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Conseguimos e não paramos por aqui

Por Adriana Barbosa* É sempre muito gratificante contar a minha história e a da Feira Preta e ao longo de todo esse tempo, são mais de 20 anos, vejo que não consigo – e nem quero! –  dissociá-las. A Feira cresceu, chegou em lugares inimagináveis, contou a história de milhares de afroempreendedores, inclusive a minha, ano após ano. Se tornou algo muito além do que eu imaginei, se tornou uma cadeia especializada, potente e acima de tudo, humanizada, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Devo dizer, que assim como ela, a Adriana, que começou na pura sevirologia, lá atrás, com tantas inseguranças, mas com muita sagacidade e uma vontade enorme de mudar a rota, cresceu também. Me desafiei, celebrei, chorei e fiz parte de muitas realizações, por causa do meu propósito e pelo meu propósito. A Feira nasceu por um incômodo, pela falta de oportunidades e pela falta de um olhar para a população preta como produtora de conhecimento, de criatividade, de soluções que fazem a diferença. E tem sido uma jornada incrível, ainda que com as adversidades, pautar o quanto somos gigantes e estamos na linha de frente quando o assunto é inovar, ainda que seja difícil para muitos enxergar a nós, pessoas pretas, neste papel. Estamos constantemente nos reinventando, na escassez e na bonança.  Inclusive, ressalto, que essa inovação não é de hoje, é algo que permeia nossa existência como povo. Nesta jornada que é empreender, contei com inúmeros pares, parceiros, amigos e familiares. Resgato a minha parceira Deise, que esteve comigo, quando a Feira era ainda um sonho; a minha bisavó, avó e mãe que são as minhas referências de liderança, de mulher empreendedora, que sempre tinham um plano nas mangas, disruptivas desde sempre. Enquanto ancestral em vida, me sinto honrada em carregar esses ensinamentos e passá-los adiante para milhares de pessoas, começando pelos os meus, porque eu sei, que, mesmo que indiretamente, o impacto da Feira reverbera em outros lugares. Sinal de que a semente da reflexão sobre os nossos corpos, foi plantada e está germinando O simbolismo que a Feira Preta exerce é isso, para além da inventividade e criatividade da negritude, nas mais diversas áreas, é a importância do coletivo, da rede de apoio e no papel que ele exerce em nossas construções diárias, nas vitórias coletivas. Eu sou a representação dos meus ancestrais, já a Feira Preta é uma pequena África, de braços abertos para acolher aqueles que têm o DNA da criação e do empreender, que se esbarra na sobrevivência por muitas vezes, mas que se estrutura no alto potencial de ser um líder, no empreendedorismo e na vida. Não era a intenção, mas vejo, que essas palavras podem ser uma carta aberta para aquela jovem menina mulher dos anos 2000 que eu fui. Assim, finalizo dizendo: “Conseguimos e não paramos por aqui”. *Idealizadora da Feira Preta e CEO da PretaHub.

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