Recentemente, algumas grandes lideranças de big techs geraram polêmica ao afirmar publicamente que as organizações “precisam voltar a ter mais energia masculina”. Esse tipo de declaração não só soa antiquada, como também desconsidera os inúmeros estudos que mostram a relevância da diversidade de gênero no ambiente corporativo.
As estatísticas comprovam que a presença feminina é essencial para o sucesso das organizações e uma visão mais equilibrada pode ser um grande diferencial para os negócios.
Primeiro, vamos tentar entender o que significa essa tal de “energia masculina”. Em um sentido mais genérico, o termo é frequentemente associado a características como competitividade, assertividade, racionalidade e foco no resultado imediato. No entanto, esse conceito é reducionista, pois simplifica a complexidade dos comportamentos humanos e ignora as muitas qualidades que mulheres e homens podem trazer ao ambiente de trabalho.
Esse tipo de pensamento também desconsidera a crescente valorização das competências emocionais e sociais nos negócios. Em um mundo corporativo cada vez mais voltado para a inovação, o trabalho em equipe e a sustentabilidade, a ideia de que apenas um tipo de “energia” é necessária soa não apenas desatualizada, mas também um obstáculo ao crescimento saudável das organizações.
Diversidade como motor da inovação
Estudos apontam que a diversidade de gênero nas organizações traz benefícios claros, tanto para a performance financeira quanto para a inovação. De acordo com um relatório da McKinsey & Company, empresas no quartil superior de diversidade de gênero têm 25% mais chances de ter lucratividade acima da média do que aquelas no quartil inferior.
Além disso, organizações com maior diversidade de gênero são 33% mais propensas a ter desempenho superior no que se refere à inovação. Esses dados comprovam que, longe de ser uma “necessidade de energia masculina”, as empresas realmente se beneficiam de um equilíbrio entre diferentes perspectivas.
Mulheres, assim como os homens, oferecem soluções criativas para problemas complexos, pensam fora da caixa e ajudam a formar equipes mais inclusivas, onde todos se sentem valorizados e motivados a contribuir. Quando mulheres ocupam cargos de liderança, a tomada de decisão se torna mais equilibrada e a probabilidade de inovar aumenta, pois diferentes experiências de vida proporcionam visões variadas e mais abrangentes.
Desafios da liderança feminina
Embora a presença feminina nas organizações seja crucial para o crescimento, ainda existe uma desigualdade de gênero nos cargos mais altos. Segundo o relatório Global Gender Gap da World Economic Forum, a participação feminina em cargos de liderança ainda é significativamente menor do que a masculina. No setor de tecnologia, essa disparidade é ainda mais evidente, com as mulheres ocupando apenas 25% dos cargos de tecnologia, de acordo com um estudo da Deloitte.
No entanto, quando as mulheres chegam a posições de liderança, os resultados são animadores. Líderes femininas tendem a ser mais colaborativas, focadas no longo prazo e mais abertas ao diálogo e à inclusão. Isso cria um ambiente de trabalho mais saudável, onde a troca de ideias é valorizada e o engajamento dos funcionários é maior.
Mulheres líderes também são mais dispostas a impulsionar iniciativas de responsabilidade social e ambiental, fatores cada vez mais relevantes para a sustentabilidade e reputação das organizações de sucesso no cenário atual.
O que as organizações ganham com mais mulheres nos times?
- Melhor desempenho financeiro: empresas que promovem a diversidade de gênero têm um desempenho financeiro superior. Um estudo da PwC mostrou que essas empresas têm resultados 21% melhores em comparação com aquelas que não adotam políticas inclusivas.
- Inovação: a presença de mulheres em cargos de liderança contribui para uma maior diversidade de ideias, o que estimula a inovação e a criação de soluções mais criativas e eficazes.
- Decisões mais equilibradas: mulheres tendem a ser mais colaborativas e focadas no longo prazo, ajudando a criar um ambiente corporativo mais inclusivo e harmonioso.
- Aumento do engajamento dos funcionários: a liderança feminina costuma ser mais empática e inclusiva, o que resulta em uma equipe mais engajada e motivada para atingir os objetivos da empresa.
- Responsabilidade social e sustentabilidade: mulheres em posições de liderança têm maior propensão a adotar práticas empresariais socialmente responsáveis, promovendo ações voltadas para a sustentabilidade e o bem-estar social.
É tempo de avanços
Dizer que uma organização precisa de “mais energia masculina” é ignorar o enorme potencial que a diversidade de gênero oferece. Em vez de adotar uma abordagem retrógrada e baseada em estereótipos antiquados, as grandes empresas devem abrir espaço para uma liderança mais inclusiva e representativa.
O futuro das organizações está na combinação de diferentes habilidades, experiências e perspectivas — um equilíbrio entre os diversos “tipos de energias” que, juntas, podem criar ambientes corporativos mais inovadores, produtivos e sustentáveis.
Por isso, as empresas precisam repensar sua cultura organizacional e seus processos de contratação, promovendo a equidade de gênero e garantindo que as mulheres tenham mais oportunidades de alcançar posições de liderança. Afinal, a verdadeira força das organizações vem de suas pessoas, e não de uma suposta superioridade de gênero que, na verdade, só limita o potencial humano.