Política só existe com diversidade

Política só existe com diversidade

“Em um país onde mais de 50% da população é negra, deveria ser natural que a maioria dos candidatos não fossem brancos, mas quando isso acontece aqui no Brasil vira um fenômeno”, alerta Simone Eduardo, coordenadora da plataforma “Acolhe” e pesquisadora na Universidade Zumbi.

 

O segundo evento “Diálogo CIVI-CO” foi uma aula social e histórica sobre a representatividade nas eleições no Brasil. A chamada “democracia racial” foi exposta e discutida pelos presentes que apresentaram diversos fatores explicando a falta de diversidade na política brasileira.

A conversa entre os membros da Comunidade CIVI-CO e os convidados, Giovanni Harvey (diretor-executivo do Fundo Baobá) e Simone Eduardo (pesquisadora na Universidade Zumbi dos Palmares), apontou para questões estruturais que afetam a falta de representação racial e de gênero na política brasileira.

Essa discussão surgiu em um momento importante, pois essa foi a primeira vez que o número de pedidos de registro de candidatos negros junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) superou o de candidatos brancos, de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o TSE, foram registradas 14.015 candidaturas negras (49,57%) e 13.814 brancas (48,86%) para as eleições gerais deste ano. Entre os negros, são 3.936 pretos (13,92%) e 10.079 pardos (35,65%).

Novos rumos

Ainda segundo os dados de registro de candidaturas do TSE, este ano tivemos um aumento no número de mulheres que se candidataram. A porcentagem é a maior em 2022 na comparação com 2018 e com 2014.

  • Número de mulheres candidatas:

2014 = 8.139

2018 = 9.221

2022 = 9.353

  • Percentual da participação de candidatas mulheres nas últimas eleições gerais:

2014 = 30,99%

2018 = 31,6%

2022 = 33,27%

Candidatas pretas

O número de candidatas autodeclaradas pretas também cresceu em comparação a 2018 e 2014, ano em que a autodeclaração racial foi instituída.

  • Candidatas que se autodeclararam pretas:

2014 = 835

2018 = 1.238

2022 = 1.696

Nesta eleição, 18,13% das candidaturas femininas serão de mulheres autodeclaradas pretas e 0,88%, de mulheres autodeclaradas indígenas.

Candidatas indígenas

O maior aumento aconteceu entre candidatas indígenas. Comparado às eleições de 2018, o número de candidatas indígenas cresceu 67,35%, passando de 49 para 82. Já em relação a 2014, o número atual é quase o triplo: a alta foi de 182,76% (foram 29 naquele ano).

Fortalecendo campanhas 

Existe, sim, uma grande importância desses números. Porém, por si só, eles não asseguram uma maior diversidade na política. É preciso pensar onde estão distribuídos esses candidatos e candidatas, como são realizadas essas campanhas e qual a visibilidade que eles e elas têm dentro de partidos e legendas.

Por exemplo, a cada 100 candidatos eleitos, menos de 3 são mulheres negras. Pensando nisso, diversas campanhas de apoio estão sendo realizadas para fortalecer candidaturas de representantes minorizados, como:

  • #VoteNelas – apoia e ajuda a divulgar candidaturas de mulheres negras.
  • #BancadaIndigena – com uma proposta de “aldear” o congresso a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), apresentou 30 candidaturas de todas as regiões do País.
  • #VoteLGBT– busca aumentar a representatividade e criar uma rede de apoio para candidaturas de pessoas LGBTI+.
  • #VotoEmPreto –  iniciativa da sociedade civil, que tem o apoio do CIVI-CO, destinada a potenciar as candidaturas de afro-brasileiros nas eleições de 2022. Apoie o movimento!

 

Faça parte da mudança

A trilha de eventos “Diálogos CIVI-CO” promove o debate de diversas pautas sobre as Eleições de 2022 . Os encontros são realizados pelo CIVI-CO, em parceria com o Coletivo Pinheiros, e têm objetivo de fomentar o engajamento cidadão.

Junte-se a nós nesta luta democrática para aumentar a diversidade na política brasileira, transformando o nosso país em uma nação justa e igualitária.