Futuro do trabalho: fim da escravização nas plataformas

Futuro do trabalho: fim da escravização nas plataformas

Por Rogério Nogueira*

Vivemos a era digital, período em que a tecnologia transformou e promete seguir transformando a vida da maior parte da população do planeta de maneira incontornável. E o que não faltam são considerações positivas e negativas sobre as inúmeras dimensões desse fenômeno que já remodelou a sociedade de maneira permanente.

Mas a pergunta que fica é: o que nos aguarda no futuro?

No Livro Homo Deus, Yuval Noah Harari profetiza sobre a nova revolução social pautada pelo que chamou de revolução algorítmica, um desdobramento propiciado pela disrupção digital, na qual a própria tecnologia assume uma dimensão divina, enquanto os humanos passam a ser considerados meros instrumentos das dinâmicas produtivas.

Algo que já se deu durante a revolução industrial, tão apropriadamente ilustrada no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin em 1936, época em que a população mundial era ¼ do tamanho da atual.

Na era digital, em que a virtualização das relações é transversal, vemos o surgimento da economia de plataforma, que transformou o modo como negociamos produtos e serviços e, hoje, representa fonte de renda para 32 milhões de pessoas no Brasil.

Com muito investimento de Venture Capitals e seguindo uma cartilha de crescimento a qualquer custo, fortemente amparada por práticas monopolistas, essa nova fronteira da economia foi capturada por grandes empresas, que atuam como grandes intermediários e, como tais, exercem seu poder para impor regras e taxas a seus usuários e, consequentemente, ao mercado como um todo..

Economia dos “bicos”

Viabilizada pela economia de plataforma, a chamada gig economyou economia dos “bicos”, se caracteriza por ecossistemas digitais voltados aos profissionais autônomos. Os mais notórios, por sua popularidade e presença no dia a dia de milhões de pessoas, são os aplicativos de entrega e transporte, que estão moldando as relações do futuro do trabalho.

Estes aplicativos encontraram terreno fértil para crescer de forma desregulada em um cenário de abundante disponibilidade de mão de obra em função da crise econômica e da precarização das relações de trabalho.

Além da má remuneração e de uma série de desrespeitos que fragilizam a correlação de força entre plataformas de delivery e trabalhadores, estes profissionais vivenciam apenas o ônus da falta de vínculo formal com estas empresas, pois a ditadura algorítmica tem minado um dos pilares fundamentais do pleno e livre exercício do trabalhador independente: sua autonomia para definir quando e como quer prestar seu serviço.

Alternativas de impacto positivo

O modelo que atualmente rege o mercado de plataformas é insaciável, pois almeja monopólio e concentração de poder a qualquer custo. Por isso é imperativo o fortalecimento de alternativas pensadas sob o prisma do impacto social positivo, que apoiem pequenos negócios, combatam a crescente precarização das relações de trabalho e, principalmente, ajudem a combater a desigualdade social.

Já disponível para download em São Paulo, o AppJusto é um negócio que coloca lucro e preocupação social em pé de igualdade. Somos uma plataforma de código fonte livre concebida coletivamente, cuja missão é promover relações mais justas e fomentar esse equilíbrio no setor. Com modelo de negócio alinhado aos ODS 8 e 10 da ONU, o AppJusto soma forças com todos os envolvidos, ao operar um sistema que oferece autonomia, transparência e ganhos justos.

Ao praticar taxas mais justas, impulsionamos um ciclo virtuoso no qual restaurantes conseguem cobrar menos dos consumidores, que economizam enquanto remuneram mais e de forma sustentável (sem cupons ou promoções) os entregadores. Um negócio em que cada pedido ajuda, de fato, na consolidação de um modelo voltado à construção de uma sociedade mais justa.

Saiba mais sobre o AppJusto

*Sócio Fundador do AppJusto.