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Produção local de alimentos pode garantir vida mais saudável nas grandes cidades

Por Instituto Escolhas

O que têm em comum as cidades de São Paulo, Recife e Curitiba? A resposta é alarmante: mais da metade dos seus habitantes vive com pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT), como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias. Essas capitais também registram baixo índice de consumo diário de alimentos saudáveis, enquanto os alimentos ultraprocessados estão cada vez mais presentes na rotina dos seus habitantes. 

Considerando esses fatos, o policy brief ”Promoção da saúde e a produção de alimentos nas cidades”, lançado em abril de 2024, defende que a produção de alimentos nas cidades deve compor o rol de estratégias públicas para frear a atual tendência de adoecimento por DCNT e promover a saúde da população.

Fruto de uma parceria entre o Instituto Escolhas e a Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis – vinculada a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), a publicação traça um panorama da saúde e do consumo alimentar das populações de seis capitais – Rio de Janeiro, Belém, Distrito Federal, além das outras citadas acima.

Agricultura familiar de produtos orgânicos.  Por: Amanda Caroline da Silva

Os dados do policy brief mostram que entre 63% e 68% da população das capitais brasileiras não consome frutas, legumes e verduras regularmente – isto é, cinco ou mais dias da semana. O percentual de pessoas vivendo nas capitais que não atingem o consumo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – 400g/dia/pessoa – é ainda mais alto: de 78%, segundo a Vigitel.

“Esse baixo consumo está, muitas vezes, vinculado ao preço dos alimentos in natura, especialmente nos segmentos sociais em situação de vulnerabilidade econômica. A produção de alimentos nas áreas urbanas tem um enorme potencial para atacar essa questão, colaborando para a redução dos custos de transporte e comercialização”, explica Jaqueline Ferreira, gerente de portfólio do Escolhas. 

Para além do preço, moradores de áreas periféricas também enfrentam a baixa presença de estabelecimentos que vendem produtos in natura, enquanto predominam aqueles que vendem produtos ultraprocessados nesses territórios. O impacto disso na saúde é inevitável.

”Para podermos reverter esse cenário, além de estratégias de educação alimentar e nutricional, que podem ajudar as pessoas a fazer melhores escolhas alimentares, é fundamental que os alimentos in natura sejam produzidos e disponibilidades nas cidades, perto das pessoas, melhorando as possibilidades de acesso físico e financeiro a esses alimentos”, destaca Nadine Marques, pesquisadora da Cátedra Josué de Castro.

Recomendações

O policy brief chama a atenção para a responsabilidade da gestão pública, a quem cabe não apenas fomentar a produção de alimentos nas cidades, mas também implementar ações para que tais alimentos cheguem aos consumidores, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica. 

Hortas urbanas sob linhas da Copel em Curitiba. Por: Valdenir Daniel Cavalheiro/Copel

Um exemplo é a cessão de áreas ociosas, como lotes vazios e áreas sob linhas de transmissão, para coletivos de agricultores e associações. Outra recomendação trazida pela publicação é a aquisição de alimentos da agricultura urbana via compras públicas institucionais, em especial para equipamentos de segurança alimentar, como restaurantes populares e cozinhas solidárias.

“A produção de alimentos pode transformar as cidades de forma radical, melhorando a qualidade de vida nos espaços urbanos. Mas, para isso acontecer, a gestão pública, em seus diferentes níveis, precisa se comprometer com essa agenda e reconhecer sua importância dentre as estratégias de promoção da saúde e combate à fome”, completa a gerente do Escolhas.

Leia o policy brief na íntegra

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