Moda Circular: saiba como se engajar

Moda Circular: saiba como se engajar

Por Marina Lins*

Uma vez que a moda tem um impacto cada vez mais negativo ao planeta, medidas para a circularidade buscam frear os efeitos da crise climática que estamos vivendo. Moda circular é uma prática da economia circular, que pensa o desenvolvimento de produtos num ciclo de vida mais durável, regenerativo e sustentável.

Segundo o instituto internacional Ellen Macarthur Foundation, referência no assunto, a moda circular passa pela eliminação do desperdício e poluição; a circularidade de produtos e materiais; e a regeneração dos solos.

Economia circular na moda

Se numa perspectiva linear e tradicional os processos se baseiam em extração, produção, consumo e descarte, a economia circular busca produzir de forma integrada com nossos ecossistemas. Produtos são projetados para serem reciclados e continuar num ciclo de uso, conforme a imagem abaixo.

Ainda, é necessário diferenciar a economia circular da reciclagem. Enquanto o processo de reciclar faz gestão dos resíduos no final do processo produtivo, na economia circular isso é pensado desde o princípio. Ou seja, ao desenvolver um produto, é necessário considerar a durabilidade, sua reinserção de volta ao solo ou num novo produto.

5 formas de praticar 

1. Pesquise sobre tecidos que façam sentido para sua realidade. Faça compras conscientes e necessárias. Do ponto de vista dos tecidos, dê preferência a materiais de qualidade e peças confortáveis de acordo com o clima da sua cidade.

2. Dê preferência às peças usadas. Sempre que puder, dê uma chance para as peças de brechó. Lá você pode garimpar roupas e acessórios exclusivos e com muito estilo.

3. Prolongue o uso das suas roupas. Afinal, foi um longo caminho para ela chegar até você. Nada de descartar suas roupas sem usá-las ao máximo, certo?

4. Quando uma roupa chegar ao fim da vida útil, busque as marcas para entender quais soluções elas têm. Por exemplo, aqui na Herself, onde temos um programa de logística reversa!

5. Fique atenta à lavagem verde, já que a moda circular exige dados e transparência

Mas e os brechós?
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Legenda: Peças das coleções da “Remexe”, cooperativa de moda sustentável. Fotos: Remexe Favelinha/Divulgação

Os brechós possuem um protagonismo na discussão sobre a moda circular. Segundo o Sebrae, de 2020 para 2021, o mercado de segunda mão cresceu 48,5%. Quando as roupas usadas estão circulando, seu tempo de vida útil é estendido. Da mesma forma, o upcycling também é uma prática mais sustentável. A partir de roupas usadas são feitos novos produtos.

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Legenda: Peças das coleções da “Remexe”, cooperativa de moda sustentável. Fotos: Remexe Favelinha/Divulgação

Embora essas técnicas estejam se popularizando com marcas de grife, essa inteligência coletiva está presente há anos na periferia brasileira. Como é o caso da “Remexe”, cooperativa de moda sustentável do Centro Cultural Lá da Favelinha, que cria a partir de resíduos têxteis.

Dessa forma, as práticas se encaixam não só no design para durabilidade, como também na diversidade, por promover renda a pessoas de diferentes etnias e contextos sociais.

Mas, então, todo brechó faz parte da moda circular? Em alguma medida, alguns possuem produtos circulares. No entanto, nem todo o brechó opera nessa lógica. Práticas como upcycling, melhor uso dos tecidos, reciclagem e sustentabilidade social também devem ser levados em consideração.

E não se esqueça: a economia circular é complexa. E, o poder público e privado também são responsáveis por essa transformação. Afinal, como consumidores, não está em nossas mãos agir rumo a uma mudança sozinhos. Consumir de quem está comprometido com essas ações pode fazer a diferença!

*Diretora de criação na Herself.