a pressão para ser produtivo a todo custo é uma preocupação crescente no contexto do trabalho híbrido. A sensação de que sempre se deve estar disponível, responder a mensagens e e-mails imediatamente ou realizar tarefas fora do horário de trabalho designado pode levar ao estresse crônico. O equilíbrio Para enfrentar esses desafios, tanto os empregadores quanto os funcionários desempenham um papel fundamental. As empresas devem promover uma cultura de apoio à saúde mental, incentivando pausas regulares, o uso de dias de folga e a flexibilidade no planejamento do trabalho. Outras ações recomendadas são: treinamento sobre saúde mental, programas de apoio psicológico e até uma proposta de trabalho em espaços compartilhados como os coworkings. Os funcionários, por sua vez, devem estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal, criar um espaço de trabalho adequado em casa e manter rotinas saudáveis, como fazer exercícios, praticar a meditação e manter contato social regularmente. O trabalho híbrido é uma realidade, mas não pode ser ignorada a sua influência na saúde mental dos trabalhadores. A busca por um equilíbrio saudável entre a flexibilidade oferecida pelo trabalho híbrido e a proteção da saúde mental é essencial. Empregadores e funcionários devem colaborar para criar um ambiente de trabalho que promova o bem-estar psicológico.
Dignidade menstrual para todas
por Herself Desde 2021, as temáticas da pobreza e da dignidade menstrual estão em alta no Brasil. Expressões como dignidade, saúde e educação menstrual têm alcançado um número maior de pessoas. Apesar do lado dos cuidados menstruais por parte da iniciativa pública ainda estar dando os seus primeiros passos ao redor do mundo, o universo do “menstrual care” já é um mercado robusto, com previsão de crescimento em 50 bilhões de dólares até 2025, segundo relatório da Frost & Sullivan. Diferente do que se pode imaginar, esse ramo é alimentado não só por empresas que desenvolvem protetores menstruais, mas também por Femtechs (startups que se dedicam a desenvolver produtos e serviços que utilizam tecnologia para ajudar em questões de saúde da mulher), por vezes, aliadas a visões de impacto social. É o caso da Herself Educacional, empresa criadora do “Revolucione Seu Ciclo”. O projeto, que busca levar educação menstrual e ensinar mulheres internas de unidades prisionais a produzirem bioabsorventes, teve início em 2019, no Rio Grande do Sul, e hoje já impactou mais de 2 mil mulheres no Ceará, Minas Gerais e Rondônia. A produção dos absorventes ecológicos já somam 3,8 toneladas de resíduos evitados. A iniciativa se tornou uma referência nacional em 2022, considerada um dos oito melhores projetos de trabalho prisional pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). De acordo com as fundadoras da Herself, os maiores propósitos deste trabalho estão na ressocialização das apenadas e na perspectiva futura de fonte de renda com o aprendizado de um novo ofício. “Entendemos que não há desenvolvimento sustentável sem a promoção da Dignidade Menstrual, considerando os diferentes desafios envolvidos”, explica Raíssa Kist, CEO e co-fundadora Herself Educacional. A empreendedora ainda afirma que o trabalho de ressignificar a menstruação também implica em potencializar as pessoas, melhorar a autoestima e a confiança em si. “Também queremos levar a possibilidade de oferecer para a sociedade uma importante solução fabricada dentro dos institutos penais, garantindo uma valorização das pessoas que atuam na confecção”, comenta Raíssa, que também é co criadora e CEO da Herself, empresa pioneira no Brasil na produção de calcinhas e moda praia absorventes. A marca também é parceira e atua no Revolucione Seu Ciclo ao fornecer sua tecnologia para produção dos bioabsorventes. Juntas, as femtechs, que são empresas irmãs, desenvolvem produtos e serviços de impacto social e já evitaram que 20,3 toneladas de lixo fossem gerados no planeta. Ressocialização além das grades Segundo dados do levantamento World Female Imprisonment List, hoje o Brasil tem a terceira maior população feminina em privação de liberdade do mundo. São cerca de 42.694 mulheres e meninas presas em regime provisório ou condenadas. Desse total, de acordo com Ministério da Justiça e Segurança Pública, 62% são de mulheres negras. Já uma pesquisa realizada pela Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas mostrou que 45% dos egressos do sistema prisional apresentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho. O estigma social dificulta as perspectivas de futuro dessas mulheres, tornando o empreendedorismo feminino uma alternativa para se criarem novas histórias. Para Raíssa Kist, a iniciativa promove impacto positivo na vida da mulher que está em situação de cárcere privado. “Através do ‘Revolucione Seu Ciclo’, compartilhamos uma nova perspectiva de saúde, promovendo acesso à tecnologia, à inovação e à informação do nosso próprio corpo. Isso para nós é dignidade menstrual. Além disso, levamos uma visão de futuro, de esperança por dias melhores, de trabalho e renda através desse produto para as internas. Nós acreditamos que os bioabsorventes possam ser uma forma de sustento para todas as pessoas que têm a oportunidade de participar do projeto”, conclui a empreendedora social. Conheça a Herself
Visita CIVI-CO: Protagonismo de Vozes Indígenas
“Nós pensamos nossa vida como um todo, não somente com etnia, como povo passageiro, nós acreditamos que a nossa existência deve permanecer para sempre até onde existir o planeta Terra.” Com a fala do Uraan Suruí, Vice-Cacique do povo indígena Paiter Suruí, vamos iniciar mais uma “Visita CIVI-CO”, mostrando como todos nós estamos conectados e dependentes uns dos outros. Por mais que pareça, não somos comunidades isoladas. Precisamos falar o mesmo idioma: o da preservação. A segunda temporada do podcast “Visita CIVI-CO” chegou à região do Território Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO). Durante nossa jornada pela Amazônia, tivemos a oportunidade de conhecer e aprender com o impacto positivo gerado por essa comunidade que possui uma sólida presença na área da bioeconomia. Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paiter, que significa “povo verdadeiro” na língua tupi-mondé. Atualmente, ocupam uma extensa área de 247 mil hectares. A liderança da comunidade, sob a orientação do Cacique Almir Suruí, teve que se adaptar e inovar ao longo dos anos para garantir sua sobrevivência, tornando-se uma referência em termos de inovação. Convidamos você a nos acompanhar nessa visita “Visita CIVI-CO” é uma série documental, originalmente produzida para o YouTube e adaptada para podcast, em uma parceria entre o CIVI-CO, Pod Space e Digitale, que se baseia em visitas a organizações e iniciativas que têm um impacto positivo nas esferas cívicas e socioambientais do Brasil invisível para muitos. Depois de uma primeira temporada gravada no G10 Favelas em Paraisópolis, a segunda temporada destaca as histórias da comunidade Paiter Suruí e sua conexão com a natureza e a bioeconomia. Nosso objetivo é desmistificar a ideia de que negócios de impacto são exclusivos e elitistas, demonstrando que os ecossistemas indígenas também podem gerar soluções inovadoras e transformadoras. Metareilá – O “local de reunião” Os Paiter Suruí tiveram seu primeiro contato oficial com não indígenas em 1969, o que trouxe profundas mudanças sociais para sua comunidade. Antes desse contato, havia mais de 5 mil Paiter Suruí, mas após o contato, esse número foi reduzido para cerca de 290 indivíduos, e a comunidade quase foi extinta. Preocupados com a sobrevivência de sua comunidade, as lideranças criaram a Organização Metareilá em 1989. Essa organização foi estabelecida para combater a atividade madeireira ilegal e escolher líderes comprometidos com a preservação do meio ambiente. O nome “Metareilá” significa “local de reunião”. A organização promove alternativas econômicas sustentáveis, estabelece parcerias com organizações nacionais e internacionais e busca apoiadores que compartilhem de suas causas socioambientais. Em 2007, os Paiter Suruí também implementaram um Projeto de Crédito de Carbono Florestal para proteger a floresta e elaboraram um Plano de Vida para os próximos 50 anos. Esse projeto financiará atividades de proteção e fiscalização por meio de pagamentos por serviços ambientais, como a comercialização de créditos de carbono. Ouça o podcast “Visita CIVI-CO” saiba mais em: www.paiter-surui.com.
Como cuidar do planeta com simples mudanças?
Por Positiv.a Você sabia que a primeira escova de dentes que você usou na vida ainda está pelo planeta? Sabia que na composição da sua pasta de dente tem derivados de petróleo? Ou que o óleo de amêndoas que você passa no corpo é repleto de conservantes, parabenos e essências artificiais? Pois é, esses são apenas alguns exemplos de produtos que estão no nosso dia a dia e que impactam, direta e indiretamente, a nossa saúde e o meio ambiente. E mesmo cientes disso, sabemos que nem sempre é fácil trocar os produtos convencionais, que já fazem parte da nossa rotina, por opções ecológicas e que respeitam o corpo e a natureza. Por isso, queremos mostrar que é, sim, possível cuidar do planeta com pequenas trocas positivas. Entretanto, antes de qualquer coisa, é importante reconhecer que está tudo bem a gente não saber de tudo e que a mudança para um estilo de vida mais ecológico acontece no tempo de cada pessoa. Comece a mudança pela sua casa Se queremos mudar nossos hábitos, faz sentido começarmos pelo nosso universo particular, ou seja, pela nossa casa. Por isso, acreditamos que fazer algumas trocas positivas, como se livrar dos produtos de limpeza convencionais que utilizamos na limpeza do lar – aqueles milhares de produtos que muitas vezes são nocivos para a saúde, sabe? – por opções ecológicas e sustentáveis, faz toda a diferença. Às vezes, uma única alternativa de multiuso, por exemplo, substitui pelo menos 8 produtos diferentes e você, além de ter um melhor custo-benefício, colabora com o meio ambiente usando menos – ou nenhum – plástico. Ou também podemos começar pela troca da esponja convencional da nossa cozinha, que é feita de plástico e demora milhares de anos para se decompor, pelas buchas vegetais – que são naturais, biodegradáveis e compostáveis. Que tal estender para o autocuidado? Da mesma forma, optar por produtos de autocuidado que cuidam do nosso corpo e do planeta pode parecer uma atitude pequena, mas a longo prazo, acredite, gera um grande impacto positivo. E talvez saber que a sua primeira escova de dente ainda está no planeta seja o empurrão que você precisa para trocar as escovas convencionais, de plástico, pelas de bambu – que por ser feita de planta se biodegrada rapidamente! Pequenas trocas, grandes impactos É claro que as trocas positivas não ficam somente no campo do consumo. Também é possível adotar atitudes nas demais áreas da vida. Reduzir a ingestão de carne, ler os rótulos dos produtos, optar por produtos com embalagens recicláveis ou reutilizáveis e dar preferência a produtos naturais são alguns dos milhares de exemplos que existem. Além disso, é preciso que as empresas assumam cada vez mais um compromisso com as questões socioambientais. Foi a partir desse questionamento e do repensar os nossos hábitos de consumo que nasceu a positiv.a: uma empresa que, por meio de produtos e serviços, dedica-se a restabelecer o equilíbrio entre meio ambiente e sociedade. Economia circular, agricultura familiar e reciclagem são algumas das nossas maiores responsabilidades, e acreditamos que elas precisam estar cada vez mais no vocabulário das empresas, no Brasil e no mundo. Por isso, fica o convite: que comecemos hoje mesmo as pequenas mudanças, as nossas trocas positivas – e que no final farão grande diferença. Quer conhecer mais sobre a gente e se surpreender com as trocas positiv.as que oferecemos? Então, visite as nossas redes sociais! positiva.eco.br | @positiv.a Sozinhos, somos gota, Juntos, somos oceano.
Lucro e sustentabilidade: aliados do futuro
A nossa sociedade é sustentada por três pilares essenciais: pessoas, meio ambiente e economia. Então, para continuar de pé é necessário encontrar o equilíbrio entre esses fenômenos e essa busca tem sido o principal desafio enfrentado no mundo. Enquanto o modelo econômico tradicional baseia-se em um sistema linear de produção, consumo e descarte, a economia circular defende maximizar o valor dos recursos ao longo de seu ciclo de vida, minimizando resíduos e impactos negativos no meio ambiente. A sustentabilidade tornou-se um imperativo global à medida que os efeitos das atividades humanas sobre o meio ambiente se tornam mais evidentes. No Mapa de Negócios de Impacto de 2021, produzido pela Pipe.Social, foi registrado que o tamanho do mercado de investimentos de impacto no mundo era de US$715 bilhões. Nesse contexto, a economia circular surge como uma alternativa promissora, visando não apenas reduzir a pressão sobre os recursos finitos, mas também criar oportunidades econômicas e sociais. O conceito de economia circular envolve três princípios interligados: reduzir, reutilizar e reciclar. Criando redes Uma das estratégias mais eficientes para otimizar resultados é a organização de hubs e comunidades. Criam-se e fomentam ambientes seguros onde as empresas de inovação podem conversar sobre seus desafios e trocar informações para encontrar soluções. Aqui no Brasil temos exemplos dessas comunidades: CIVI-CO – Organizações e negócios de impacto social Cubo Itaú – Startups e inovação Endeavor Brasil – Scale-ups Sebrae – Micro e pequenas empresas A Comunidade CIVI-CO é um hub onde negócios e organizações socioambientais compartilham conhecimento e colaboram entre si para potencializar soluções sustentáveis. Ela reúne diversas iniciativas e projetos do universo ESG, todos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Conheça alguns membros que são casos de sucesso na sigla ESG: Positiv.a (Ambiental) Empresa B, ecológica e socialmente responsável, que nasceu em 2016. Desde então, cria produtos e soluções para cuidar da casa, do corpo e do planeta. Todos os produtos são veganos, biodegradáveis, hipoalergênicos e livres de substâncias tóxicas. Atuam principalmente com o ODS 12 – Consumo e produção responsáveis. AppJusto (Social) Plataforma que busca relações mais justas e equilibradas para todos os componentes do ecossistema de delivery no Brasil. Ao propor um novo modelo de atuação, mais transparente, eficiente e participativo, busca impactar positivamente a vida de todos os integrantes. O projeto está em construção, orientado pelo ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico. Fundo Agbara (Governança) Organização de inovação social que potencializa iniciativas de mulheres negras periféricas através de aportes financeiros, educação (capacitações técnicas e de cidadania para as beneficiadas e formações sobre relações étnico-raciais para a rede de mais de 250 doadores) e assessorias. O trabalho do fundo colabora com o ODS 1 – Erradicação da pobreza e ODS 17 – Parcerias e meios de implementação. [Ebook] ESG na prática: o futuro do seu negócio está aqui Colaboração é o caminho A implementação eficaz da economia circular enfrenta desafios substanciais, pois requer a colaboração de múltiplos setores, incluindo governos, indústrias, academia e sociedade civil. Esta mudança de mentalidade, tanto por parte dos consumidores quanto das empresas, é fundamental para superar a cultura do descarte e adotar práticas de consumo mais responsáveis. A transição para uma economia circular exige esforços colaborativos e a adoção de políticas que incentivem práticas sustentáveis em todos os níveis da sociedade. Ao fazermos essa mudança, estamos pavimentando o caminho para um futuro onde a prosperidade humana é equilibrada com a saúde do planeta.
O protagonismo da mulher negra na educação antirracista
por Piraporiando É possível falar sobre empreendedorismo social em prol da construção das bases de um sistema educacional antirracista? Não só é possível, como é primordial para compreendermos o impacto da atuação protagonista de mulheres negras na transformação do ecossistema educacional brasileiro. Este é o caso da Piraporiando EdTech, organização de impacto social idealizada por uma mulher negra e construída por uma rede de colaboradores composta majoritariamente por mulheres negras, que há oito anos assumiu o compromisso de atuação ativa na construção dos pilares da educação antirracista no Brasil. Este compromisso se traduziu na criação de um programa educacional de formação continuada para gestores e educadores, o Trilhas da Diversidade, que tem por foco a educação antirracista, equidade de gênero e inclusão no contexto escolar por meio da cultura do afeto. E o que é, para nós, a cultura do afeto? Na Piraporiando, consideramos o afeto como uma ação política transformadora, que nos permite o acolhimento e a partilha de saberes e experiências, provocando os sujeitos a reflexão individual e coletiva sobre seus posicionamentos e práticas frente às questões estruturais enfrentadas pela sociedade. Quando olhamos para a realidade do chão de escola, observamos a nítida necessidade de avançarmos neste tema para que o poder público assuma compromisso efetivo com a luta antirracista, acolhendo e valorizando a diversidade das experiências educacionais nos diversos ‘Brasis’. Diversidade? Presente! Neste sentido, Janine Rodrigues, escritora, idealizadora e CEO da Piraporiando EdTech, consolidou as bases deste programa educacional no fazer cotidiano junto a gestores, professores, estudantes, famílias e comunidade escolar de diversos territórios do Brasil. Identificando os desafios e as potencialidades de todas essas experiências. Hoje, o Trilhas da Diversidade está presente em escolas de 4 regiões do Brasil, desde os territórios amazônicos até o Sul do país, acolhendo a comunidade escolar em seus enfrentamentos diários e promovendo a formação continuada dos educadores e gestores nos temas da diversidade. A atuação protagonista de Janine, enquanto mulher negra, escritora e ativista da educação, assim como a experiência consolidada da equipe de educadoras(es) da Piraporiando, atuante nos mais diversos contextos da educação formal e não formal, nos permitem hoje uma contribuição ativa para a construção das bases de uma educação antirracista no Brasil junto a sociedade e ao poder público. Conheça a Piraporiando
4 dicas de Captação para empreendedores sociais
A busca por investimentos é essencial para o crescimento – e impacto – das empresas socioambientais, que buscam equilibrar o sucesso financeiro com a promoção do bem-estar social e sustentabilidade ambiental. Essas empresas desempenham um papel crucial na abordagem de desafios contemporâneos, como a crise climática e a desigualdade social, e a captação de recursos é fundamental para impulsionar suas iniciativas. Por onde começar Neste texto, exploraremos quatro estratégias de captação de investimentos, acompanhadas por exemplos inspiradores. Confira: Investidores e Fundos de Impacto Social Investidores de impacto buscam gerar retornos financeiros, ao mesmo tempo em que promovem mudanças positivas na sociedade e no meio ambiente. Os fundos de impacto social, por exemplo, dedicam-se a investir em empresas cujas atividades alinhem lucro e propósito social. Um exemplo é a Sitawi, instituição financeira que financia projetos sustentáveis em diversas áreas, desde energia renovável até agricultura orgânica. Crowdfunding e Plataformas de Financiamento Coletivo As plataformas de crowdfunding permitem que as empresas socioambientais apresentem suas iniciativas diretamente ao público interessado, que pode investir pequenas quantias de dinheiro para apoiar projetos nos quais acredita. A empresa Amitis, por exemplo, arrecadou fundos através de um financiamento coletivo para desenvolver soluções contra a fome no Brasil. Parcerias com Fundações e ONGs Colaborações estratégicas com fundações e ONGs que compartilham valores semelhantes podem fornecer não apenas financiamento, mas também recursos e conhecimentos adicionais. A Patagonia, uma empresa de roupas e equipamentos ao ar livre, estabeleceu a “Patagonia Action Works“, uma plataforma que conecta organizações de base comunitária com recursos financeiros, humanos e técnicos. Investidores com Visão Sustentável À medida que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade cresce, investidores convencionais estão cada vez mais interessados em apoiar empresas que integram práticas sustentáveis em suas operações. O The Green Hub, consultoria de negócios em cannabis medicinal e industrial, conseguiu atrair investidores convencionais ao demonstrar a viabilidade financeira de investir em cannabis no Brasil. Em síntese, a captação de investimentos para empresas socioambientais é uma jornada que requer estratégias adaptáveis e criativas. Investidores de impacto, crowdfunding, parcerias com ONGs e atração de investidores convencionais alinhados com a visão sustentável são apenas algumas das abordagens possíveis. Os exemplos mencionados neste artigo ilustram como as empresas estão utilizando essas estratégias para impulsionar suas iniciativas socioambientais, evidenciando que é possível equilibrar o sucesso financeiro com o impacto positivo na sociedade e no planeta.
A transformação que vem das favelas
Por Gilson Rodrigues* Há pouco mais de dois anos, tomei a decisão de encarar a chegada da Covid19, tudo parecia incerto, mas não podia deixar de enxergar aqueles dois “Brasis” acontecendo bem debaixo do meu nariz. A divisão na sociedade ficou muito mais acentuada com a chegada do vírus. Enquanto um grupo fazia home office, com total segurança e direitos garantidos, outro, nas favelas, foi deixado à própria sorte, sem água, sem emprego, sem comida, sem dignidade, vivendo aglomerados com famílias numerosas. Diante da situação, um grupo de líderes que forma o G10 Favelas, junto a muitos moradores que se voluntariam para atender famílias em situação de vulnerabilidade, decidiram escrever a própria história. Convocamos um verdadeiro exército do bem, que batizamos por Presidentes de Rua, que atuaram e ainda atuam nas ruas das Favelas, e deram início a uma gigantesca rede de operação, solidariedade e cooperação no Combate à Fome. Do morro para o mundo Ficou estabelecido o “Nós por Nós”, que deu início a uma série de iniciativas humanitárias. Por falta de políticas públicas nas favelas, criamos nossas próprias para não deixar o nosso povo perecer. As ações foram desde a distribuição de cestas básicas e kits de higiene e limpeza, a entrega de marmitas às pessoas em maior vulnerabilidade social, que, por conta do desemprego, recebem as marmitas até hoje. A operação das Marmitas Solidárias entrou para a história de Paraisópolis e funciona, até hoje, com a boa vontade e expertise de duas mulheres empreendedoras donas do negócio de impacto social, “Mãos de Maria”, e conta com a generosidade de amigos, parceiros e patrocinadores. Até agora foram distribuídas mais de 2.265.600 marmitas em todo o Brasil. Na área da saúde, contratamos ambulâncias e idealizamos as casas de acolhimento, que receberam 487 moradores contaminados para a segurança das suas famílias, que não tinham a menor condição de fazer o recomendado distanciamento social em suas casas pequenas e com um número grande de moradores. Outro negócio de impacto criado por mulheres, muito importante nessa luta contra a Covid-19, foi a Costurando Sonhos Brasil, que confeccionou e doou mais de 1.786.669 máscaras desde o início da pandemia. Já o Emprega Comunidades, conhecido como o “LinkedIn das favelas”, garantiu uma renda para as domésticas de Paraisópolis e outras comunidades do país, garantindo um período em casa. Foram assistidas mais de 2.000 (duas mil) mulheres no início da pandemia. Tem dinheiro na favela Com a retomada econômica, as favelas não poderiam ficar de fora. Com todo aprendizado que tivemos nesse período difícil de pandemia construímos novos negócios para atender demandas que foram surgindo. No olho do furacão, criamos a Favela Brasil Xpress, uma startup voltada para logística que, de forma humana, sensível e com muito estudo, liberou os CEPs dos moradores, colocando de vez, as favelas no mapa do e-commerce nacional. Com apenas um ano de funcionamento, já é considerada um possível unicórnio no mercado financeiro. Para fortalecer esses novos negócios e muitos outros que surgirão, criamos a Bolsa de Valores das Favelas, o G10 Hub – Acelerador de negócios e o G10 Bank. Tudo pensado e inaugurado durante a pandemia. Enxergamos no momento de crise, oportunidades para nos reerguer, nós assumimos o protagonismo da situação e mostramos ao mundo que somos agentes da nossa própria transformação. Juntos, nós do G10 Favelas, e todos que nos ajudaram doando e compartilhando nossas ações humanitárias, chegamos a vários estados do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Amazonas, Maranhão, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal. Abraçamos mais de 350 favelas e vamos levar essas iniciativas para muitos outros lugares. *Empreendedor social e presidente do G10 Favelas.
Mês da Filantropia Negra e a Equidade Racial
O Mês da Filantropia Negra, celebrado anualmente em agosto, é um período dedicado a destacar e valorizar a filantropia dentro da comunidade negra. Esta iniciativa se concentra em reconhecer e ampliar a contribuição significativa que os indivíduos, organizações e grupos afrodescendentes oferecem para o avanço social, econômico e cultural das comunidades locais e globais. Além disso, a campanha serve como uma plataforma para aumentar a visibilidade e conscientização sobre questões específicas que afetam a comunidade negra, enquanto promove a doação, o voluntariado e o ativismo. Origens e história O Mês da Filantropia Negra foi criado para combater o histórico desequilíbrio nas representações e percepções da filantropia, destacando as contribuições muitas vezes esquecidas ou sub-representadas da comunidade negra nesse campo. A filantropia, que envolve doações financeiras, de tempo e recursos para causas nobres, sempre foi uma parte essencial da cultura negra, destinada a fortalecer a comunidade e promover a justiça social. No entanto, a narrativa predominante muitas vezes negligenciam essas contribuições. Transformando narrativas Um dos principais objetivos do Mês da Filantropia Negra é redefinir a narrativa em torno da filantropia, destacando histórias inspiradoras de generosidade, empreendedorismo social e mudança positiva lideradas por indivíduos negros. A campanha também promove a educação financeira e cívica nas comunidades negras, capacitando os indivíduos a tomar decisões informadas sobre doações e investimentos em causas que importam para eles. O mês serve como uma oportunidade para abordar questões críticas, como a desigualdade racial, a justiça criminal e o acesso equitativo à educação e serviços de saúde. Conheça 4 instituições que promovem a Equidade Racial: Fundo Agbara (@fundoagbara) Organização de impacto social que luta por dignidade humana, equidade racial e de gênero, promovendo acesso a direitos econômicos a mulheres negras de todo o Brasil. Fundo Baobá (@fundobaoba) Organização sem fins lucrativos que mobiliza pessoas e recursos, no Brasil e no exterior, para o apoio a projetos e ações pró-equidade racial para a população negra. Fundação Tide Setubal (@fundacaotide) Organização não governamental que fomenta iniciativas que promovam a justiça social e o desenvolvimento sustentável de periferias urbanas. Instituto Identidades do Brasil (@id_br) Organização pioneira no Brasil, comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial, que desenvolve ações para reduzir a desigualdade no mercado de trabalho. Celebração e legado O Mês da Filantropia Negra é importante para reconhecer e celebrar as contribuições significativas da comunidade negra para a filantropia e para a sociedade em geral. Essa celebração vai além do aspecto financeiro, abraçando a generosidade, o ativismo e a ação social como ferramentas poderosas para criar um mundo mais justo e equitativo. Durante o mês de agosto, uma série de eventos, workshops e iniciativas são realizados para envolver as comunidades em diálogos construtivos sobre filantropia e suas implicações. Esses eventos incentivam as doações, tanto monetárias quanto de tempo, para organizações e causas que beneficiam a comunidade negra. A campanha também tem a missão de enaltecer as histórias de indivíduos notáveis, empreendedores(as) sociais e líderes que dedicaram suas vidas a causas nobres e inspiram outros(as) tantos(as) a seguirem seu exemplo. À medida que mais pessoas se envolvem no diálogo e nas atividades do Mês da Filantropia Negra, a esperança é que a conscientização e o impacto positivo continuem a crescer, deixando um legado duradouro de solidariedade e mudança transformadora.
Uma mulher especial e livre
por Patrícia Villela Marino* O dia 7 de fevereiro de 2023 ficará marcado em minha memória e, tenho certeza, na de toda a equipe do Instituto Humanitas360 e da marca Tereza. Naquela terça-feira chuvosa, fomos ao Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista para abraçar uma mulher especial — e livre. Flávia Maria da Silva esteve presente em todas as fases do ecossistema de cooperativas de mulheres presas e em situação de vulnerabilidade que criamos. Sua inclinação para liderança se mostrou desde a primeira oficina realizada na Penitenciária Feminina II de Tremembé, em 2018. Presa ali em regime fechado desde 2012, Flávia tinha poucas esperanças no futuro. “Passei a pensar em desistir de viver, porque dentro do sistema prisional não existe reintegração social. Sem oportunidade de mudança, somos depositadas à lei da sobrevivência. Perdemos até mesmo nossas identidades, nos tornamos invisíveis”, ela nos contou em um depoimento. Por um erro cometido ainda na juventude, em circunstâncias sociais desfavoráveis, Flávia poderia ter se tornado mais um número na guerra às drogas ou para o encarceramento em massa, políticas sustentadas pelo Estado apesar de sua ineficácia e perniciosidade. Mas bastaram algumas mãos estendidas, aulas de corte e costura, horas de conversa e escuta — e a potência que havia ali desabrochou. Flávia tornou-se presidente da cooperativa formada em Tremembé, onde diversos produtos da marca Tereza nasceram. Na etiqueta deles, é possível ler a história dela e das muitas mulheres cujas vidas ajudou a transformar. É por essa razão que a progressão de pena de Flávia para o regime aberto foi celebrada: na sua trajetória vemos a materialização de que é possível a reintegração social de presas e presos, de egressas e egressos do sistema prisional, sobretudo quando a sociedade civil se faz presente. Recomeços A sua saída marca, antes de tudo, uma entre várias etapas na jornada de reintegração. A orientação jurídica e o suporte psicossocial que recebe da equipe H360 semanalmente foram e são fundamentais, bem como seu engajamento nas cooperativas e na marca Tereza. No ano passado, ela também passou a estudar Direito na Universidade Zumbi dos Palmares, cujas aulas frequentou presencialmente mesmo em regime semiaberto. Ter pessoas que escutam e orientam, oportunidades de realização profissional e geração de renda, a chance de estudar: vejam como, para ser bem-sucedida, a ressocialização precisa ser multifatorial. Tenho orgulho de fazer parte dessa história e de ter presenciado mais esta vitória de Flávia. Com alegria e esperança, lembro de seu depoimento: “Hoje, posso falar de inclusão social e combate à criminalidade com propriedade, porque sou um resultado impactante dentro de uma sociedade ainda com tantos preconceitos. Encontrei pessoas como as da equipe do H360, que me acolheram e me abraçaram como um ser humano, independente do meu erro, me dando a oportunidade de me transformarem em uma mulher empreendedora, na empresária que sou.” *Presidente do Instituto Humanitas360. Conheça o Humanitas360