19 mar Salvem as águas do planeta Terra
No Dia Mundial da Água, somos lembrados anualmente da importância vital desse recurso para a vida em nosso planeta. Em 2024, enquanto o mundo enfrenta desafios significativos em relação ao acesso à água potável e ao saneamento básico, nosso país testemunha alguns avanços, mas também sofre com esse cenário crucial.
Segundo os dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE, o Brasil ainda tem o equivalente a 49 milhões de pessoas sem acesso a saneamento básico e 4,8 milhões de pessoas sem água encanada, apesar do crescimento desses serviços nas últimas décadas.
E sabemos que esses dados podem se tornar mais alarmantes quando fazemos um recorte regional. De acordo com o Censo 2022, o Sudeste possui a maior proporção de moradores com banheiro e sanitário em casa (99,8%), enquanto o Norte conta com o menor índice (90,5%).
Por isso, entender e aplicar o conceito de ESG Decolonial é fundamental para mitigar essa desigualdade e assegurar um desenvolvimento sustentável justo e inclusivo. O método combina tecnologia, o legado dos movimentos sociais e as métricas da ciência climática para a construção de estratégias de impacto mais eficazes.
“O ESG Decolonial considera todos os envolvidos no desenvolvimento de projetos e iniciativas. Movimentos sociais, ambientalistas, empresários e investidores sentam na mesma mesa. O moralismo não gera engajamento para nenhuma causa”, defende Iara Vicente, CEO da Nossa Terra Firme.
O clima é de urgência
As mudanças climáticas acrescentam uma camada adicional de complexidade à gestão dos recursos hídricos. Fenômenos climáticos extremos, como secas prolongadas e inundações intensas, tornam-se mais frequentes e severos, exacerbando as pressões sobre os sistemas de água e saneamento.
Diante desse cenário, é imperativo que adotemos medidas regenerativas e mais sustentáveis para proteger nossas fontes de água e fortalecer a resiliência de nossas comunidades, principalmente aquelas vulneráveis, como as das favelas, as indígenas e as de populações ribeirinhas da região amazônica.
“Os rios estão sofrendo com a nossa ganância há séculos. Os efeitos negativos desse descaso irão chegar para todos nós, mas nas comunidades indígenas já é uma realidade”, explica Ricardo Anderáos, diretor executivo do PDR Fundo Filantrópico, ao comentar sobre o projeto, que leva tecnologia para purificar a água dos mananciais de comunidades ribeirinhas, em parceria com a Água Camelo.
Inspirando para transformar
Enfrentar todos esses desafios relacionados à água requer mais do que simplesmente manter o status quo. É necessário adotar abordagens inclusivas e colaborativas para garantir a preservação dos recursos hídricos para as gerações futuras.
Um exemplo inspirador disso foi o evento “O Futuro da Água Hoje”, realizado pelo CIVI-CO no último dia 13 de março. No encontro, líderes empresariais, acadêmicos, ambientalistas e sociedade civil se reuniram para discutir soluções inovadoras e estratégias de ação para enfrentar os desafios hídricos do Brasil e do mundo.
Durante o evento, foram debatidas diversas pautas, como o uso de tecnologias avançadas para monitoramento e conservação de recursos hídricos, a implementação de políticas de reuso de água e a promoção da educação ambiental para aumentar a conscientização sobre a importância dos recursos hídricos.
O Brasil está comprometido com a agenda dos ODS e tem buscado cumprir suas metas, promovendo políticas e programas voltados para a melhoria do acesso à água e ao saneamento, bem como para a proteção de seus recursos hídricos. O poder público deve se responsabilizar pelas ações estruturais, mas todos e todas nós podemos colaborar.
“Para salvar o planeta, não é necessário fazer uma mudança radical. Podemos começar com atitudes e trocas simples na nossa rotina, como diminuir o uso do plástico no dia a dia, por exemplo, mas isso deve se tornar um hábito”, incentiva Heloisa Schurmann, velejadora e líder da Voz dos Oceanos, durante sua palestra.
À medida que avançamos, é fundamental que continuemos a promover o diálogo e a colaboração entre os diversos setores da sociedade para enfrentar os desafios relacionados à água de maneira integrada e sustentável. Somente assim poderemos garantir um futuro onde a água seja um recurso abundante e acessível para todos, hoje e para as gerações vindouras.