Biocentrismo e soluções descentralizadas

Biocentrismo e soluções descentralizadas

Os biólogos Gilbert, Sapp e Tauber afirmam que “nunca fomos indivíduos” e que na verdade “somos todos líquens”. Utilizar essa premissa  é uma proposta de alertar sobre os perigos do pensamento individualista e antropocêntrico e como isso tem nos prejudicado e destruído o planeta.

Durante séculos achamos que nós éramos o centro do universo até sermos contestados e descobrirmos que somos apenas uma partícula de um universo complexo muito maior. As recentes fotos da Nasa comprovam isso. 

Foto: Reprodução NASA

Foto: Reprodução NASA

Porém, no campo das filosofias e do conhecimento ainda colocamos no centro métodos “antropocêntricos” e homogêneos, que têm se mostrado cada vez menos eficazes para achar soluções para os problemas do nosso planeta.  

Quando falamos de sustentabilidade não é só sobre conservar  paisagens, plantas e animais, é o entendimento de que devemos cuidar dos ciclos de vida aos quais nós, seres humanos, também pertencemos. Não se trata de manter a natureza intocada, mas da interação do humano com outros seres. 

O centro 

É neste lugar de insegurança e medo que o biocentrismo ganha força. Uma prática histórica de aprendizado e consagração comunitária, segundo a qual todas as formas de vida são igualmente importantes, onde a humanidade não é  o centro da existência.

O biocentrismo foi proposto como um antônimo ao antropocentrismo, pois rompe com propostas de crescimento desordenado e progressivo, matriz epistêmica do capitalismo e do consumo. 

Essa necessidade urgente de encontrar soluções práticas e possíveis traz para o centro conhecimentos ancestrais que existem há milênios e que haviam sido negligenciados pelo nosso modelo de desenvolvimento voltado para o método convencional tecnológico. 

Os povos indígenas e originários sempre apresentaram um modo de vida no qual podemos tirar diversas lições. A principal delas é que todos nós fazemos parte de um único sistema vivo, somos parte de um todo e não algo isolado.   

Utilizando do ponto filosófico e ético este é o terceiro momento de busca de referências para nossa existência. Passamos pelo teocentrismo, a presença de Deus orientando o mundo e os valores morais da sociedade. No antropocentrismo, a humanidade alterava a sua cultura e colocava os seres humanos em primeiro lugar. 

O problema principal é que o modelo antropocêntrico não só se mostra insustentável como também está centrado tanto na exploração da natureza quanto na do ser humano, principalmente os que se encontram em vulnerabilidade social.

Uma nova Era 

Diferentemente de modelos antigos baseados em preceitos colonizadores, o chamado “Novo Constitucionalismo Latino-Americano”, que despontou no Equador (em 2008) e na Bolívia (em 2010), expressou em conceitos como “bem viver” ou “direitos da Pachamama” a potencialidade das propostas que surgiram, fundamentalmente, a partir dos movimentos indígenas.

Esse novo modelo projeta uma releitura de toda a construção do conhecimento com caráter enraizado nas visões de mundo, apontando que é fundamental perguntar ao mundo indígena e aos seus conhecedores uma solução que seja descolonizadora

No Brasil, mesmo que em passos lentos, estamos construindo pequenas células de pensamento biocentrista. Aqui na Comunidade CIVI-CO temos o Hub de Bioeconomia, onde pensamos em construir um modelo de desenvolvimento sustentável junto com povos originários.

Conheça o nosso Hub Bioeconomia e faça parte desse movimento de soluções sustentáveis.  

Esses mesmos movimentos mostram que a própria existência humana como proposta política oferece ao mundo uma inspiração para uma alternativa que supere o capitalismo como uma imposição econômica e civilizacional.