Diversidade brasileira na COP26

Diversidade brasileira na COP26

Diferentemente do governo brasileiro, que teve atuação discreta na COP26, os representantes do terceiro setor e das causas socioambientais brasileiras foram destaque no evento sediado em Glasgow, Escócia. Entre as ações nacionais, podemos destacar a indicação do Instituto Favela da Paz, a carta do movimento negro e, pela primeira vez, a representatividade  indígena. 

Construindo um futuro melhor 

A COP26 escolheu as construções mais sustentáveis do mundo. Para isso, levou em conta as soluções aplicadas aos edifícios que podem ajudar o planeta a combater as mudanças climáticas.

Quando falamos em tecnologia sustentável, sempre imaginamos construções faraônicas, localizadas em Dubai ou em algum lugar da Europa. Porém, uma das construções mais sustentáveis do planeta, está bem e aqui no Brasil, em uma comunidade periférica.  

Localizado no Jardim Nakamura, em São Paulo, o  Instituto Favela da Paz foi o responsável pela construção vertical que gera energia renovável, produz alimentos orgânicos  e sistemas de captação de água da chuva.

O Instituto Favela da Paz, também instalou o primeiro micro gerador de energia solar dentro da favela, que fornece água quente para quem não tinha como pagar o chuveiro elétrico ou a gás.

O empreendimento social é fruto de uma rede de empreendedores sociais, formada por músicos, articuladores culturais e moradores do bairro do Jardim Ângela. A iniciativa desenvolve projetos focados em transformar a realidade social de pessoas que residem em comunidades de São Paulo.

Representatividade Ambiental 

No dia 5  de novembro, o movimento negro brasileiro lançou  a carta “Para controle do aquecimento do planeta— desmatamento zero: titular as terras quilombolas é desmatamento zero”, na COP26

Na carta , mais de 200 organizações defendem uma incidência direta contra o racismo ambiental, pela redução do aquecimento do planeta, desmatamento zero nas florestas da Amazônia, cerrado, Mata Atlântica e caatinga brasileira e em defesa da titulação das terras e dos territórios quilombolas, também como estratégias pelo desmatamento zero.

O Brasil indígena e a COP26

Indígena e única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26), Txai Suruí expôs o avanço da mudança climática na Amazônia.

Frente a líderes mundiais como o premiê britânico, Boris Johnson, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, Suruí cobrou a  inclusao de indígenas nas decisões da cúpula do clima e lembrou o assassinato do amigo Ai Uru-Eu-Wau-Wau, que lutava contra extração ilegal de madeira na Floresta Amazônica.

Nascida dos Povos Suruí em Rondônia, Walelasoetxeige Suruí (ou Txai Suruí) tem 24 anos e é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas por lutar contra o desmatamento na Amazônia.

“A gente está em 2021 e eu sou a primeira indígena e brasileira a falar na abertura da COP? Isso não está certo. A gente está muito atrasado. A gente precisa que cada vez mais os povos indígenas, os povos da floresta estejam nesses espaços. Não só falando, mas decidindo mesmo.”,   desabafou Txai Suruí. 

Brasil, o que muda 

Jair Bolsonaro não compareceu à COP26, diferentemente do que ocorreu em encontros anteriores, ainda que desta vez o governo tenha afirmado ter mais “ambições” nas metas climáticas. 

Em  um discurso gravado e transmitido durante um painel na cúpula do clima , o presidente assumiu o compromisso de zerar o desmatamento até 2028 e diminuir em até 50% as emissões de gases até 2030.

 Jair Bolsonaro também assinou um acordo sobre proteção de florestas que prevê o financiamento a povos indígenas para a proteção de suas terras e um compromisso de reduzir em 30% suas emissões de metano.

 Carta Final 

A versão final do documento de conclusão da Conferência  foi negociada por representantes dos quase 200 países presentes. A ideia é que os países apresentem revisões daqui a um ano, na COP27. Não ficou explícito se essa será uma exigência anual.

Em geral, a carta traz avanços pontuais, mas não apresenta uma receita ou um conjunto de práticas para atingir as metas necessárias e frear o aumento da temperatura do planeta até 2100, de preferência não ultrapassando 1,5ºC, conforme o Acordo de Paris. Lembrando que a temperatura da Terra já subiu 1,1ºC  desde a era pré-industrial.

O texto da carta também pede aos países que apresentem promessas melhoradas no próximo ano para combater as mudanças climáticas, mas não confirma se isso  será um requisito anual. É possível que essa decisão fique para a COP27, que vai acontecer daqui a um ano no Egito.