Manifesto CIVI-CO pela Equidade de Gênero

Manifesto CIVI-CO pela Equidade de Gênero

O texto a seguir é baseado em discurso proferido no Dia Internacional da Mulher durante evento sediado no CIVI-CO.

“Neste Dia Internacional da Mulher, lembro que refletir sobre as nossas potências é uma imensidão, enquanto falar de nossos desafios por vezes configura uma crueldade. Mas esta imensidão e esta crueldade nos convocam a tomar posição.

Mães foram, são e podem ser empreendedoras, empresárias e executivas sem jamais deixarem de ser cidadãs que, com grau variado de sucesso, acessam às políticas públicas. Por esse motivo, hoje peço que mulheres sigam empoderando mulheres. Apoiem aquelas excluídas do mercado de trabalho, atarefadas que estão no cuidado com os filhos e filhas e com a casa.

Apoiem também as mulheres alijadas de direitos, que foram violadas nas suas garantias fundamentais ou que sofreram qualquer forma de abuso. O Estado as reconhece apenas na criminalidade, nunca na condição de cidadãs.

É ao lado destas mulheres que trabalho, para mostrar que a privação de liberdade não deve impedir o espírito empreendedor que reside nelas. A liberdade que mulheres presas e egressas constroem dia após dia projeta mudanças de paradigma, assentando as bases de uma nova realidade.

O preconceito existe e continuará existindo, o que nos obriga à luta para transformar a sociedade naquilo que ela tem de racista, classista e machista. A boa notícia é que temos as armas para isso: a toda hora e a todo minuto, usamos de nossa capacidade de superação para conquistar o nosso espaço. Não podemos, e nem queremos, regredir.

Por se tratar de uma luta coletiva, é preciso que mulheres como nós, dotadas de privilégios, reconheçam a diversidade entre as que cerram fileiras conosco. Reconhecer as diferenças e trabalhar com complementaridade é o único caminho para sobrevivermos – juntas – na adversidade.

Desigual, o sistema político, corporativo e jurídico coloca diante de nós obstáculos que só podem ser superados através da transformação social, que passa pela defesa da igualdade racial e dos direitos humanos. É nestes termos que exalto nossa feminilidade, construída num processo em que a empatia e a altivez cívica não cedem espaço para a complacência.”

*Advogada, Cofundadora do CIVI-CO e Presidente do Instituto Humanitas360.