Dignidade menstrual para todas

Dignidade menstrual para todas

por Herself

Desde 2021, as temáticas da pobreza e da dignidade menstrual estão em alta no Brasil. Expressões como dignidade, saúde e educação menstrual têm

alcançado um número maior de pessoas. Apesar do lado dos cuidados menstruais por parte da iniciativa pública ainda estar dando os seus primeiros passos ao redor do mundo, o universo do “menstrual care” já é um mercado robusto, com previsão de crescimento em 50 bilhões de dólares até 2025, segundo relatório da Frost & Sullivan.

Projeto “Revolucione Seu Ciclo” já impactou mais de 2 mil internas de unidades prisionais no Brasil / Créditos: Iolanda Candido e Pablo Andres

Diferente do que se pode imaginar, esse ramo é alimentado não só por empresas que desenvolvem protetores menstruais, mas também por Femtechs (startups que se dedicam a desenvolver produtos e serviços que utilizam tecnologia para ajudar em questões de saúde da mulher), por vezes, aliadas a visões de impacto social.

É o caso da Herself Educacional, empresa criadora do “Revolucione Seu Ciclo”. O projeto, que busca levar educação menstrual e ensinar mulheres internas de unidades prisionais a produzirem bioabsorventes, teve início em 2019, no Rio Grande do Sul, e hoje já impactou mais de 2 mil mulheres no Ceará, Minas Gerais e Rondônia. A produção dos absorventes ecológicos já somam 3,8 toneladas de resíduos evitados.

A iniciativa se tornou uma referência nacional em 2022, considerada um dos oito

melhores projetos de trabalho prisional pelo Departamento Penitenciário

Nacional (DEPEN). De acordo com as fundadoras da Herself, os maiores propósitos deste trabalho estão na ressocialização das apenadas e na perspectiva futura de fonte de renda com o aprendizado de um novo ofício.

“Entendemos que não há desenvolvimento sustentável sem a promoção da

Dignidade Menstrual, considerando os diferentes desafios envolvidos”, explica Raíssa Kist, CEO e co-fundadora Herself Educacional.

A empreendedora ainda afirma que o trabalho de ressignificar a menstruação também implica em potencializar as pessoas, melhorar a autoestima e a confiança em si.

“Também queremos levar a possibilidade de oferecer para a sociedade uma importante solução fabricada dentro dos institutos penais, garantindo uma valorização das pessoas que atuam na confecção”, comenta Raíssa, que também é co criadora e CEO da Herself, empresa pioneira no Brasil na produção de calcinhas e moda praia absorventes. A marca também é parceira e atua no Revolucione Seu Ciclo ao fornecer sua tecnologia para produção dos bioabsorventes.

Juntas, as femtechs, que são empresas irmãs, desenvolvem produtos e serviços de impacto social e já evitaram que 20,3 toneladas de lixo fossem gerados no planeta.

Ressocialização além das grades

O projeto oferece dignidade e esperança para as futuras egressas

Segundo dados do levantamento World Female Imprisonment List, hoje o Brasil tem a terceira maior população feminina em privação de liberdade do mundo. São cerca de 42.694 mulheres e meninas presas em regime provisório ou condenadas. Desse total, de acordo com Ministério da Justiça e Segurança Pública, 62% são de mulheres negras.

Já uma pesquisa realizada pela Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas mostrou que 45% dos egressos do sistema prisional apresentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho. O estigma social dificulta as perspectivas de futuro dessas mulheres, tornando o empreendedorismo feminino uma alternativa para se criarem novas histórias.

Para Raíssa Kist, a iniciativa promove impacto positivo na vida da mulher que está em situação de cárcere privado. “Através do ‘Revolucione Seu Ciclo’, compartilhamos uma nova perspectiva de saúde, promovendo acesso à tecnologia, à inovação e à informação do nosso próprio corpo. Isso para nós é dignidade menstrual. Além disso, levamos uma visão de futuro, de esperança por dias melhores, de trabalho e renda através desse produto para as internas. Nós acreditamos que os bioabsorventes possam ser uma forma de sustento para todas as pessoas que têm a oportunidade de participar do projeto”, conclui a empreendedora social.

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