27 set ESG e desigualdade racial
A carne mais barata do mercado não será a carne negra. Esse é o grito de mais da metade da população brasileira, que por anos foram os responsáveis pela construção do país e quase nunca tiveram este valor reconhecido.
Urgência por diversidade
“Temos 56% de população negra no Brasil. Entretanto, se colocarmos esse percentual frente à promoção da diversidade racial nas empresas, veremos que seus quadros de funcionários demonstram sempre que o maior número populacional de negros não está refletido nos postos de trabalho, tanto nas empresas nacionais quanto nas subsidiárias de multinacionais que atuam no país”, explicou Selma Moreira, diretora executiva do Fundo Baobá, uma das organizações que integra o Pacto de Promoção da Equidade Racial.
Futuro
“Em minha opinião, este projeto do Pacto de Promoção da Equidade Racial é um divisor de águas da questão racial no Brasil. O IEER (Índice ESG de Equidade Racial) é um instrumento que permite uma mudança há muito reivindicada no mundo econômico”, opinou Hélio Santos, Presidente do Conselho da OXFAM Brasil.
O que é o IEER?
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IEER_N1 = reflete a condição de equidade racial atual da empresa, atribuindo maior peso à participação de negros em cargos de liderança.
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IEER_N2 = considera a adoção de ações afirmativas, que contemplem o recrutamento, permanência e promoção de profissionais negros, garantindo uma mudança cultural sistêmica nas empresas.
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IEER_N3 = considera, além da adoção de ações afirmativas, os investimentos sociais voltados à equidade racial, dando preferência a organizações com lideranças negras já atuantes e fomentando a criação de novas organizações negras.
O Índice pode ser melhorado com a adoção de ações afirmativas e o compromisso de realizar investimentos em equidade racial dentro dos parâmetros do programa descritos neste documento.
O Instituto Ethos constatou através do “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas” que a representatividade de negros e pardos ainda é muito pequena.
O levantamento mostra que apenas 6,3% dos negros e pardos estão em cargos de gerência, só 4,7% conquistaram uma vaga executiva e apenas 4,9% estão no conselho administrativo. A representatividade só aumenta em cargos de base, chegando a 35,7% no quadro geral de funcionários.
Primeiros passos
Buscando reverter essa situação, podemos citar grandes empresas como a Magazine Luiza, que recentemente lançou o programa Trainee 2021 exclusivo para negros. A Bayer, que efetivou a contratação de estagiários e analistas juniores, também vai realizar uma seleção de trainee para contratar pessoas negras.
A Unilever é outro exemplo de empresa que abriu um programa de trainee para negros. Já a Ambev decidiu tirar a exigência de fluência em inglês para tentar deixar o acesso mais igualitário.
A telefonia TIM participou do Movimento Afro Presença e ingressou com a proposta de treinar universitários para que tenham acesso ao mercado de trabalho.
A economista e supervisora técnica do Dieese na Bahia, Ana Georgina Dias, destaca a relevância dessas iniciativas:
“É extremamente importante esse tipo de ação, sobretudo quando parte de redes grandes, que ditam tendência. Teve polêmica, mas em geral a ação foi muito bem recebida pela sociedade e as empresas que têm as grandes como farol acabam replicando”.